Para quem não sabe, a série conta a história da seita dos Assassinos (que realmente existiu, embora, é claro, seja apresentada aqui com um punhado de licenças poéticas), e a sua batalha através das eras contra a seita rival dos Templários (que também tem a sua dose de licenças poéticas, mas até aí nada que já não tenha sido feito uma dúzia de vezes), que possui alguns planos mirabolantes de dominação mundial. O protagonista é Desmond Miles, o último descendente da linhagem da seita em 2012, que através de uma máquina experimental chamada Animus é capaz de reviver as memórias de seus ancestrais codificadas no seu DNA. São estas memórias que constituem o grosso dos jogos, com o jogador tomando o lugar de assassinos do passado e cumprindo missões em cidades históricas durante a Idade Média e Renascença.
Pessoalmente, acho que esse cenário que mistura ficção histórica, ficção científica e até algumas pitadas de fantasia é um dos pontos fortes da franquia. Claro que sou suspeito para falar, tendo formação acadêmica na área, mas é muito interessante e divertido ver o enredo se desenvolvendo em meio a acontecimentos históricos, com a participação de personagens célebres – só para citar alguns dos que dão as caras, temos Nicolau Maquiavel, a família Bórgia, e Leonardo da Vinci. O dever de casa foi feito direitinho pelos produtores, apesar das óbvias licenças poéticas, e há mesmo notas e explicações sobre quem cada um deles foi e o que fez de importante. Para completar, há ainda alguns elementos do que certas pessoas chamam de clockpunk, com tecnologias fantásticas inspiradas em conceitos renascentistas – você chega a ter a oportunidade mesmo de pilotar algumas das máquinas mirabolantes desenhadas por da Vinci.
A jogabilidade não é novidade nenhuma para quem conhece a série. A ação desta vez ocorre na Roma na virada do século XV para o XVI, que você pode explorar de forma relativamente livre, fazendo as missões que avançam o enredo ou apenas cumprindo objetivos secundários. É possível até mesmo visitar e restaurar muitos dos prédios e monumentos históricos da cidade. Para não chamar a atenção da guarda da cidade, você pode esconder-se entre transeuntes, ou escapar por sobre telhados usando técnicas (anacrônicas, claro, mas quem se importa?) de le parkour; pense no jogo como uma espécie de versão ocidental de Tenchu, e nos Assassinos em algo como o equivalente árabe/europeu dos ninjas japoneses. Os comandos são simples e eficientes, sem dar necessariamente muitos nós nos dedos, apesar de que eu tive a impressão de que eles dão algumas travadas suspeitas de vez em quando.
A grande novidade de Brotherhood em relação aos jogos anteriores, em todo caso, é a sua opção para jogos on-line. Nela você assume o papel de um soldado da Abstergo Industries, a versão contemporânea dos Templários, em um treinamento virtual através do Animus para aprimorar as suas habilidades – mas, é claro, isto é apenas a desculpa para colocar os jogadores uns contra os outros em grandes disputas de PvP. Diferente dos tradicionais jogos de guerra aberta, no entanto, aqui o jogo é todo baseado na furtividade e discrição: os “personagens” disponíveis são indistinguíveis dos NPCs espalhados pelo cenário, e você deve discernir os outros jogadores escondidos ao mesmo tempo em que se mistura a eles para não ser encontrado e assassinado. À medida que os jogos passam você ganha também experiência, níveis e habilidades especiais para ajudá-lo nas partidas futuras. O resultado final é bastante original e muito divertido, realmente trazendo algumas novidades e opções diferentes para a área que já está ficando saturada dos jogos em rede.
Assassin’s Creed: Brotherhood, enfim, como toda a série, é um jogo muito bacana, muito recomendado para quem possui os consoles de última geração. Com a opção de jogos on-line, ainda, acredito ser mesmo uma compra que valha muito a pena.