Na página 13 de O Panteão, um dos livros contidos na caixa O Mundo de Arton, existe o talento Habilidades Linguísticas. Este talento permite lançar a magia idiomas à vontade, mas com algumas restrições, para servos de Tanna-Toh ela só funciona com idiomas de povos civilizados (que tenham desenvolvido uma escrita do seu idioma) e para servos de Valkaria ela só funciona para idiomas humanos… O que é estranho, já que além do valkar só existe o lalkar, uma língua morta, como outro idioma falado pelos humanos em Arton… certo?
Eh, mais ou menos. Na página 31 do módulo básico é dito que “[…]ainda assim, muitos povos têm sua própria língua, e nos ermos mais longínquos você pode encontrar tribos humanoides que não falam o valkar[…]”, significando que o uso do valkar é uma abstração para facilitar a comunicação entre diferentes personagens na mesa de jogo. Do ponto de vista do game designer, faz todo o sentido adotar essa solução e diminuir a dor de cabeça para que os jogadores poderem comunicar-se livremente. Do ponto de vista de mestres e jogadores mais preocupados com a verossimilhança do cenário, no entanto, os diferentes idiomas podem trazer um sabor todo especial para o jogo. Felizmente, a existência de um idioma comum utilizado para facilitar o comércio internacional não é um impedimento para a existência de idiomas nacionais, como provam nossas experiências no mundo real. Por isto, tudo o que nós precisamos pensar é sobre que outros idiomas existem em Arton e que países os utilizam, e então podemos ter mais este sabor adicional em nossos jogos em Tormenta RPG.
Em primeiro lugar, é preciso pensar que tipo de idioma era falado pelos colonos lamnorianos da sua chegada ao continente norte. Vindos dos três reinos derrotados na Grande Batalha, é possível supor que cada população originalmente falava sua própria língua, e da longa jornada de sessenta anos até a estátua de Valkaria tenha surgido a semente do valkar como uma língua comum criada pela livre troca de expressões e palavras destes três idiomas. No entanto, um idioma não se forma de maneira tão rápida, e é possível imaginar também que os colonos que saíram de Valkaria para continuar colonizando o continente acabaram desenvolvendo novas linguagens e maneirismos diferentes da capital. Nem sempre isso significa uma nova língua, é claro, mas possivelmente sotaques fortes, tudo depende de quanto tempo se passou entre o estabelecimento de Valkaria e do reino em questão. Isto é, quanto mais distante a formação de um reino for do estabelecimento de Valkaria (e Deheon), mais provável é que tenham um sotaque do valkar em vez de uma língua própria, enquanto países criados por colonos que partiram da capital logo após seu estabelecimento tem mais chances de terem seu próprio idioma.
A distância física e política entre estes novos reinos e a capital também tem parte nesta equação, então enquanto Yuden, sendo formado logo após Deheon, provavelmente tem seu próprio idioma, é improvável que o mesmo seja verdade para Tyrondir, que apesar de também ser formado logo após a fundação de Valkaria tem sua capital próxima da fronteira do reino-capital e profundos laços econômicos e emocionais com a capital imperial. Já Bielefeld, apesar da longa aliança política com Deheon, possui uma razoável distância entre a área original de colonização (na costa do Mar do Dragão Rei) e Valkaria, provavelmente possibilitando o desenvolvimento de um idioma próprio. Como Portsmouth costumava ser um condado de Bielefeld, eles devem compartilhar a mesma língua, ainda que com sotaques diferentes.
Ahlen é outro caso semelhante, formado no início do Reinado, possui distância física e política da capital, provavelmente formando sua própria língua, com o vizinho Collen provavelmente tendo um idioma semelhante mas com forte sotaque e expressões próprias, como acontece com os sotaques escocês e irlandês falando na Grã-Bretanha. Sambúrdia e Trebuck também devem compartilhar um idioma próprio, diferenciado por fortes sotaques. Namalkah e Callistia, tendo sendo um mesmo reino, também devem compartilhar um idioma próprio com diferenças em sotaques, mas uma possibilidade a ser considerada para o idioma de Namalkah é que ele também pode ser usado em Salistick, já que ambos tem uma longa história de fraternidade e boas relações políticas e comerciais que levam o reino dos cavalos a considerar Salistick como um reino irmão de Namalkah. Nova Ghondriann, sendo isolada política e fisicamente do resto do Reinado pela desconfiança contra os descendentes da antiga Ghondriann, provavelmente tem seu próprio idioma, dificilmente falado fora do reino.
O último grupo linguístico dos colonos originais é totalmente ligado à Cyrundur Wallas, o lendário aventureiro e fundador de Petrynia. Seu grupo de colonos é responsável pela fundação de todos os reinos do oeste de Arton hoje sob domínio do Império de Tauron: Petrynia, Fortuna, Lomatubar, Tollon e Hershey (hoje chamado pelos minotauros de Protetorado de Rhoddenphord). Todos estes reinos falam, provavelmente, variações mínimas da mesma língua original desenvolvida pelos colonos na longa jornada através das Montanhas Uivantes. Tollon, provavelmente, é o único com mais chances de ter uma língua própria, mas os demais reinos dessa área foram todos fundados por colonos vindos de Petrynia décadas após o estabelecimento do reino.
Mas falando nas Uivantes, é óbvio que os humanos deste reino falam seu próprio idioma sem qualquer ligação com o valkar, e talvez com alguma influência do dracônico graças a uma influência de Belugah. O mesmo pode ser dito de outros reinos “bárbaros” de Arton influenciados por dragões. O reino arquipélago de Khubar deve ser um caso parecido, fala-se um idioma e há uma linguagem escrita, provavelmente baseada no dracônico graças a influência de Benthos (que é limitada ao clero do deus-dragão, já que o mesmo não reina diretamente sobre as ilhas). Já Sckharshantallas pode nem mesmo ter um idioma próprio, em vez disto utilizando o dracônico como padrão, mas não é impossível que o idioma original das tribos bárbaras tenha se fundido com o dracônico para formar um novo idioma.
Por último, há os idiomas bárbaros, a União Púrpura muito provavelmente não tem um único idioma, mas provavelmente um para cada um dos Reinos Menores, com o valkar sendo usado como a língua comum entre eles. E através dos reinos, nos ermos, as tribos humanas bárbaras que resistiram a colonização de Arton-norte ainda devem manter seus idiomas originais. Entre centenas de idiomas originais, algumas destas tribos podem falar o silvestre, influenciadas por entidades da natureza como dríades e outras fadas, enquanto comunidades ribeirinhas e costeiras podem preferir o idioma aquan.
Ah! Sim, há também o idioma tamuraniano, falado pelos poucos sobreviventes do Império de Jade. Considerando o exílio em Nitamu-ra, em Valkaria, é provável que este idioma tenha recebido influência do valkar. Provavelmente da mesma maneira que o japonês acomodou expressões do inglês dos EUA no dia a dia como kisu para beijo (de kiss).
Ok, então, listinha de idiomas humanos: yudeniano, petryniano, bielefenn, namalkahniano, sambur, tamuraniano, ghondriann, ahleniense, khubariano, belugahniano (das Uivantes), shantall (de Sckharshantallas), valkar e lalkar (língua morta). Com relação aos reinos que não foram citados, Wynlla deve falar o valkar com sua proximidade política e física de Deheon, e os habitantes de Zakharov devem utilizar o valkar e o yudeniano dependendo da região, além do idioma anão. Hongari, Tapista e Doherimm, obviamente, falam os idiomas raciais dos halflings, minotauros e anões.