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Julgando Dredd

Recentemente assisti Dredd, a mais recente adaptação dos quadrinhos da revista 2000 AD.
Para quem não sabe, Dredd foi escrito por Pat Mills e John Wagner e desenhado por Carlos Ezquerra pela primeira vez em 1977. Ezquerra é mais conhecido, imagino, tendo desenhado muitas edições de Preacher. John Wagner e Pat Mills não são tão conhecidos assim, especialmente porque a maioria dos escritores de quadrinhos são esquecidos, a menos que tenham escrito uma bomba.
Bom, umas curiosidades antes de falar sobre o filme: eu não conhecia muito bem as histórias do Dredd até pouco tempo atrás. Ele sempre foi terreno proibido pra mim. Cresci lendo coisas mais light, como X-men e Batman dos anos 90. Eram violentos, mas nada muito exagerado. Na época eu lia sobre Juiz Dredd em revistas do tipo Wizard que falavam sobre os quadrinhos mais desconhecidos do público. Lembro ter lido sobre Sin City na Wizard, também. Muita coisa era pesada demais para mim pelos padrões dos meus pais. Os quadrinhos mais pesados que eu lia eram do Conan, então eu cresci com o básico conhecimento de que Juiz Dredd, assim como Lobo, não eram quadrinhos para crianças. Eles eram violentos, cheios de palavrão e muito sangue.
Daí veio aquele filme com Sly Stallone que todo mundo prefere esquecer. Quando o filme foi anunciado li sobre como a marca registrada de Dredd era que seu rosto era desconhecido pelo público. Nos quadrinhos ele não retirava o capacete (na verdade, em uma de suas primeiras aparições ele tira o capacete, mas seu rosto é censurado, pois é horrivelmente desfigurado) só que no filme, Stallone insistiu que seu rosto fosse visível. O que me leva a crer que Sylvester Stallone é o resultado dessa desfiguração. Desculpa, Sly, você quem quis mostrar o rosto deformado do Dredd na tela como sendo o seu.

KILL IT WITH FIRE!!!


 
Mas, claro, essa não era a pior coisa de todas. Eu assisti ao filme há muito tempo atrás e não estou afim de reviver esse horror, mas me lembro claramente da presença de Rob Schneider como alívio cômico. E não era tão divertido assim.
Mas eu não vim para falar do antigo, vim para falar do novo.
Dredd, com Karl Urban, Lena Headey e Olivia Thirlby (fale três vezes rápido com bolachas na boca) encabeçam o elenco dessa nova adaptação dos quadrinhos. Para as feministas de plantão, o prato está cheio, temos Lena Headey como a chefe de gangue Ma-Ma, cruel, sádica e sem medo de fazer o que for preciso para garantir seu espaço de conforto; e Olivia Thirlby, que entrega uma personagem bem trabalhada que cresce com o decorrer da história, sem bobagem e muito direta como Juiz Anderson. Pelo que entendo dos quadrinhos, Anderson não ficou tão diferente da personagem original, com suas habilidades telepáticas e tudo mais bem conservado.
E por fim, a estrela do filme, Karl Urban. Pobre Karl que sempre dá um show como coadjuvante, mas sempre deixa a desejar como principal dessa vez leva a taça. Mesmo que seja uma divisão par entre Dredd Anderson em tempo de tela. Anderson tem a personagem bem mais trabalhada, no entanto.
Eu, pessoalmente, vejo Dredd como um apoio à novata e uma pedra no sapato da vilã.
Passados os personagens, vamos à história. Não é uma bobagem cheia de reviravoltas e revelações, traições e outras coisas. É direto e reto. Você sabe exatamente quem é mocinho, quem é bandido e quem é medroso.
Não tem muito espaço para tons de cinza no filme, uma vez que a vilã dá três opções para todos os envolvidos na trama: estão com ela, estão com os juízes ou estão fora de vista. E mesmo assim, tem baixa civil nessa briga.
Mesmo com esse maniqueísmo maneiro, a história rola de forma bem natural, bem fluída. O roteiro não é realmente uma obra de arte, mas é o suficiente para entregar o divertimento que se espera de Dredd. Ninguém esperava que o filme fosse um sucesso, mas não foi um fracasso e pelo que vejo, não é odiado pelos fãs, como O Juiz.
Embora o filme não seja uma catástrofe como o anterior, não apresenta nada de especial, nada de inovador e nem tenta. A coisa mais bonita, mais diferente, é a droga que faz a história acontecer: SLO-MO. Preciso explicar? Ok, preciso.
SLO-MO é uma droga inalada para que o cérebro receba informações a 1% da velocidade normal, rendendo ao filme algumas sequências arrepiantes de efeitos especiais e violência de forma muito… brilhante.
Talvez uma pessoa mais pentelha possa dizer que os efeitos não são tão bons assim durante o as cenas de SLO-MO, mas ei, você está vendo as coisas pelos olhos de um drogado, nada é perfeito nesses momentos.
Eu acompanhei o filme sem pressa, sem sentar na ponta da cadeira, mas sem me distrair da ação. E isso é uma coisa que não falta. Ação. Tem gente morrendo a cada cinco minutos para um total de 107 mortos em 95 minutos de filme. Isso levando em consideração os créditos. O que quer dizer que tem mais de uma morte por minuto.
Com tudo isso e mais algumas coisas como cenário, música e personagens coadjuvantes bem úteis e interessantes, Dredd não deixa a desejar, mas não estoura a boca do balão.
Recomendo para um dia de fúria ou para um dia que você quer ver tudo explodir. Ou um dia que você quer ver ultraviolência em câmera lenta.
Eu dou 8 de 10 para Dredd.

Como não ter medo dessa carranca?

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