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Dragão Velho é que faz comida boa?

Primeira sessão de Old Dragon aqui na Hell’s Kitchen de Fortaleza. Após ter apresentado o livrinho vermelho um tempo antes, os jogadores ficaram curiosíssimos com a possibilidade de testar o jogo. Até me assustei com os pedidos de “bora logo!”. É a vida.
Não foi uma unanimidade. Dois jogadores estavam resistentes e continuaram resistentes dado o amor ao D&D 4 e a minha descrição honesta do jogo  como “um sistema low power onde a criatividade e improvisação podem salvar sua pele da morte certa”. No fim, após essas desistências (uma opção justa para todo e qualquer jogador) e um pequeno stress inflancionado por elas, outros cinco jogadores berraram pelo início da coisa.
Começamos as atividades gerais. Em nossa mesa isso significa um dos momentos mais divertidos para a imensa maioria: o sorteio de atributos. É sempre uma festa. Piadas sobre os personagens que nasceram de sete meses, gritos de “ai meu Deus, vou ser padeiro!” e a velha torcida pelos 18. Usamos uma regra de D&D: o jogador joga 4d6 e elimina o resultado mais baixo, repetindo o processo para cada Atributo. Em uma das rolagens, a sua escolha, o jogador pode “flutuar”, jogando novamente o dado mais baixo da mesma. Como regra antiga da casa, 4 dados que resultem em “1” dão ao azarão um 18.
Depois de alguns personagens extremamente bem nascidos e um ou outro que precisará mostrar seu valor sem os favores da natureza, todos começaram a fazer as fichas. Havia uma curiosidade normal e uma felicidade absurda quanto à simplicidade da coisa. Tudo estava pronto em dez minutos, resultado nos seguintes protagonistas:

Resumo besta das coisas
A aventura se desenrolava em uma vila-de-meio-de-estrada. Todos se conhecem em uma estalagem (acreditem, há ANOS não uso esse sabororo clichê!) e ali o grupo descobre que uma criatura desconhecida voltou após sete anos e raptou outra garota (maldita!). Partindo rumo a fazenda onde o pai da menina mora, os pobres aventureiros se deparam com a família inteira morta e transformada em zumbis!
Após combates contra lobos, hilárias negociações com fazendeiros locais, exorcismos em camponeses (um uso interessante de Afastar Mortos-Vivos), destruição de zumbis, investigações em um laboratório arcano escondido em um porão e um inacreditável encontro com patrulheiros elfos (“Elfos! Pelos deuses! São elfos!!!!”) o grupo descobre pedaços de um mistério envolvendo um berbalang e um mago (o mestre de Arthun). Pela manhã, ao retornar a vila para retirar um espírito que acabou possuindo o pequeno halfling (agora amarrado e amordaçado, mas furioso como um diabo-da-tasmânia) os personagens acham o local infestado de mortos-vivos. O que, raios, aconteceu com a população?! (“Walking DEEAAAAAAD?!”)
Considerações do pós-domingo
A recepção do sistema por quem jogou não poderia ter sido melhor. Fiquei profundamente surpreso com o fato de que jogadores apelões inveterados gostaram de um sistema sem talentos ou poderes. A mecânica das Jogadas de Proteção foi bem assimilada assim como o tom de improvisação (vi, depois de anos, magos derrubando cortinas para se proteger, halfligns passando por baixo das pernas de outros personagens sem “ajustar” e clérigos imaginando o que fazer com uma gama de magias simples). O subsistema de jogadas de iniciativa foi o principal estranhamento (“como assim a Destreza não conta quando ataco?”). A tabela da regra opcional de acertos críticos foi interessantemente elogiada (“Deu 6. Ele morreu”).
No mais: não dá pra saber o quanto o OD pode suportar jogos longos. Ele é simples e feito pra ser simples. Mas, julgando pela tarde divertida (fora os reveses iniciais mencionados acima) e pelos pedidos de continuidade no domingão que vem, acredito que o jogo passa no teste do “será que funciona?” da minha preconceituosa mesa (verdade seja dita: tenho jogadores muito resistentes ao novo e mais ainda ao indie). Ainda tenho, é preciso que se diga, um grupo que gosta da 4E e dos d20s gringos. Fico feliz de descobrir que não apenas isso.
Vamos ver o que o futuro reserva para este velho escamoso aqui, na Terra da Luz.
 
“Para aqueles que me procuram pra o Mal, saibam: eu tenho a LÂMINA!
Para aqueles que me procuram para o Bem: encontrem a Garganta das Trevas!”
– Misteriosas (e canastríssimas) inscrições deixadas por Altanar, o Insano.
 
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A imagem que ilustra este post é, obviamente, ilustração de capa e contracapa do Old Dragon, de autoria de Diego Mádia e Daniel Ramos e propriedade da RedBox Editora. É usada aqui com o objetivo de resenha. Todos os direitos reservados aos autores.
 
 

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