RPGista Entrevista — JM Trevisan

Para preparar o terreno do lançamento do Tormenta 20, o Blog RPGista irá publicar uma série de entrevistas com os cinco autores desse que promete ser um marco da história do cenário e do próprio RPG no Brasil. E hoje, um dos mais conhecidos autores de RPG do país desde sempre: JM Trevisan!

A pergunta de um milhão de Tibares: quem é JM Trevisan?

Um cara que queria escrever quando era criança, começou a escrever quando era moleque e continua escrevendo depois de adulto.

Como foi o início da sua carreira como autor?

Comecei a criar ficção bem amadora aos 10 e aos 15 entrei em um curso de HQs. Em 94 me juntei com o Greg Tocchini e montei um fanzine chamado Zine Insano. Soube que o editor da Dragão Brasil frequentava a mesma loja de rpg que eu e ofereci nossos serviços como quadrinhistas. Ele topou. Depois disso publiquei O Paladino e a Ladra e passei para os materiais de RPG. E o Cassaro não conseguiu mais largar de mim. 🙂

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Você tem uma longa história na Dragão Brasil, como autor e agora editor. Olhando em retrospecto, pra você, quais foram os grandes momentos dessa jornada?

Alguns. Primeiro o momento em que meu pai me deu a chance de deixar de lado um “emprego normal” para ficar trabalhando de freelancer para a DB, que na época não pagava muito. Sem o apoio dele (e as condições que a classe média alta me dava) eu jamais teria conseguido. Muitas vezes a diferença entre alguém que se colocar no mercado e alguém que não consegue se colocar não é só “talento” ou “esforço”. Depois o momento em que assumi o posto de editor assistente, junto com o Rogerio Saladino. Ali eu soube que estava de fato construindo uma carreira. Depois, e mais importante, a criação de Tormenta.

O sucesso da retomada do projeto após tantos anos foi uma surpresa pra você?

Foi mais surpreendente a gente ter achado um meio de voltar e ter recuperado a paixão pelo projeto. Era algo que eu não me imaginava mais fazendo na vida. Principalmente como Editor. O sucesso… não sei se foi surpresa. As pessoas já pediam a volta da revista faz tempo. Lembravam com carinho. Acho que o sucesso já estava aí, esperando a gente se mexer 🙂

Além de RPG, você é conhecido por seus contos e quadrinhos. Você encara cada um desses projetos criativos de forma diferente? Qual deles é mais gratificante?

Não sei se são tão diferentes. Talvez agora sejam. Eu não sou muito de game design, mas em T20 tenho me envolvido bastante nos palpites quanto a regras. Contos tem sido uma dificuldade para mim pelo nível de concentração exigida, mas é algo que eu espero retomar um dia. E quadrinhos talvez seja o mais gratificante não por ser melhor, mas por ser mais simples num certo sentido. É sentar e contar a história, e é isso que eu sempre gostei.

Alguma dica pra quem quer escrever?

Escreva e leia. Não se ache a última bolachinha do pacote porque escreveu algo no seu blog ou wattpad e amigos disseram que é legal. Publicar de verdade é outro jogo. Procure influências fora da sua zona de conforto e, quando tiver um editor, confie e ouça as dicas dele. Ele provavelmente tem mais tempo de estrada que você e sabe do que está falando.

Soubemos que Ledd iria se passar em um novo cenário, mas acabou voltando pro universo de Tormenta. Como foi o processo de adaptar a história?

Zero. Nesse estágio estava tudo muito embrionário. Em algum momento, Ledd teria olhos de cores diferentes (muito antes de O Reinado. A ideia original de LEDD é de 98 se não me engano) e ele seria o único humano do mundo. Mas o que existia de história era bem fácil de mudar e tudo o que eu precisava já existia em Arton.

Além de Ledd que voltou recentemente do hiato, Arton tem dois outros projetos de quadrinhos em andamento: Khalifor e 20Deuses. Podemos esperar a conclusão destas histórias em breve?

Podemos esperar, mas não em breve. Só posso responder por Khalifor e a série terá continuação sim.

Muito do que existe hoje em Tormenta é baseado nas suas ideias. É estranho ver diversos autores dando uma roupagem nova, às vezes até mesmo antagônica ao que você imaginou lá no começo?

MUITO é um exagero da sua parte. Mas eu acho que faz parte do jogo. São muitas coisas, muitas ideias. Em certos momentos, se você não vai fazer, precisa abrir mão para alguém que faça. E nesse caso a visão dela deve ser considerada. Quando você faz um cenário a várias mãos e pretende que ele seja uma franquia grande e respeitada, precisa abrir mão de boa parte do preciosismo. É preciso ver o que funciona e o que é bom para o cenário, para a franquia, não só para o autor. E em alguns casos o melhor para tudo isso é uma visão antagônica.

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Tormenta 20: quais atualizações podemos esperar para o cenário? Vamos alcançar o que vimos no Flecha de Fogo e na Guilda do Macaco ou o salto será ainda maior?

Teremos um salto e alcançaremos a Guilda e Flecha, mas não posso dizer mais que isso.

Foi dito que Arton será maior com Tormenta 20. Teremos novas áreas para explorar? O quanto você pode adiantar pros fãs?

Eu, ali! Um macaco de três cabeças!

Momento Recado Final: algo a dizer aos fãs que te acompanham?

Obrigado por tudo! E nos vemos dia 10 de maio!

Nós que agradecemos a atenção, Trev! Em breve, os nossos próximos entrevistados dessa rodada histórica: Rogério Saladino e Marcelo Cassaro! =D

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