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Cosa Nostra – Resenha

Cosa Nostra de João Paulo Francisconi (A.K.A Nume Finório) é um RPG narrativista, na esteira de outros jogos similares, como FIASCO ou Busca Final. “Narrativista” quer dizer que o foco aqui é contar uma história. As regras existem e são importantes, mas elas dão uma abertura maior para que os jogadores possam criar seus próprios enredos. Porém, ao contrário de outros RPGs onde cada um interpreta um personagem, em Cosa Nostra  todo mundo se reúne para contar a história de uma organização. Desde seu início, até a sua inevitável queda. Em algumas poucas rodadas de jogo.
Não é qualquer organização, é claro. Estamos falando da Máfia. E não de uma máfia histórica ou realista, mas aquela máfia glamourosa (ou não tão glamourosa assim) dos filmes de gângsteres como O Poderoso Chefão, Scarface, Os Bons Companheiros, Inimigos Públicos, Estrada Para a Perdição e Os Infiltrados (só para citar alguns)
Apesar do nome do jogo, você não está limitado a uma nacionalidade para sua máfia. Ela pode ser italiana, russa, irlandesa, cubana, japonesa, judaica, cigana, extraterrestre… o limite é a sua criatividade.
Em Cosa Nostra a ordem pela qual os jogadores tomam suas ações é determinada pela idade (para emular as estruturas super-tradicionalistas das melhores máfias) e eles devem atribuir palavras-chave sobre sua instituição criminal, que também contam como pontos, entre apenas três atributos – MúsculosNegócios e Legitimidade.
Dependendo da rodada que estão, narram algo ligado a um desses atributos, construindo uma cena falando sobre o surgimento da organização, ou de como ela tentará se tornar mais impermeável as ações da lei. Um teste do atributo é realizado, com dados, antes de cada narração. Se passar no teste o jogador consegue narrar sua cena livremente. Se falhar ele saca uma carta da lei e terá que incorporar o efeito negativo que ela causa à sua cena.
Ele também pode pegar antes de fazer o teste, uma carta de aposta. Cartas de aposta oferecem bônus nos atributos, quando se passa no teste, mas pioram ainda mais as coisas quando se saca uma carta da lei junto com elas.
O jogo usa dados de seis lados comuns, e cartas de baralho para sua mecânica, o que melhora sua acessibilidade para pessoas que não tenham familiaridade com o RPG.
Uma partida é dividida em algumas etapas: Nascimento, Ascenção, O Auge, A Virada de Mesa, A Decadência, A Queda e – opcionalmente – o Renascimento. Cada uma tem suas próprias características e afeta a narração das cenas.
Em minha opinião, essa estrutura é interessante para quem aprecia partidas mais longas, mas para os novatos ou para jogos mais rápidos, talvez, fosse legal uma versão simplificada. Por exemplo, além do Nascimento, apenas Ascensão, Auge e Queda (os filmes de Hollywood não costumam ser divididos em três atos, afinal?) Uma lista com sugestões de “palavras-chaves” para aqueles jogadores não tão criativos assim, e que costumam travar, ou se perder, também seria bem-vinda na versão final.
O mais bacana de Cosa Nostra é que com algumas adaptações esse mesmo sistema narrativo pode servir pra contar uma história em outras épocas e sobre outras instituições que guardem semelhanças mínimas com a estrutura da Máfia. Daria perfeitamente pra fazer uma versão sobre o nascimento do FBI, por exemplo. (Quem assistiu J. Edgar com Leonardo Di Caprio sabe sobre o que eu estou falando!).
Dá até pra fazer uma versão fantasia medieval! (Idéia surgindo em minha mente enquanto escrevo – que tal uma partida em Arton, o mundo de Tormenta, criando uma irmandade criminosa em Valkaria? )
Cosa Nostra está atualmente em sua versão de testes, e ela está disponível AQUI.
 
A imagem utilizada nesse post é do filme “Os Bons Companheiros” de 1990.
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