Creio que as pessoas ficaram meio nostálgicas com a morte do orkut (e esse palpite acaba de datar meu texto em pelo menos cinco semanas). Tanto que apareceram novamente correntes com listas de “dez alguma coisa” sobre temas diversos. Vi várias nos últimos tempos (quase tantas quanto aquelas “que fulano de qualquer tipo você é”) e acabei convidado pelo BURP para fazer uma também, só que uma que vem bem a calhar: os dez jogos que marcaram minha vida como RPGista ™.
A princípio acreditei que não teria tantos jogos pra listar. Mas, quando você puxa pela memória, eles aparecem. Para ser coerente, vou listar por ordem em que cada um dos jogos aconteceram pra mim ao invés de preferência ou o quanto gostei de cada um. Pensando bem, eu teria alguns outros além destes dez para listar… vamos lá?
AD&D (ou quase): o primeiro contato que tive com RPG “de verdade” foi através de uma revista que comprei em bancas. E não foi a Dragão Brasil! Na verdade, eu ainda estava procurando descobrir como se jogava RPG (não havia internet naquele tempo) então sempre que achava qualquer coisa sobre o jogo, acabava tentando comprar. Foi assim que adquiri a revista RPG Cultura Saga, da editora Escala. Nas páginas centrais havia a aventura “O Desafio dos Sete” para AD&D. Como nunca tive o AD&D em si, tampouco entendia o que eram as regras da matéria, adaptei tudo para aquilo que eu considerava como sendo RPG, o Hero Quest.
Hero Quest: pois é, no fim das contas não era bem um RPG. Consegui comprar uma caixa de Hero Quest em promoção de uma loja de variedades que estava fechando as portas por culpa das lojas de 1,99 que viraram febre naquele ano. Pagamos R$36,00, quase metade do meu salário na época. E jogamos até os dados gastarem e os símbolos desaparecerem. Foi procurando novas aventuras para Hero Quest que cheguei até a Dragão Brasil, e através dela que conheci o próximo jogo dessa história.
GURPS: eu vi um módulo básico de GURPS a venda na época na cidade vizinha, mas o custo era alto demais pra gente comprar. Então acabamos deixando de lado até sair a versão “econômica” do sistema: o MiniGURPS. Mas ele era um tanto quanto restrito e a temática abordada não me interessava. Joguei praticamente nada dele por um motivo.
3D&T “Manual Vermelho”: “você não acabou de comprar um jogo?” me disseram quando pedi dinheiro emprestado pra comprar a Dragão Brasil especial com 3D&T de brinde. Este foi (e ainda é, de certa forma) meu jogo favorito. Com 3D&T vermelho joguei campanhas steampunk, medievais, futuristas e algumas muito absurdas, tão malucas que nem sei classificar aqui. Destruir planetas, voar, pilotar robôs gigantes, rolar tantos dados que escapavam entre os dedos, o 3D&T vermelhinho não tinha limites! De longe é o RPG que mais joguei.
Daemon: o meu passado black metal me garantiu o módulo básico do sistema Daemon de presente, e com ele jogamos algumas aventuras envolvendo anjos e demônios. Aliado a isto, participei do fórum da Daemon e também criei alguma coisa pro sistema na época. Só não joguei mais porque não tinha os dados, nem conseguia encontrar em lugar nenhum. Quando penso como é fácil hoje em dia até acho engraçado, mas 1d10 era algo lendário pra mim em 1999.
Vampiro, a Máscara: na época em que os sites kit.net começaram a surgir, encontramos um mítico grupo de RPGistas na cidade de Blumenau. Mítico, porque até então achava que estava sozinho no universo. Tratava-se da C.O.R.T.E., um grupo de jogo infinitamente mais competente que o nosso e que organizavam um Live Action de Vampiro, a Máscara. Lives eram meu sonho de consumo e foi na lojinha deles que consegui meu exemplar de Vampiro e os meus primeiros dados multifacetados (com eles joguei algumas partidas de D&D 3.x também).
3D&T “Turbinado”: coloquei em tópicos separados por que esse de certa forma não é o mesmo 3D&T que eu jogava quando era moleque, nem teve a mesma função nessa história. O manual Turbinado (ou o Manual Azul) colocou a FA/FD no jogo, tornando-se na minha opinião o melhor sistema para PBEM que eu conheci. Com ele, joguei uma campanha que durou oito anos, acumulando toneladas de texto que estou tentando organizar até hoje. Foi esse 3D&T que me levou a escrever pros blogs que me trouxeram até aqui.
D&D 4E: eu trabalho desde moleque. Com a grana que ganhava no início da década passada eu mal consegui pagar minha faculdade. Por isso, nunca tive condições de comprar os livros de D&D 3.X. Restava ficar folheando as Dragão Brasil mesmo, curtindo as imagens e as resenhas do sistema. Por isso, quando a 4E foi anunciada, um Marlon Teske já formado anunciou que, enfim, poderia comprar seu primeiro Dungeons and Dragons. Infelizmente aconteceu o que aconteceu, a linha não avançou e acabei comprando apenas o Livro do Jogador de lembrança. Mal joguei. =\
3D&T Alpha: a nova encarnação do sistema que tenho orgulho de ter adotado pra chamar (um pouco) de meu. Isso é algo que aquele Armageddon da década de 90 jamais suspeitaria. Praticamente toda a versão Alpha passou por mim antes de chegar pra vocês, o que me enche de felicidade e de orgulho. Atualmente é o único jogo que mestro por uma série de motivos. Já falei que gosto dele? Pois é. Esse é o principal.
Fiasco: o único narrativo da minha lista. Conhecia Fiasco de uma matéria que saiu no RPGista há um tempão, e fiquei feliz ao saber que ele seria lançado no país. Joguei uma partida com ele junto com o Nume Finório, e comprei meu volume no mesmo dia. Acho muito legal o sistema porque pra mim ele entra no mesmo “nicho” de alguns boardgames, em que posso juntar uma turma que nunca ouviu falar de RPG e sair jogando sem muita dificuldade.
E são estes. Tem outros que ainda são muito importantes pra mim hoje (como TRPG) ou que tenho certa nostalgia por motivos diversos (como o RPGQuest, o Migth Blade, o BESM ou o Old Dragon), mas posso deixar eles pra outro momento. E os próximos? A bola está com os outros colegas aqui do RPGista. Sintam-se indicados! =D
Vale a pena mencionar: o Leão Negro, que aparecia na revista Saga tem um site na internet até hoje. Visitem, é bem legal. ^^