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Detalhes: quando menos é mais

Cada personagem aí tem nome e sobrenome, e talvez isso não seja tão legal quanto pareça


Adoro os Reinos de Ferro, como muitos de vocês sabem, mas há uma coisa muito engraçada sobre minha relação com esse cenário: quanto mais fiquei sabendo sobre o cenário, menos me interessei em jogá-lo e mais interessado fiquei em ler sobre ele. E em se tratando de um cenário para RPG, onde o objetivo é se divertir enquanto se joga, este é um problema, porque os Reinos de Ferro é um cenário onde o papel dos jogadores é de serem personagens secundários em uma grande história. Por isto me interesso mais por Tormenta hoje em dia, depois de ter lido praticamente tudo que há para se ler sobre os Reinos de Ferro.
Para ilustrar melhor para vocês, vou fazer uma pequena comparação entre A Trilogia do Fogo das Bruxas e Contra Arsenal. Ambas possuem um enredo parecido: um tirano tentando conquistar as terras livres pelo poder militar ? mas as responsabilidades dos jogadores são completamente diferente em cada uma.
Em Contra Arsenal os personagens jogadores são parte de um esforço conjunto, mas assumem papéis centrais ? são eles que pegam as missões mais críticas do esforço de guerra, que pilotam a incrível máquina que vira a maré da batalha decisiva, que lutam contra o grande tirano no final da aventura e o derrotam! Na Trilogia do Fogo das Bruxas… bem, os personagens jogadores são como protagonistas de alguns capítulos de um livro de uma grande série de romances onde os personagens principais são outras pessoas. Quem comanda o exército que derrota a invasão do tirano é uma personagem do mestre, os jogadores até chegam a lutar com o tirano, mas não há a menor possibilidade de derrotá-lo e salvar o reino porque ele tem quinze níveis a mais que todo mundo.
O que eu quero dizer é que, quando vocês estiverem escolhendo um cenário para jogar, tenham em mente que, às vezes, menos é mais. Eu realmente gostaria que alguns detalhes simplesmente evaporassem do Guia do Mundo dos Reinos de Ferro, porque isto tornaria a criação de aventuras e personagens tão, tão mais legais. Um exemplo: em uma cidade dominada em Llael, um oficial khadorano é apaixonado por uma nobre llaenesa que secretamente ajuda a Resistência. Ambos tem nomes, histórico e mini-fichas descrevendo sua raça, classe, nível e tendência, o que é um saco porque isto desvia a mente dos jogadores de várias oportunidades. Quando você lê algo assim, acaba pensando em como participar daquela história em vez de vive-la, pensa em ser o sargento durão que tenta colocar a cabeça do capitão no lugar, ou o fiel e apaixonado servo da nobre que deve sujar as mãos com o trabalho da Resistência, mas dificilmente se lembra que pode ser o oficial khadorano apaixonado ou a lady da Resistência.
De novo, minha preferência para jogar acaba indo para Tormenta pela forma como o livro equivalente ao Guia do Mundo deste cenário, O Reinado, lida com os plots de aventuras: inserindo um gancho dentro de um texto descritivo e deixando grande parte do plot em aberto. O antigo rei de Zakharov foi influenciado por sszzasszitas para ofender os anões e por fim às boas relações com Doherimn? Ou isto é trabalho da corrupta Guilda dos Mineradores? Em qualquer dos casos, quem são seus líderes? Quais são seus objetivos? Você decide o que é melhor para sua campanha de acordo com seus jogadores, e não o que é melhor para seus jogadores de acordo com a história que alguma outra pessoa quer contar.
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