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Resenha: A Constelação do Sabre, vol. 2

Chegamos então (com algum atraso, admito) ao segundo e último volume de A Constelação do Sabre, suplemento para o cenário Brigada Ligeira Estelar escrito por Alexandre Lancaster para o 3D&T Alpha. Desta vez conhecemos os planetas da referida constelação de I até W, além de um apêndice com detalhes e locais da fronteira espacial, as áreas vazias entre e além dos planetas conhecidos.
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Pessoalmente, me questiono se a escolha de separar os planetas alfabeticamente tenha sido a mais adequada – talvez separá-los pela sua região, como na versão original d’O Reinado de Tormenta, facilitasse a consulta dos jogadores, uma vez que concentraria os planetas mais próximos e cujas aventuras provavelmente se misturariam. Talvez até desse para dividir o livro em três (para o Cabo, Fio e Ponta do Sabre), ao invés de dois, dando mais espaço para cada planeta. Mas no fundo é só uma escolha do autor que não prejudica nem melhora necessariamente o resultado final.
Em todo caso, assim como no primeiro volume, os novos mundos da constelação são descritos com grande riqueza de detalhes. BLE é um cenário muito rico e envolvente, escrito com paixão pelo autor, como faço questão de destacar desde a minha primeira resenha sobre ele. Entre os dezenove planetas há espaço para muitos estilos de campanhas e personagens: você pode se envolver mais diretamente com a política e intriga entre nobres, escolhendo planetas como Montalbán, Tarso e Trianon, cujos locais e personagens de fato ditam os rumos políticos do cenário; ou agir mais diretamente contra a ameaça dos Proscritos, aventurando-se em Ottokar e Villaverde; ou, se preferir, viver histórias menos grandiosas, caçando monstros marinhos em Inara, explorando a xenobiologia exótica de Moretz, a vida estudantil no Asteroide Schulmann… De batalhas contra monstros gigantes a histórias mais sérias de ficção científica hard, há espaço para tudo.
O apêndice sobre a fronteira espacial, além de adicionar novos estilos de campanha a este já vasto universo (alguém falou em piratas espaciais?), também se encarrega de diminuir um pouco aquela sensação de vazio de que eu comentei em outros momentos. Uma constelação inteira, afinal, não é um espaço pequeno, e é interessante ter alguma noção do que se pode encontrar na vastidão que há entre um planeta e outro – asteróides terraformados, colônias mascon… Há pitadas de hard sci-fi que podem agradar os que querem histórias mais sérias, sem necessariamente tirar o foco dos robôs gigantes que são o cerne do cenário. E, claro, ele conta também com uma das NPCs mais carismáticas do cenário, ainda que suspeitosamente parecida com um certo clássico do gênero
Falando em referências, aliás, há um bocado delas, para quem quiser procurar. Em Inara, há um certo Hotel-Cassino del Chavo. Em Viskey, um dos clãs locais é chamado Nagai (e não por acaso, conhecido por ter membros dramáticos e espalhafatosos, com robôs coloridos e destruidores…). O mesmo planeta tem ainda um centro de subculturas urbanas, praticamente uma Akihabara com robôs gigantes. E há bem mais lá para quem quiser se debruçar sobre o livro.
Também é interessante ver que alguns mistérios citados desde o primeiro livro começam a ter pequenas pistas pinceladas em algumas descrições. Já sabemos de alguns acontecimentos do Grande Vazio, o período nebuloso após a diáspora espacial do qual poucos registros ficaram; e mesmo sobre a origem misteriosa dos Proscritos já é possível especular alguma coisa.
De negativo, realmente fiquei com a impressão de que muita coisa nos livros poderia ter sido melhor explorada, se houvesse mais espaço para isso. Há a impressão de que alguns planetas são apenas introduzidos, enquanto há muita coisa citada por cima que não há espaço para explorar em detalhes. O capítulo sobre Inara, por exemplo, não inclui fichas ou detalhes maiores sobre os monstros que habitam o planeta, que são tão importantes para a sua própria personalidade – preencher esta lacuna teve que ficar a cargo de um artigo online no site da Jambô. A falta de mapas dos planetas, ainda que compreensível por razões técnicas e práticas, também pode levar a alguma confusão quanto à localização dos locais de interesse citados. E novamente ficamos com aquele gostinho de querer ver mais ilustrações, em especial de todos os novos robôs e veículos descritos no capítulo de regras, muitos mais (e mais legais, pelo menos pelas descrições, incluindo um modelo de carro e moto futuristas) aqui do que no volume anterior, e principalmente considerando que as que estão presentes no livro já são tão bonitas.
Mas é claro que nada disso arranha a qualidade que o livro possui – se tanto, é até uma prova dela que o seu único ponto negativo seja justamente o de que eu queria mais… Agora que a Constelação do Sabre já está preenchida e habitada com uma boa quantidade de personagens únicos e carismáticos, o que fica mesmo é aquela vontade de vê-los interagir e a sua história evoluir. Algo nesse sentido já é anunciado na última página do livro: o primeiro teaser de Belonave Supernova, o próximo lançamento e a primeira campanha oficial do cenário. E para além disso, fica o desejo de ver quadrinhos, romances e o que mais for que coloque todo este carisma e personalidade pra funcionar.
A Constelação do Sabre vol. 2, de Alexandre Lancaster.
96 páginas por R$ 29,90, ou R$ 27,90 na Loja Jambô.

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