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Taxonomia fantástica

O que diferencia um elfo de um orc ou humano? Em mundos de fantasia parece fácil fazer diferenciação entre espécies. Elfos são belos, esbeltos e com orelhas pontudas. Anões são como humanos atarracados e fortes, com longas barbas e uma predileção pelo subterrâneo. Orcs são feios, altos, fortes e com uma certa tradição de barbárie. Mas afinal de contas, será mesmo que estamos corretos nessas asserções biológicas, ou termos como “raça” e “espécie” tem sido usados incorretamente durante décadas?
A primeira coisa que podemos afirmar é que humanos, elfos e orcs pertencem a mesma espécie na maioria dos cenários de fantasia. Isto porque estes três povos, apesar de distintos o bastante para levar suas sociedades a diferenciarem-se umas das outras de um ponto de vista racial, produzem descendentes férteis quando cruzados entre si. É possível dizer que elas são “raças”, na verdade subespécies, da mesma forma que um cachorro pode ser de diferentes raças, mas ele sempre será um cachorro. Para classificar essa espécie, vou usar Homo sapiens, enquanto para as subespécies humanos normais são Homo sapiens sapiens, elfos são Homo sapiens dryadalis e orcs são Homo sapiens orcus.
Anões parecem ser um caso mais complicado. Raramente vemos casos na literatura fantástica de cruzamento de anões com outras espécies. Em Dark Sun há os Mul, fruto de um pai anão e uma mãe humana, mas que são estéreis. Com base nisto, é possível acreditar que anões seriam uma espécie diferente, mas ainda próximos o bastante para gerar descendência, ainda que infértil, com outras espécies do mesmo gênero. Sendo assim, os anões pertencem ao gênero Homo, mas não à espécie sapiens. Vou chamá-los então de Homo nanus. Halflings são outro caso parecido, com praticamente nenhum caso conhecido de descendentes com outras espécies, mesmo que híbridos inférteis. Sendo assim escolho chamá-los de Homo parva.
Há em D&D referências a Gnorfs, um resultado inesperado do cruzamento entre gnomos e anões, ao mesmo tempo que explicam que estes dois povos geram descendentes saudáveis e férteis, geralmente com a aparência geral da mãe. Sendo assim, é possível acreditar que gnomos seriam uma subespécie de anões, ou ambos seriam subespécies de uma espécie maior e já extinta. Vou optar pela primeira opção, classificando gnomos como Homo nanus g?nomos¹.
Portanto temos três espécies e quatro subespécies diferentes em um mundo de fantasia padrão, isto é, se descontarmos minotauros, sereias e tritões e outras criaturas fantásticas que não são “raças” jogáveis. Homo sapiens é a maior espécie, composto por humanos (Homo sapiens sapiens), elfos (Homo sapiens dryadalis) e orcs (Homo sapiens orcus). A segunda seria a Homo nanus, composta pelos anões e sua subespécie, os gnomos (Homo nanus g?nomos), enquanto a terceira espécie seria a Homo parva, os halflings.
Entendeu? Não? Deixe-me explicar melhor: estou entendiado. E quando fico entendiado divago. 🙂
¹ Gs?nomos seria o nome original dos gnomos, conforme descritos como elementais da terra pelo alquimista Paracelsus no século XVI, exceto que ele teria cometido um erro e omitido o “?”.

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