Mas enfim. A estrutura básica do jogo permanece a mesma das edições anteriores, que é bem reconhecida como um dos jogos de luta definitivos. O mote são duelos de armas brancas, de espadas a lanças e bastões, e a jogabilidade continua tão funcional e equilibrada quanto antes, garantindo que os duelos entre dois jogadores sejam divertidos e emocionantes. Uma adição significativa são os Critical Finishes, um golpe especial que você pode usar para vencer o adversário automaticamente se conseguir quebrar a sua defesa. Tenho que admitir, no entanto, que ainda não dominei a técnica de usá-los bem o bastante pra eles fazerem diferença nos meus jogos. Em alguns modos você também pode escolher mais de um personagem e trocar entre eles em meio à batalha, de forma semelhante aos crossovers da Capcom. E de resto, você pode esperar um upgrade padrão de uma geração de console para a outra: melhoras consideráveis nos gráficos e sons (apesar da dublagem de alguns personagens serem sofríveis); animações mais fluidas e bonitas; e a obrigatória opção para jogos em rede contra adversários de todo o mundo (apesar de que eu apostaria que deve ser difícil encontrar um rival para jogá-lo atualmente).
O grande passo para trás dado nessa edição da franquia, no entanto, e a razão que me motivou a escrever todo esse mimimi, diz respeito aos modos de jogo. Soul Calibur III, em especial, era uma festa de possibilidades e variações, tendo uma dúzia de modos de disputa únicos, e pelo menos dois modos single player bastante cativantes e envolventes. Tudo bem, um modo de RPG estratégico é totalmente dispensável para um jogo de luta, e não faz realmente muita falta aqui; mas é um pouco deprimente ver a simplicidade do modo Story dessa edição, principalmente se comparada com a riqueza que ele tinha na anterior, com seus caminhos alternativos e narrações entre estágios. Pra completar, mesmo no modo Hard a dificuldade é ridícula, e ainda mais considerando que muitas vezes você terá mais de um personagem sob seu comando. O único desafio real que o jogo apresenta é no modo Tower of Lost Souls, em que você deve subir sessenta andares de uma torre enfrentando grupos de oponentes diversos, muitas vezes enfrentando até quatro inimigos de uma vez com apenas um personagem.
O modo de customização também permanece das edições anteriores, e continua como um dos mais divertidos – não tanto pela possibilidade de criar o seu próprio personagem, é claro, mas muito mais porque você pode montar personagens famosos se souber misturar as peças de equipamentos existentes. Entre os que eu já criei em surtos de inspiração, encontram-se o He-Man, Hellboy, Battousai o Retalhador, a Lightning de Final Fantasy XIII, e praticamente um jogo inteiro só de personagens de Game of Thrones. No entanto, ele também foi bastante reduzido em comparação com a sua versão anterior, não possuindo mais classes exclusivas (você pode apenas emular o estilo dos outros personagens), além de que nem todos os personagens podem ser usados para criações originais – você não pode, por exemplo, usar o estilo dos personagens de Star Wars para criar o seu próprio Jedi, o que é um tanto broxante para alguém que animou de comprar o jogo em grande parte por causa deles.
Somando tudo, a impressão que passa é que Soul Calibur IV foi feito um tanto às pressas, e é até mesmo uma espécie de retrocesso em relação às edições anteriores. Continua muito divertido de jogar, é claro, principalmente no modo de dois jogadores, e só a possibilidade de surrar o Siegfried com o Darth Vader já faz com que valha bastante a pena. No entanto, toda a experiência proporcionada fica bastante reduzida com as poucas opções de modos de jogo, de forma que é difícil não sentir uma certa saudade da versão anterior.