CounterSpy lembra muito esses jogos do passado, seja pela premissa casual e objetiva, seja pelo próprio estilo de ação com visão lateral. Ele parece, na verdade, com uma mistura de Metal Gear Solid com franquias de ação clássicas como Contra e Metal Slug, em um cenário que lembra os quadrinhos Spy vs. Spy. O mote é a espionagem: você assume o papel de um espião de uma agência independente, e deve invadir bases militares atrás dos planos de um projeto ultra-secreto. As fases são criadas processualmente – ou seja, são construídas aleatoriamente a cada jogo -, de forma que você nunca encontrará duas vezes o mesmo mapa; e escondem diversas ondas de inimigos e outros segredos, que você pode derrotar furtivamente, fazendo uso de esconderijos e pistolas com silenciador, ou, se preferir, mandando o subterfúgio pro alto e atirando em tudo e todos indiscriminadamente – e embora o jogo certamente favoreça que você siga o primeiro caminho, a verdade é que ele é muito bem executado, e não decepciona, qualquer que seja o estilo adotado.
A ambientação, é claro, é a Guerra Fria, como em qualquer filme clássico de espionagem. O enredo é um belo pastiche da disputa militar e tecnológica do período, parodiando, entre outras coisas, a corrida armamentista e a corrida espacial; resumindo, você deve impedir que uma das superpotências consiga realizar o plano megalomaníaco de lançar um míssil nuclear… Na Lua! Mas há uma sacada muito inteligente dos desenvolvedores para evitar tomar lados no conflito ideológico: você é na verdade um agente independente, que deve escolher a cada fase se deseja invadir uma base da Nação Imperialista ou da República Socialista. Isso acaba dando ao jogo ares de uma mini-crítica política e histórica, e a mensagem que fica é que no fundo os dois lados não eram tão diferentes assim, ao ponto de mesmo os seus planos secretos serem tão rigorosamente iguais que suas partes são intercambiáveis. Pra completar, o carregamento das fases é preenchido com alguns fatos curiosos sobre o período, que pelo menos relevam um pouco o fato de serem um tanto demorados.
O resultado no final é uma experiência muito divertida e única. É claro que é um jogo casual, do tipo que você pode ligar e jogar para passar o tempo sem precisar de muito envolvimento ou imersão; por isso, talvez combine mais com a portabilidade do PlayStation Vita, apesar de estar disponível para o PS3 e PS4 também (e, inclusive, estar disponível gratuitamente este mês para os assinantes da PlayStation Plus). Mas há uma boa dose de itens e segredos a desbloquear, como projetos de armas secretas e fórmulas químicas que lhe concedem benefícios especiais, além de um quadro de pontuação global, cujos membros mais próximos da sua colocação inclusive fazem aparições ocasionais no seu jogo na forma de espiões rivais a serem superados. Assim, você também não o sentirá (muito) como uma perda de tempo (bom, não mais do que qualquer outro videogame, pelo menos).