No Rio dos Deuses, especialmente na altura de Callistia, os tiranos das águas são uma das maiores ameaças que podem ser encontradas por aventureiros. Sanguinolentos, eles atacam ao anoitecer e destroem tudo que encontram enquanto roubam a pesca do dia, e sua aparição imprevisível pode arruinar vilas e cidades. A população geral não faz ideia de onde os tiranos das águas vieram, apenas que os primeiros ataques começaram há mais de uma década. Alguns aventureiros mais dedicados, no entanto, certa vez conseguiram estabelecer contato com as criaturas, que são inteligentes, e descobriram que a origem destes monstros está ligada a Tormenta.
Os tiranos das águas eram moradores de um dos níveis subterrâneos de Arton, sendo este completamente imerso em água, até que um dia uma área de Tormenta se formou neste lugar. Aterrorizados, os habitantes escaparam pela única rota disponível, um túnel que os levou ao Rio dos Deuses na região de Callistia. Ali, eles estabeleceram suas vilas subaquáticas nos pontos mais profundos do rio, onde a luz do sol não os incomoda, pois vieram dos subterrâneos e obviamente são um pouco sensíveis à luz. Esta história foi detalhada há muito tempo, numa das antigas revistas Tormenta, e recentemente foi revisitada como parte do plot da história em quadrinhos 20 Deuses. Mas não estamos aqui para detalhar a história dos tiranos das águas em si, mas para pensar sobre uma das teorias doidonas do Nume.
E qual é a teoria de hoje? Bem, eu acho que os tiranos das águas são lefou. Quer dizer, vamos lá, é meio difícil dizer com certeza que eles são diferentes do normal da sua espécie porque, né, com o que exatamente nós podemos comparar? Mas nós temos acesso à mecânica da raça que é apresentada n’O Mundo de Arton. Lá, vemos que eles possuem 1d4 “mutações” que incluem diversos poderes bizarros como braços extras, descargas elétricas, cuspes ácidos, espinhos, regeneração e habilidades cameleônicas. Curiosamente, esta mecânica é bastante parecida com as deformidades e talentos da Tormenta a que os lefou tem acesso. Coincidência?
Você pode estar pensando agora, “mas se eles são lefou, não precisariam fugir da Tormenta já que não sofrem os efeitos negativos, certo”? Sim. Eles podem até ser imunes aos efeitos nocivos da Tormenta, e talvez exatamente tenham sobrevivido a formação da área de Tormenta no seu antigo habitat natural por esta razão. Ou talvez tenham se tornado lefou apenas mais tarde, quando as primeiras gerações de tiranos das águas pós-contato com a Tormenta começaram a nascer. De qualquer forma é preciso entender que só porque você pode sobreviver ser atingido por um trem, isso não torna viver numa linha de trem uma boa ideia, ou seja, mesmo que os efeitos principais da Tormenta não se apliquem aos tiranos isto não quer dizer que eles acham uma área de Tormenta um lugar agradável para morar.
Mas então, qual o efeito prático disto em jogo? Bom, para começo de conversa, você pode começar a enfiar mais talentos da Tormenta nos tiranos das águas e contar suas mutações como talentos da Tormenta para determinar o poder dos que você está colocando nos bichinhos. Com isto, você consegue novos adversários de nível alto e mantém a sua campanha regional em Callistia por mais tempo.
Em segundo lugar, e mais importante, é lembrar que a história dos tiranos das águas determina a existência de uma enorme área de Tormenta nos subterrâneos de Callistia, e áreas de Tormenta são conhecidas por expandirem-se de tempos em tempos… Imagine que cena épica: o solo macio se racha, e sangue começa a jorrar do solo, e dele começam a escapar demônios da Tormenta. Os rios sofrem um destino semelhante, tornando-se vermelhos e infestados de demônios. Mas enquanto o solo e as águas se tornam escarlates, o céu permanece azul e plácido, ignorando os gritos de terror que ecoam da terra abaixo… E você achando que Callistia não tinha nada de especial!