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Supers podem salvar o mundo?

Veja bem, meu caro jogador de Mutantes & Malfeitores, não estou falando de bater nos líderes daquela invasão de aliens feios pra cacete ou derrotar o Doutor Mequetrefe pela décima oitava vez essa semana. Trata-se de salvar o mundo mesmo. Fome, guerra, crime, desigualdade social, racismo e outras formas de preconceito. Para resolver estes problemas e salvar milhões de vidas, será que erguer cinquenta toneladas, teleportar-se ou ler mentes é de alguma ajuda?
Para começar é necessário dizer que sim, seus poderes podem ajudar mas, provavelmente não do jeito que normalmente você faria uso deles (leia-se: encher os vilões de porrada). Com um pouco de imaginação e bom senso, é possível dar um valor social a praticamente todo poder presente no jogo. Sua super-força pode ser muito bem aproveitada para ajudar em áreas de desastres naturais, e porque não usar seu poder de teleporte para levar comida de um lugar a outro do globo? Se os tomates produzidos no Brasil pudessem chegar fresquinhos a Ruanda, provavelmente não haveria tanto desperdício por aqui, onde toneladas de comida vão para o lixo todos os dias, nem tanta fome por lá. Ler mentes? Hora, imagine que espetacular agente anti-terrorismo você seria, descobrir qualquer plano do tio Osama seria muito mais fácil quando se pode entrar na mente dele.
Existem outras maneiras de um super tentar salvar o planeta sem usar seus poderes. Assim como com qualquer celebridade, ser um super-herói envolve uma quantidade enorme de atenção por parte da midía e da população em geral, e cada ação do herói tem um significado. Um herói com consciência social pode usar sua evidência para mostrar a sociedade qual o caminho a ser seguido com ações sociais como caridade e manifestações contra o racismo, homofobia e guerras. Aí chegamos no ponto mais importante: o herói como um fator político.
Até hoje só tive conhecimento de três personagens que fizeram uso da evidência adquirida em suas aventuras como super-heróis para fins políticos: Thor, no universo Ultimate da Marvel (aqui no Brasil conhecida como Millenium), cujo caratér forte se reflete em uma atuação política que pode levá-lo a ser presidente dos Estados Unidos (como mostra uma história do Quarteto Fantástico). Arqueiro Verde, vulgo Oliver Queen, personagem da DC que após anos de luta contra o crime agora é prefeito de Star City. E finalmente Grande Máquina, vulgo Mitchell Hundred, prefeito de Nova York em Ex-Machina. Esta última é a melhor série a misturar política e super-heróis.
O que ocorre é que a política é o único poder com a real capacidade de mudar o mundo. Por que você pode socar o vilão, mas não pode instituir programas de educação sexual nas escolas, e talvez você possa evitar aquela invasão de aliens, mas apenas o presidente pode pressionar o congresso pela aprovação da lei que garante direitos civis aos homossexuais. Assim, é possível jogar sessões densas, cheias de dilemas morais e discursos memoravéis e ações nobres ? e sem disparar um único raio laser dos olhos.

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