Esta semana ocorreu na Nerdz, em Porto Alegre, a Noite da Tormenta, um evento aberto ao público RPGista com a participação dos principais autores do cenário Tormenta: Guilherme Dei Svaldi, J.M. Trevisan, Karen Soarele, Leonel Caldela, Marcelo Cassaro e Rogério Saladino. Por mais de três horas os autores conversaram com os fãs, responderam a várias perguntas e autografaram toneladas de livros. Tinha dúvidas se conseguiria comparecer, mas consegui: estava lá no fundo, quietinho, apenas observando, tirando fotos e fazendo várias anotações (já explico o porquê). Foi uma longa e divertida conversa recheada de piadas e brincadeiras… e com algumas pequenas revelações sobre o que esperar de Tormenta daqui para frente!
Antes de qualquer coisa, gostaria de agradecer à Jambô Editora e a
Nerdz por propiciar essa oportunidade aos fãs de Tormenta. Eu, particularmente, interagi pouco com o pessoal, mais pela minha personalidade “bicho-do-mato” do que qualquer outra coisa, pois todos foram muito receptivos. O Leonel e o Guilherme já me eram velhos conhecidos, já havia tido a oportunidade de trocar uma ou duas palavras com o Trevisan, mas com os demais havia me relacionado no máximo através de e-mails e olhe lá, então foi bom pelo menos conhece-los. Mas mesmo que eu tenha me mantido quietinho no canto (como eu disse, minha personalidade “bicho-do-mato”), a alegria e empolgação dos demais fãs era palpável. Lembro que quando começaram as perguntas, o primeiro a falar foi um rapaz que estava pouco atrás de mim e deu para perceber claramente o quanto ele estava nervoso e feliz pela oportunidade de conversar com eles. Então novamente, obrigado Jambô Editora e Nerdz por propiciarem essa oportunidade, não apenas a mim, mas a todos os fãs porto-alegrenses.
Dito isso, vamos ao mais importante. Como eu disse, fiz várias anotações durante o evento, pois várias pequenas revelações foram feitas sobre o que esperar de Tormenta em 2019.
No site da Jambô Editora você pode ver o cronograma de lançamentos da editora para 2019. Se prestar atenção, contudo, vai perceber que com exceção das medalhas dos deuses, não há nenhum título de Tormenta na lista. E isso tem um motivo: este ano o cenário mais jogado do Brasil completa 20 anos e os autores e a editora estão preparando muita novidade para 2019. No máximo até abril (talvez ainda esse mês) a editora pretende revelar o que será a novidade de aniversário do cenário, qual será a comemoração – por isso fiquem atentos ao site e às redes de divulgação da editora para novidades. E fiquem atentos à hashtag #tormenta20 – essa será a hashtag oficial dos 20 anos de Tormenta.
Lembra do Guia da Trilogia? Um suplemento que apresentava a Trilogia Tormenta (O Inimigo do Mundo, O Crânio e o Corvo e O Terceiro Deus, todos escritos por Leonel Caldela) em regras para Tormenta RPG? Pois bem, A Flecha de Fogo, novo romance do Leonel, contará com um suplemento parecido. Parecido, mas também diferente. Segundo as informações, o tal suplemento (que ainda não tem título) será menos focado em regras e mais em cenário – mais algo como um suplemento sobre Lamnor do que uma adaptação de fichas e regras. O próprio Leonel admitiu já ter meia dúzia de rabiscos no celular, mas não há nada concreto. Embora esse suplemento esteja nos planos, não deve ser algo para breve.
Regras, aliás, não parecem ser o foco central dos próximos títulos de Tormenta. Ficou bem claro para mim que neste momento os autores estão muito mais preocupados com o que chamaram de lore do cenário do que com regras. Tormenta cresceu, se moveu, muita coisa aconteceu nestes últimos anos. Não é mais um cenário estático, mas um mundo vivo em constante mudança – heróis e vilões morreram, novos heróis e novos vilões surgiram, guerras foram travadas, coroas foram partidas… O suplemento O Reinado, um dos maiores suplementos a descrever Tormenta em termos de cenário e praticamente sem regras, está hoje muito ultrapassado – e isso não passou despercebido. Novidades nesse sentido devem surgir em breve.
Outra coisa que mencionada ao longo do evento foi uma sugestão de que Lucas Borne, autor do Manual do Arcano, Manual do Malandro e O Labirinto de Tapista, “poderia ou não” estar trabalhando em material relacionado a Doherimm, o reino dos anões. Não foram divulgadas informações mais detalhadas, mas eu esperaria por material sobre o reino subterrâneo em breve.
Quem acompanha a Dragão Brasil já deve ter ouvido falar sobre as “regras 2.0”, um conjunto de regras alternativas para TRPG sugeridas pelo Guilherme Svaldi. Quando tais regras foram mencionadas muitos dos autores parecerem… desconcertados. Pelas brincadeiras e sugestões, eu diria para os fãs ficarem espertos, pois regras alternativas ou uma atualização na mecânica de algumas regras pode estar se aproximando. Particularmente sou sempre resistente a mudança de regras; com relação àquelas que foram divulgadas até o momento, a maioria acho legal, exceto pela de Pontos de Magia para todas as classes. Já falei um pouco sobre isso na postagem sobre Império de Jade, mas a verdade é que não gostei muito das raças e classes 2.0 divulgadas na DB. Já as mudanças nas perícias e nas magias, achei ótimo. Mas é uma questão de opinião, talvez nem vire regra oficial, talvez acabe se tornando apenas uma regra variante. Teremos que esperar e ver o que vai acontecer… mas eu esperaria por algo em breve.
Algumas perguntas dos fãs geraram respostas evasivas. Quando perguntados se material sobre o Deserto da Perdição estava nos planos, a resposta foi apenas um Sim – seguido de risadas e brincadeiras, claro. Também houve perguntas relacionadas à tempestade rubra – se a Tormenta conseguiria se tornar um deus maior no cenário. Também gerou respostas evasivas. Baseado nessas respostas e em outros pequenos comentários ao longo da conversa, bem como algumas revelações rápidas e vagas na Dragão Brasil, somado à clara preocupação dos autores com o lore (a parte descritiva do cenário, sem regras) comecei a fazer algumas suposições.
Minha primeira suposição é de que em breve podemos ver publicado mais um velho suplemento prometido, mas nunca concluído: Além do Reinado. Não sei se este era um título oficial ou inventado por fãs, mas o fato é que um suplemento semelhante a O Reinado, mas descrevendo as regiões fora da coalizão de reinos fazia parte dos planos dos autores há muito tempo, mas acabou nunca saindo. Baseado em tudo o que ouvi naquela noite e tudo o que tenho lido (incluindo uma notícia na Gazeta do Reinado sobre aventureiros explorando a região norte de Arton), começo a ter esperanças de vê-lo publicado, ao lado de uma revisão d’O Reinado. Claro que hoje seria necessário que tais suplementos tivessem outros títulos: hoje a região civilizada de Arton é dividida em três coalizões – o Reinado, o Império de Tauron e a Liga Independente. Portanto, os nomes O Reinado e Além do Reinado perderiam sentido – Guia do Mundo (Civilizado e Selvagem, talvez?) ou Atlas Artoniano (volumes 1, 2, 3, etc.) são nomes que me agradariam mais.
Outra coisa que me deixou com a pulga atrás da orelha foram as respostas evasivas sobre a tempestade rubra. Desde o fim da Trilogia Tormenta, os lefeu, habitantes da Tormenta, têm permanecido quietos, sem se envolver nos grandes eventos que tem ocorrido em Arton. Essa característica do cenário deixou de ser explorada. Isso me deixou tão encucado que me incentivou a desenvolver na revista Beholder Cego uma série de aventuras focadas na tempestade rubra (aventuras essas que você pode acompanhar desde a BC#14). Porém, baseado em tudo o que ouvir e na reação dos autores, algo me diz que os lefeu não permanecerão quietos por muito tempo…
Quem teve o prazer de acompanhar as publicações mais recentes da Jambô Editora deve ter percebido que dois dos seus últimos lançamentos – Império de Jade e Reinos de Moreania – vieram totalmente em cores. Como editor-chefe da Jambô, Guilherme Svaldi deixou claro que novos títulos de peso com tal padrão de qualidade estão nos planos da editora, bem como títulos menores, mais enxutos, mais baratos e de acesso mais fácil aos fãs de menor poder aquisitivo. Me pergunto se está nos planos lançar o mesmo título em duas versões, uma mais simples, resumida e barata e outra mais completa e elegante. Não acho provável… mas quem sabe?
Em resumo, a Noite da Tormenta foi um evento divertido e cheio de novidades. Ficou claro que os autores não pretendem deixar os 20 anos de Tormenta passar em branco. Os fãs que gostam de Tormenta como cenário de fantasia mais do que como cenário de RPG (ou seja, gostam da parte descritiva) terão muitos motivos para ficar felizes, pois essa parece ser uma das partes mais em foco nas próximas publicações. Muita coisa está sendo desenvolvida e muita novidade interessante está por vir.
Arton cresce a cada instante nas mãos de seus autores e nada vai deter esse crescimento – nem mesmo tiro no peito! E que assim seja! Que Arton cresça, que novidades venham, que Tormenta seja reconhecido e invada todos os meios de entretenimento – quem sabe uma série ou filme num futuro distante? Porque não? Quem poderia imaginar que um anexo de 80 páginas lá na Dragão Brasil #50 viria a dar origem a quadrinhos, mangás, romances, jogo eletrônico…! De minha parte, torço para que um dia o J.M. Trevisan possa fazer seus “X” em uma lousa e que possamos todos um dia encontrar em uma lojinha uma caixa de bonecos piratas com o Wolverine, o Homem-Aranha, o Batman… e o Mestre Arsenal!
Vida longa à Tormenta!
Fiquem atentos ao site da Jambô Editora para novidades em breve e lembre-se de procurar pela hashtag #tormenta20.