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Resenha: Thermae Romae

Thermae_04_Capa.inddThermae Romae já é surreal desde a sua premissa: ser uma série de mangá sobre… Banhos. Sim, isso mesmo: higiene pessoal e o simples prazer de submergir na água quente. E eu achando que minhas regras para 3D&T nunca seriam úteis em alguma adaptação… Se isso já não parece absurdo o bastante, continue lendo.
Seu protagonista é Lucius, um arquiteto romano de casas de banho do século II d. C., período do governo do Imperador Adriano. Certo dia, após ser demitido do seu emprego por não ter idéias inovadoras, ele descobriu uma passagem que o levou para o Japão contemporâneo! Impressionado com as técnicas de banho que descobriu por lá, resolve usá-las para revolucionar o negócio no seu próprio tempo.
É claro que uma história assim não pode ter outro tom que não o da galhofa e do humor, tendo o anacronismo e o choque cultural como punchline recorrente. As reações de Lucius a cada nova descoberta daquele povo estranhamente avançado são bastante cômicas, com pelo menos uma ou duas cenas de parar a leitura para rir. No entanto, há ao mesmo tempo um lado bastante cuidadoso e sério no contexto e pesquisa histórica, que não foram negligenciados pela autora. Eventos e personagens famosos são citados, e há mesmo falas pontuais em latim, em especial quando o protagonista tenta se comunicar com os estrangeiros de cara achatada.
O resultado é uma obra bem divertida e também informativa, tanto sobre a história romana como sobre a própria cultura de banhos no Japão contemporâneo. O pequeno posfácio ao fim de cada capítulo revela que a autora chegou a fazer mesmo algumas pesquisas de campo para melhor retratar as práticas e estabelecimentos. Completa ainda uma arte muito bonita, incrivelmente detalhada e cuidadosa.
Há um certo ponto negativo apenas no enredo geral das histórias, que são bem repetitivas. Basicamente, Lucius é confrontado com um problema, não sabe como resolvê-lo, então boomDeus ex-machina, e ele é levado para algum ambiente ligado ao banho japonês contemporâneo. Lá ele começa a recolher informações e ideias, eventualmente tem uma pequena crise existencial ao ver como aquele povo é avançado e inventivo em relação à sua amada patria mater (o ufanismo é brinde), e então retorna para resolver qualquer que fosse problema que tinha anteriormente. No final, um pequeno cliffhanger para adiantar o tema da próxima história.
Mesmo com essa repetição, no entanto, a obra se faz valer bastante no surrealismo e situações inusitadas. Apenas achei os japoneses retratados estranhamente hospitaleiros com os caucasianos nus que surgem de lugar nenhum dentro dos seus banheiros… O lado informativo também é bem apurado, e traz toda uma camada a mais para a leitura. No geral, vale a pena dar uma olhada sim.
Thermae Romae, de Mari Yamazaki.
176 páginas por R$19,90.

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