O Reino de Diablo
O Rei Negro estava morto, assassinado pelas mãos de seus próprios sacerdotes e cavaleiros. O jovem príncipe Albretch continuava desaparecido, e os orgulhosos defensores de Khanduras já não eram mais. O povo de Tristam viu sua cidade sem vida e sentiu-se debilitado. Abatidos por sentimentos de alívio e ressentimento, logo se deram conta de que seus problemas não haviam terminado ainda. Estranhas e fantasmagóricas luzes surgiram nas escuras janelas do monastério. Criaturas disformes de pele escamosa saíram de dentro das sombras da igreja. Horríveis gritos de dor ficaram suspensos no ar, emanados das profundezas da terra. Era evidente que algo sobrenatural havia infestado o lugar antes sagrado…
Os viajantes dos caminhos que rodeavam Tristam foram atacados por ladrões encapuzados que agora pareciam cavalgar constantemente pela paisagem deserta. Muitos aldeões fugiram de Tristam, dirigindo-se a outras aldeias ou reinos, temendo um mal inominável que parecia esconder-se nas sombras que os rodeavam. Os poucos que ficaram raramente saiam de casa durante a noite e jamais pisavam no terreno do monastério maldito. Os rumores sussurrados de pobres e inocentes pessoas raptadas durante a noite por horríveis criaturas de pesadelo, percorriam as salas das tavernas locais. Sem rei, sem lei e sem exército que os defendesse, muitos dos aldeões começaram a temer um ataque das coisas que agora habitavam os subterrâneos de sua aldeia.
O Arcebispo Lázarus, machucado e desalinhado, voltou de sua ausência e assegurou aos aldeões que ele próprio havia sido atacado pelo crescente mal do monastério. Com a desesperada necessidade de segurança nublando seu bom juízo, os aldeões foram convertidos por Lázarus em uma massa frenética. Lembrando-os que o príncipe continuava desaparecido, convenceu muitos deles a descer até as profundezas do monastério em busca do menino. Reuniram tochas e logo a noite iluminou-se com a fraca luz da esperança. Armaram-se com paus, ferramentas e foices e assim preparados, seguiram cegamente ao traiçoeiro Arcebispo até a feroz entrada do inferno…
Os poucos que sobreviveram ao destino que os aguardava, voltaram a Tristam e contaram o que puderam de seu transe. Suas feridas eram terríveis e nem mesmo a habilidade do curandeiro foi suficiente para salvar alguns deles. À medida que as histórias de demônios se alastravam, um profundo terror primário começou a consumir os corações dos aldeões. Era um terror que nenhuma deles jamais havia conhecido…
Nas profundezas do labirinto que havia abaixo das pedras do monastério em ruínas, Diablo regozijava-se com o medo dos mortais que estavam sobre ele. Lentamente ele banhou-se nas acolhedoras trevas e começou a reunir seu imenso poder. Sorria para si mesmo na confortante escuridão, porque sabia que o momento de sua vitória final se aproximava rapidamente…