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Dragon +, a nova aposta da Wizards para o D&D5

Já estava na hora de alguma editora de jogos de RPG se render ao Storytelling dos tablets. Então, na última quinta, 30 de abril, a Wizards lançou a Dragon +, aplicativo que reúne um agregador de mídias sociais e uma revista digital em uma das melhores experiências de usuário do mercado editorial de tablet media. Não se limitando aos RPGs. O aplicativo é gratuito e está disponível para dispositivos IOS, mas o suporte para Android pode vir em breve. Clique aqui para baixar.

Capa da primeira edição da Dragon +


Na verdade a Wizarsds não foi, exatamente, pioneira nessa história. Justiça seja feita a australiana Tin Man Games já havia feito isso com os livros-jogos Island of the Lizard King, Blood of the Zombies e The Forest of Doom, da linha Fighting Fantasy, publicada no Brasil (em edições impressas) pela Editora Jambô. Entre vários outros títulos a empresa de Melbourne, fundada em 2008, desenvolve livros-jogos interativos para o mercado digital desde o final de 2009. Atualmente contam com mais de 15 títulos em catálogo. No entanto, eles produzem livros dentro de um modelo e proposta bastante particular. Faltava uma revista para tablets neste mercado.
Era um caminho natural, visto que temos um cenário onde a audiência do público consumidor de conteúdo migra do Desktop para o Mobile vertiginosamente. A Wizards, após enterrar suas duas revistas (Dungeon e Dragon) em dezembro de 2013, parece ter acertado a mão em um produto editorial de alta qualidade e um aplicativo inteligente que permite uma ótima integração, atualizada em tempo real, com seu facebook e Tumblr.

Aplicativo promove integração entre mídias sociais e conteúdo editorial


Dentro do aplicativo você tem a opção de fazer o download da primeira edição da Dragon + ou navegar pelo conteúdo das mídias sociais de D&D5.
A revista possui 25 telas, e bebe do conceito de Subcompact Publishing, em voga no mercado dos tablets. E faz isso muito bem.  A revista é dividida, nos elementos pré-textuais, em capa, tutorial de navegação, sumário interativo, um editorial introdutório do Chris Perkins, onde ele explica a proposta da Dragon + e promete que a publicação se manterá gratuita, e um segundo editorial do editor-chefe da publicação, Matt Chapman. Na sequência o conteúdo é dividido em 15 artigos com material pra jogo, reviews, entrevistas, um perfil dos Goliath (que, ao que tudo indica, será seção fixa deste projeto editorial), um guia de como derrotar um Dragão Negro, e alguma publicidade dos jogos e produtos da editora.

Editorial garante que o projeto será gratuito


Todo esse conteúdo recheado de Slideshows, alguns vídeos (bem divertidos), uma seção de quadrinhos, muitos e muitos hiperlinks para conteúdo externo e uma arquitetura de informação baseada em rolagem de tela vertical ao invés do tradicional (e mais dinâmico) “deslizar entre os artigos”.
O layout está muito bem resolvido e a programação também. Como é tradicional da plataforma a revista trabalha com barra de progressão de conteúdo ao invés de numeração de página. Utiliza bastante uma estrutura de camadas sobrepostas que dão uma sensação de continuidade e um design fluído. Um conceito lançado pelo software de programação de editoriais para tablets Mag+ (o nome é apenas coincidência).
Mas não se enganem, as 15 matérias demandam tempo de leitura. A Dragon + aposta em conteúdo com profundidade: são textos longos e uma boa quantidade de imagens em galerias e Slideshows. Quase todas expansíveis com um toque, o que permite analisar detalhes e valoriza o trabalho dos ilustradores. Ah, claro, há a opção, a todo momento, de compartilhar o conteúdo no Facebook e comprar os livros de D&D com as pontas dos dedos.

Barras de progressão substituem numeração de página e facilitam a navegação


Layout construído em camadas com rolagem. Fluído e bem resolvido.


Tirando o chapéu
Em novembro passado dei uma palestra no SENACRS de Porto Alegre, sobre produtos editoriais para tablets, pra divulgar um curso que eu desenvolvi sobre o assunto. Desde 2009 este tema é uma parte importante do meu trabalho como jornalista, pesquisando novas mídias, e já fui desde repórter até editor de produtos deste segmento. Nesta palestra eu defendi o uso dos tablets e disse que, como jornalista, eu sempre vou procurar a melhor forma de contar melhor uma boa história. Até o final de abril deste ano não havia esbarrado com nenhum editorial  especializado em jogos de RPG desenvolvido para tablets. As próprias revistas de games para tablets (IOS ou Android, tanto faz) são extremamente pobres se tratando de interface de usuário. A minha aventura com o aplicativo da Wizards foi extremamente positiva. Eles conseguiram oferecer uma experiência imersiva que casa perfeitamente com a pegada da fantasia medieval e dos jogos de RPG como um todo. Senti falta, apenas, do uso de trilhas sonoras como ferramenta de atmosfera. Resolvi limitar essa análise ao produto e não entrei nos méritos do seu conteúdo pois a experiência de usuário e a arquitetura de informação me surpreenderam tanto que achei mais justo valorizar o aspecto técnico, pois esta publicação bate, tranquilamente, com as melhores revistas deste mercado como Wired, NatGeo e Time.
Por isso, tiro o chapéu para este aplicativo e torço para que novas iniciativas se apropriem das possibilidades e do Storytelling que os Tablets oferecem.
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