“Por que Ficção Científica?
Já parou para pensar que existe um ramo todo da cultura humana, que se extende por literatura, cinema, teatro, televisão, poesia, música, e mais, que trata somente de coisas que não existem?
A fantasia existe, talvez, por que imaginar o impossível, o inexistente, o fantástico seja uma necessidade humana básica e dentro desse universo da fantasia nós delimitamos uma região especial e a chamamos de ficção científica.
De alguma forma todos sabemos o que é, sem precisarmos de uma definição, lendo, assistindo alguma coisa nós podemos dizer “isso é ficção científica”. Alguns de nós, amamos ficção científica desde que somos pequenos, e nunca nos cansamos dela.
Nós nos transformamos por ela.
A ficção científica é responsável por formar cientistas, engenheiros, programadores, pilotos, astronautas, que decidiram o curso de suas vidas na infância, entre páginas amareladas de um livro de capa mole, ou na frente de uma tv 14 polegadas, onde leram as aventuras de robôs confrontados pela sua programação inexorável. Ou assistiram naves espacias indo onde ninguém jamais esteve.
O que é capaz de atrair pessoas dessa forma? Tirá-las de suas vidas normais e mudar seu rumo para sempre? Por que esse gênero da ficção é tão envolvente, tão transformador, tão apaixonante?”
Prefácio para UED Você é a Resistência Beta 2
Escrevi esse texto falando do meu amor por ficção científica, a pedido do meu amigo Júlio Matos, para um dos primeiros RPGs nacionais de FC a ser editado aqui no Brasil depois do longo hiato desde Millenia. Com um revival do RPG Nacional, vários títulos de FC surgiram, além de UED, também tivemos Brigada Ligeira Estelar, Abismo Infinito, Space Dragon e títulos traduzidos, como 3:16 Carnificina nas Estrelas, Star Wars Fronteiras do Império, e em breve, o Compendium de FC de Savage Worlds.
Então para aquecer os motores, uma pequena lista de autores e seus melhores trabalhos para os iniciantes começarem a gostar de ler ficção científica?
Edgar Rice Burroughs: O Escritor de Tarzan inventou o gênero Espada e Planeta. Leia “Uma Princesa de Marte”, “Os Deuses de Marte” e “O Comandante de Marte”
Isaac Asimov: Leia Fundação. Depois leia um livro de contos curtos dele por que são melhores do que os romances. Se conseguir uma coletânea que tenha “A Última Pergunta”, “O Cair da Noite”, “Pequeno Robô Perdido”, “O Jeito Marciano” e “O Homem Bicentenário”, já conseguiu o melhor dele.
Arthur C. Clarke: Para quem gostou dos filmes, 2001 e 2010 valem a pena. Mas se não, leia o melhor dele: “As Fontes do Paraíso”, “O Fim da Infância” e “Encontro com Rama” (só o primeiro livro, sem continuações!).
Robert Anson Heinlein: É obrigatório ler Tropas Estelares (desconsidere o filme) e pelo menos mais um livro. Recomendo “Um Estranho em uma Terra Estranha”, “The Moon is a Harsh Mistress”, e “Friday”.
Frank Herbert: Duna é Obrigatório. As continuações e os livros escritos pelo Brian Herbert não são. Mas dá para gostar.
Joe Hadelman: Tropas Estelares foi escrito por um veterano da segunda guerra. “A Guerra Eterna” foi escrita por um veterano do Vietnã. Tratamento bem diferente do mesmo tema.
John Scalzi: Quem seguiu a lista até aqui e leu os dois clássicos da FC Militar, tem que ler o melhor escritor de FC Militar moderna. “A guerra é para os Velhos” e continuações são muito boas. Leia também “Redshirts” quem gosta ou detesta Star Trek. Imperdível e muito engraçado.
Douglas Adams: O Guia do Mochileiro da Galáxia é a palavra final em FC de humor. O primeiro livro é o melhor, a qualidade dos outros varia.
Larry Niven: “The Mote in Gods Eye” e “Gripping Hand” são a melhor história de primeiro contato com uma raça alienígena já escrita. A série de histórias do Know Space também é fantástica, com destaque para RingWorld. “Footfall” (A invasão?) também merece leitura como a melhor história de resistência a uma invasão alienígena plausível. Quem prestar atenção vai ver que Footfall saiu como um filme de holywood bem chinfrim: Independence Day.
Orson Scott Card: “O Jogo do Exterminador” é um clássico, e ele escreveu somente como uma prequel da obra que ele considera sua melhor: “Orador dos Mortos”. Fora esses dois e “Xenocídio” o resto da obra dele é dispensável.
Vernor Vinge: “A Fire Upon the Deep” e a prequel “A Deepness in the Sky” são excelentes.
David Brin: “Startide Rising” (Maré Alta Estelar) é uma aventura empolgante, que começa jogando o leitor no meio da ação em uma nave terrestre (pilotada por golfinhos!) sendo perseguida pelas forças combinadas de raças alienígenas dispostas a escravizar a Terra. Tem uma adaptação para Gurps!
Andy Weir: Se assistiu “Perdido em Marte” no cinema, tenha uma certeza, o livro é melhor. Curiosidade: Andy Weir também escreveu um suplemento de Gurps para seu Webcomic sobre cientistas malucos e viagem no tempo.