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Falando de Encontros

Pois é, após falar sobre setores, eu achei que seria de bom tom entrar no mérito dos encontros.
O que são encontros?
Eu tenho o costume de distinguir eventos de RPG em 3 categorias: setores, encontros e eventos.
Encontros são pequenas reuniões de jogadores de RPG dentro de locais públicos, ou privados com autorização prévia. Geralmente acontecem com uma certa periodicidade. Aprendi, a duras penas, a encarar isso como um erro.
Falando de Encontros 1

Como exemplo de encontros podemos citar o RPG no Bobs, Domingo RPG, RPG na Praça, Trampolim da Aventura, RPG Livre, Encontros de Mistério e Horror RPG, RPG no Sesc, alguns projetos da Megacorp e muitos outros que eu devo ter esquecido, mas de igual importância.
Explicações dadas. Então vamos ao que interessa – pelo menos se você está aqui, é o que se espera.
O início de tudo
A minha história começa no meio de novembro de 2007. Recebi um e-mail do Rafael Svaldi, da editora Jambô, onde ele falava da possibilidade de rolarem encontros semanais dentro da loja da editora, com apoio da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. Gostei da idéia, eu precisava mesmo experimentar esse tipo de fardo. Maldito fardo…
Prontamente topei coordenar os encontros que aconteceriam todos os sábados na frente da editora. Nascia aí o RPG na Praça que teve sua inauguração no dia 15 de dezembro de 2007, com apoio do D3 System. O encontro chegou perto de 30 edições ou mais.
Eu preferia reviver o EPA – Encontro Porto Alegrense. Lembro que fiquei entusiasmado e bolei até um slogan divertido pro tal EPA. Acabou ficando como RPG na Praça, mesmo.
Eu nunca gostei desse nome. Aliás, o Rafael nunca gostou desse nome. Hey! Acho que ninguém gostou… Mas enfim.
A primeira edição foi um fracasso. Levamos mesas para praça que existe na frente da loja e montamos estandes simples para alguns expositores. Rolou até uma apresentação de artes marciais, videogames, e uma palestra com o Fabiano Silveira sobre RPG e Educação. Se 50 pessoas participaram eu me dou por satisfeito. Eu esperava 100, 200, ou mais!
Na época eu estava começando a engatinhar no mercado de eventos. Não que eu esteja longe disso, mas hoje acho que conheço melhor o mercado e as necessidades do público.
Revendo conceitos
Se a primeira edição foi um fracasso em termos de público, ela foi um sucesso em me alertar para o estudo de novos formatos e estratégias para atrair jogadores. No RPG na Praça, como eu já disse por aqui em um outro artigo, tivemos cobertura da Ulbra TV e isso foi um fator decisivo para a formulação das idéias que eu proponho, sobre gratuidade em eventos e sua contrapartida em apelo midiático.
Depois desse fracasso, que me frustrou profundamente, eu comecei a analisar o que poderia ser feito para reverter isso. Resolvemos manter o evento acontecendo somente no interior da loja. Eu devo ter faltado em 3 edições, no máximo 4. Muitas vezes não tinha nada pra fazer e organizar, mas lá estava, ia sempre no evento. Às vezes eu conversava com o pessoal que aparecia,  ouvia suas necessidades e vontades sobre eventos em geral. Isso teve enorme importância quando produzi o 4° Tchê RPG.
César o Grande!
Um dia conversando com o Rafael sobre a falta de público que o RPG na Praça enfrentava ele me falou: “eu acho que não devemos divulgar o RPG na Praça como mais uma edição do encontro, mas como A edição“.
Isso ficou matutando na minha cabeça durante dias, semanas.
Depois eu ouvi, em um de nossos bate-papos usuais, uma idéia oriunda daquelas máximas da publicidade que o Leonel Caldela costuma usar vez ou outra: “Não existe o César mais ou menos grande, existe César o Grande. Assim como não existe a espada mais ou menos mágica do Rei Arthur, existe a Excalibur”.
Juntei a frase do Rafael com a idéia do Leonel e bingo! Desisti do RPG na Praça.

Estranho?
É, parece mesmo. Mas eu acho que acertei na mosca.
Me explico: encontros de RPG são as coisas mais complicadas de atrair público que eu já enfrentei. E a lógica é bem simples.
Quando se faz um setor de RPG dentro de um evento de Anime, o público vai pro evento e pode acabar se interessando pelo setor. Se for atrativo, sedutor, bem organizado.
Se o jogador quer um evento de RPG ele vai procurar direto coisas grandes, que tenham autores, palestras, jogos, torneios, lançamentos e tudo o mais que se espera de um bom evento.
Se ele não tem o que fazer e o seu grupo não pode se reunir na casa de alguém pra jogar, no conforto de suas dungeons, ele pode pensar em comparecer em um encontro.
A Fórmula Mágica
Isso não existe. E se existe eu não sei, desculpe, mas se alguém souber eu agradeço! O caminho das pedras, nesse caso, é tortuoso e incerto. Vejo muita gente com dez vezes mais experiência que eu tendo problemas em atrair público para encontros de RPG.
O motivo me parece óbvio.
Quando um encontro tem periodicidade ele acaba caindo na mesmice, com o tempo. A não ser que o organizador só viva pra isso, ou consiga realizar todos os 12 trabalhos de Hércules. Ele perde o brilho, entendem? Se apaga.
A coisa mais inteligente que eu acho que já foi feita nesse segmento de encontros foi a proposta de um gerente da rede de lanchonetes Bobs, para a RedeRPG, em criar um dia para jogos dentro das lojas. Surgia então o RPG no Bobs. Não pensem que isso partiu da Rede, mas entendam que só vingou por esforços dessa equipe.
A verdade é que o RPG no Bob’s é uma estratégia comercial da rede nacional de lanchonetes que acaba por beneficiar os jogadores de RPG. Uma vez com poucos locais públicos para jogos a lanchonete cede espaço e, em troca, lucra com o provável consumo dos jogadores.
Como resolver?
Sinceramente eu não sei, pois se soubesse já teria posto em prática e resolvido o antigo problema do RPG na Praça. Eu acho que o que pode ser feito para atrair mais jogadores é existirem menos encontros, ou o mesmo número com um espaço maior de tempo entre uma edição e outra.
Acho que os encontros devem criar espectativa no público. Quando a periodicidade é muito próxima, o público pode pensar: – Ah, dia tal tem outro desses. Vou no próximo.
No fim das contas…
O que vale é a experiência. Pelo menos pra mim valeu bastante. Eu acho que aproveitei bem aquela época. Aprendi muito.
Se você sente necessidade de um encontro de RPG na sua cidade e precisa de algo prático e sem custo algum, crie o RPG no Habbibs, no McDonalds ou na lanchonete que se interessar da sua cidade.

Inclusive vou contar uma curiosidade: talvez eu tenha certa parcela de “culpa” pelo retorno do 3D&T. Acontece que na 16° edição do RPG na Praça, exatamente no dia 17 de maio de 2008, eu convidei a Armada Hogwarts para jogarem RPG na loja, como vocês podem conferir nesta cobertura exclusiva para o D3 System.
Esse dia levamos o pessoal para o pátio dos fundos da editora. Eu trabalhava na época com venda de poliedros de RPG e dei um kit de D6 para a Armada, junto com um 3D&T Fastplay e uma Dragão Brasil com uma matéria de capa sobre Harry Potter, assinada pelo gaúcho Fernando Lalo da exinta editora Mepaba, que publicou o sistema ESC.
Eu procurava atrair mais público pro encontro. Mas era difícil. Então, como sempre gostei do trabalho da Armada, mesmo não conhecendo o universo de Harry Potter, resolvi chamá-los. Atualmente eles alçaram vôo e produzem seus próprios encontros na Jambô, fico feliz por isso.
O Guilherme, naquele dia, estava no msn com o Cassaro e comentou da galera jogando 3D&T no pátio da editora. O Cassaro, em um lampejo, lançou a idéia de voltar com a linha. O resto da história vocês já sabem.
Obs: a Armada Hogwarts é um fã-clube de Harry Potter, que, inclusive, foi alvo de uma reportagem que eu fiz recentemente para o Jornal Já, de Porto Alegre.

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