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O que você precisa para jogar RPG?

Um livro de regras, dados, papel, lápis, um grupo de amigos e imaginação. Normalmente esta é a resposta padrão quando você faz esta pergunta a um RPGista padrão. Dependendo do jogo, algum item da lista pode mudar, talvez cartas em vez de dados ou a impressão de algumas páginas de um PDF em vez de um livro. Mas o básico é isto aí mesmo.
Mas e quando você não tem este básico? Talvez durante aquela saída para a praia você encontre alguns velhos amigos e uma chuva estraga o fim de semana de todo mundo. Sem praia, videogame ou internet todos são tragados para uma mundo de tédio. Mas ei, eles lembram, não era você que vivia dizendo que um dia ia apresentar um jogo divertido para a turma no ensino médio? Você tem a chance de salvar o fim de semana e ainda amealhar alguns membros novos para seu grupo de jogo (talvez até um novo grupo de jogo)! Exceto que você esqueceu seu livro e dados ou não há papel ou lápis ou todos os itens anteriores. E aí, será que melou de vez o fim de semana?

Dando um jeitinho Brasileiro

A primeira medida é contabilizar os estragos. O que está faltando? Se apenas faltam os dados, ainda é possível resolver a situação relativamente fácil. No fim de vários livros de RPG, principalmente os nacionais publicados na década de noventa, há algumas folhas com simuladores de dados. É um processo realmente fácil de fazer. Basta escrever algumas vezes a seqüência dos números dos dados que você precisa em uma folha de forma desordenada (ou se você for mais esperto do que eu, de forma ordenadamente desordenada, usando fórmulas matemáticas ou o diabo a quatro). Então quando os jogadores precisarem rolar um dado, apenas fecham os olhos e colocam a ponta do lápis ou dedo sobre a folha, sendo o resultado do dado o número apontado.
Você também pode usar um caderno como dado. Basta desenhar os números nas bordas, o jogador folheia e para em uma página aleatória, e vocês usam o resultado marcado. Este sistema é usado nos livros-jogos da série Fighting Fantasy, e normalmente funciona bem. Só tome o cuidado: a tendência é que os jogadores vão escolher as folhas centrais na maioria das vezes. Então tenha certeza de manter os números nesta área bem aleatórios.
Sem os livros, a coisa fica levemente mais complicada, é muito difícil que você saiba as regras da maioria dos jogos de cabeça. Mas existem dois sistemas em publicação no Brasil hoje em dia que podem ser usados nestas situações: 3D&T Alpha e Fighting Fantasy.
O mais indicado, provavelmente, é o sistema de Fighting Fantasy. Com apenas três atributos e extremamente simples, é praticamente impossível não lembrar das regras de cabeça depois de ter jogado apenas um livro-jogo. O sistema simples funciona numa mesa de RPG, e precisa apenas de dados de seis lados, muito mais fáceis de encontrar nos cantos de sofás e debaixo de geladeiras que outros dados típicos dos jogos de RPG. Se não lembrar de alguma regra, apenas invente, seus amigos provavelmente não estão sendo exigentes com você (e se estão, você tem amigos muito chatos).
A coisa mais complicada, provavelmente, é quando faltam papel e caneta. Mas ei, não é o fim do mundo! Com um pouco do velho jeitinho Brasileiro dá para enrolar com o que estiver a volta. Que tal usar pedrinhas para marcar os atributos dos jogadores? Uma pedra pontiaguda pode significar um ponto em determinado atributo, enquanto aquelas pedras arredondadas indicam outro atributo. E se você usar biscoitos como marcadores de pontos de vida? Assim, o jogador recebe biscoitos quando tira pontos de vida dos monstros e adversários, e você recebe também quando seus NPCs tiram pontos de vida dos jogadores. Em vez de biscoitos também dá para usar pedaços de carne que sobraram do almoço ou qualquer outro aperitivo para deixar a coisa mais divertida.
Mas sem papel e lápis as dicas para resolver o problema dos dados ficam inúteis, então vamos pensar mais um pouco, será que realmente precisamos dos dados? Procure aí na sua casa de praia, tem um baralho comum, ou de truco? Que tal resolver os conflitos com partidas rápidas de pôquer? Ou usar o sistema de apostas em pontos do truco para resolução de combates?
Vamos pegar o exemplo do truco. Para resolver um combate os jogadores devem alcançar um número de pontos igual aos pontos de vida dos adversários, enquanto o mesmo é válido para os monstros. Um teste de perícia seria resolvido através de uma única rodada de truco e as apostas garantiriam resultados mais espetaculares para a ação. O pôquer usaria um esquema parecido, mas usando as fichas como pontos de vida, obviamente as fichas dos pontos de vida dos monstros e jogadores apenas sairiam do jogo quando perdidos em vez de irem para a mão do ganhador da aposta (ou você se arriscaria a combates de duas horas até o mestre ou os jogadores ficarem sem fichas).
Nessas horas o importante é ter imaginação e jogo de cintura para se usar o que se tem a mão. O Mikado, ganhador do concurso de criação de sistemas em 24 horas do .20, usa o jogo de pega-varetas para resolução de conflitos. Outros jogos indies fazem uso de outros recursos fora os dados.
Caso você realmente faça questão de ter números aleatórios como os fornecidos pelos dados, uma opção é usar uma calculadora e pedir aos jogadores para declararem um número, fazer a raiz quadrada deste número e usar os primeiros dígitos válidos de acordo com o dado. De vez em quando varie a operação matemática para que os jogadores mais espertos não comecem a falar números que eles sabem que darão altos resultados (ou apenas deixe isso acontecer, se quiser recompensar os jogadores pelo seu conhecimento matemático).
E por enquanto é isto. Se você tem mais alguma dica ou idéia, não deixe de compartilhar com o resto do pessoal pelos comentários, lembre-se que você pode vir a salvar o final de semana de alguém (ou a sessão de jogo, etc, etc).

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