Ultimamente estou interessado no que os economistas chamam de “Teoria dos Jogos”.
Essa teoria não é a mesma que o site The Forge tem em suas páginas. Não é o tal modelo GNS (gamismo, narrativismo e simulacionismo), mas uma teoria que estuda a estratégia de interação usada por indivíduos em determinadas situações.
A teoria usa muita matemática para tentar determinar a chance de sucesso de um indivíduo quando isso depende da escolha de outras pessoas.
Tirando a parte da matemática, que eu realmente não conheço, a Teoria dos Jogos vem me interessando por propor algumas situações interessantes para o jogo de RPG.
Talvez você já tenha ouvido falar do “Dilema do Prisioneiro”, um dos jogos da teoria. Eu tive a oportunidade de usá-lo em jogo ao aprisionar o grupo de PCs.
O dilema diz o seguinte:
“Dois suspeitos, A e B, são presos pela polícia. A polícia tem provas insuficientes para os condenar, mas, separando os prisioneiros, oferece a ambos o mesmo acordo: se um dos prisioneiros, confessando, testemunhar contra o outro e esse outro permanecer em silêncio, o que confessou sai livre enquanto o cúmplice silencioso cumpre 10 anos de sentença. Se ambos ficarem em silêncio, a polícia só pode condená-los a 6 meses de cadeia cada um. Se ambos traírem o comparsa, cada um leva 5 anos de cadeia. Cada prisioneiro faz a sua decisão sem saber que decisão o outro vai tomar, e nenhum tem certeza da decisão do outro.”
A questão que o dilema propõe é: O que vai acontecer? Como cada prisioneiro vai reagir?”
Neste problema, como em muitos outros, supõe-se que cada jogador, de modo independente, desejará aumentar ao máximo a sua própria vantagem sem se importar com o resultado do outro jogador.
Essa é a tentação sobre o jogador.
Na minha mesa, um dos personagens deu com a língua nos dentes enquanto era interrogado e acabou ferrando o grupo inteiro (Hahahaha!).
Outro jogo muito interessante acontece o tempo inteiro, em qualquer mesa, e tem a ver com a divisão de um bolo (ou tesouro!).
Você chega em casa com um bolo. Não importa o que você faça um dos seus dois filhos sempre acha que recebe um pedaço menor que o outro. Como resolver a situação?
Para quem dar o anel mágico com bônus de Classe de Armadura?
Para o guerreiro que vai na frente de batalha? Ou para o mago, que não usa armadura?
A coisa mais legal é que o cerne da Teoria tem a ver com escolhas.
Você pode criar momentos tensos e marcantes com eles, bastando para isso fazer pequenos ajustes nos jogos.
O problema do pedaço de bolo trata de compartilhamento de recursos, então ainda pode ser ampliado:
“Existe um vale selvagem que guarda em si uma floresta ancestral, um rio caudaloso e algumas cavernas.
Os elfos desejam a floresta, por serem parte de sua terra natal. Os humanos desejam o controle do rio, para que o usem na irrigação de suas fazendas. E os Anões desejam as cavernas, ricas em minério de ferro.”
Vejo uma guerra aparecendo por aí…
E se o grupo de aventureiros fosse chamado para repartir esse bolo?
Até agora, li muito pouco a respeito, mas já vi que a quantidade de informação que os jogadores possuem sobre as decisões dos demais é importantíssima para que tomem suas próprias decisões.
Sabe quando você separa um dos jogadores dos demais (p.ex. para passar informações que só ele tem)?
Vou começar a fazer isso mais vezes.
Se você souber mais sobre a Teoria dos Jogos, e como podemos usá-la no RPG, diga nos comentários! Compartilhe esse recurso 🙂 !