O RPG icônico, Dungeons & Dragons, sempre teve três livros básicos considerados essenciais: O Livro do Jogador, o Livro do Mestre e o Livro dos Monstros. Desses o Gurps 4ª ed. tem equivalentes do Livro do Jogador no Basic Set: Characters e do Livro do Mestre no Basic Set: Campaigns. Os outros carros-chefe do sistema não têm nada a ver com monstros: Magic, Powers, Martial Arts, Ultra Tech, High Tech…
E o Livro dos Monstros, e o Bestiário de Gurps?
Ess
Para ser exato, três: Bestiary foi o primeiro, se concentrando em animais naturais, com um pequeno sortimento de monstros sobrenaturais e metade do livro dedicado a Adestramento de Animais e Metamorfos como Lobisomens e outros homens-animais. Depois dele saíram Fantasy Bestiary, esse sim um bestiário de criaturas fantásticas e sobrenaturais, mas com foco nos mitos e lendas e não em matar-pilhar-destruir monstros em dungeons, e o Space Bestiary, um compêndio de criaturas bizarras organizadas por biosfera, com capítulos dedicados, por exemplo, a criaturas habitantes de planetas gelados, no melhor estilo Tautaums e Wampas de Star Wars e outros.
E na véspera da quarta edição saiu o bestiário do monstro definitivo: Dragons. Um verdadeiro manual de como usar as criaturas preferidas de todo RPGista no jogo, com todo tipo de dragão, e com regras para a terceira e quarta edições. E só. Não foram mais publicados bestiários na quarta edição.
Ou foram?
E a SJGames ainda mantém bestiários na sua wishlist de títulos, procurando por novos autores para esses livros. Quando da republicação deste artigo não há mais bestiarios na Wishlist de Gurps 4e. Artigos de Dungeon Fantasy e Monster Hunters ainda estão entre as submissões listadas na Wishlist.
Mas você ainda pode se perguntar, por que não estão lançando esses bestiários em livros de verdade?
Em primeiro lugar, Gurps é genérico e como vocês podem ver pela quantidade e escopo dos bestiários lançados na terceira edição, seria muito difícil lançar bestiários que satisfizessem todos os gêneros de jogo. Nesse caso o formato PDF é perfeito. Você só paga e imprime os monstros que vai efetivamente usar.
Em segundo lugar, ninguém compraria um livro gigante de monstros. Ou melhor, os jogadores de Gurps não comprariam. Enquanto o jogador de D&D parece depender dos livros para fazer um encontro de ND4 para seu grupo de PCs de nível 6, os jogadores de Gurps se sentem mais à vontade para fazer seus próprios monstros, sem precisarem de um manual para dizer quais monstros são apropriados à “faixa etária” do seu grupo. É praticamente impensável em D&D usar um monstro que não tenha saído dos livros, sem a indicação de que o monstro é um desafio suficiente para os personagens daquele nível.
No caso do livro dos monstros do D&D também vemos que os monstros são repetições: nós temos esqueletos e zumbis para aventureiros de níveis 1 a 20, sendo que todos eles são praticamente a mesma criatura com algumas modificações na ficha e uma ou duas habilidades a mais. Em Gurps isso seria o mesmo monstro, apenas com uma nota de rodapé dizendo quais são as modificações.
Aliás, uma tendência que podemos observar dos bestiários mais antigos de Gurps para os mais novos é que eles foram deixando de ser catálogos de fichas de monstros para se tornarem verdadeiros manuais de como usar uma classe de monstros no RPG.
E por último, nós temos todos os monstros disponíveis que quisermos. O Livro dos Monstros de D&D tem centenas, e Gurps foi feito para se apropriar de todo material que for lançado para outros RPGs. Aliás, na próxima lição do Professor Alabarda vamos tratar exatamente disto, então, até lá.
Publicado Originalmente no GurpsNation em 21/02/2010