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Resenha: Dragon Slayer #33

Antes que vocês saquem suas armas pra bater neste pobre kender: sim, esta matéria está mais atrasada que lançamentos de RPG da Devir.
Não leio uma revista de RPG há pelo menos uns dois anos, quando por motivos financeiros deixei de comprar a DragonSlayer. Tomei emprestada a edição atual com o amigo de blog Tek, que me sugeriu que fizesse uma resenha. A capa traz uma série de chamadas que me agradaram: Tex Scorpion Mako, da trilogia de Tormenta escrita por Leonel Caldela; uma matéria de super heróis para 3D&T (tenho uma campanha de supers em suspenso); regras para combatentes para Tormenta RPG (com o qual estou começando a me familiarizar), e claro, a chamada principal, Vingança Élfica em letras garrafais com uma elfa ruiva guerreira que com certeza não parece ser a Vitória. Na geral, me interessou.
A primeira coisa que notei, apesar do hiato de dois anos, é que a qualidade gráfica da revista não apenas se manteve, parece ter melhorado. A diagramação continua agradável aos olhos, as escolhas de cores são bem acertadas, e os tipos não atrapalham a leitura. O papel também é de qualidade, e dada a quantidade de páginas, o preço não me parece absurdo. É provável que eu volte a comprar a revista assim que eu tiver uma fonte de renda decente. =)
Mas vamos ao conteúdo propriamente dito, não é mesmo?
Um editorial que eu tenho a impressão de já ter lido em várias revistas de RPG da mesma linhagem da DragonSlayer – meio apologético pelo excesso de adaptações de mangá, filmes, quadrinhos e afins, meio orgulhoso de atender aos pedidos da maioria dos leitores. É uma pena que a revista precise se justificar para uma pequena parte do público se a grande maioria (a que compra a revista regularmente) deve apreciar o conteúdo constante. Acho que isso vem do mau hábito brasileiro de achar que hobby não deve ser tratado com profissionalismo.
Não entendi muito um “Notícias do Bardo” com só um pouquinho de notícias numa caixa lateral (com os lançamentos recentes aqui no país) e uma extensa matéria sobre como organizar um encontro de RPG. A matéria em si é útil, mas falhei no teste pra compreender o que a matéria faz na seção de notícias. Ganhei uns 300 pontos de nostalgia com a seção de cartas, lembrou o melhor da época de ouro da Dragão Brasil. Sim, sou velho e nostálgico, me processem.
Em seguida, três reviews de produtos da Jambô. Dentro das possibilidades, os reviews são profissionais, mas claro, ocasionalmente ganham uma cara de release pra imprensa ao invés de reviews propriamente ditos. De um jeito ou de outro, os produtos são de interesse para o público: Mecha & Mangá, expansão de Mutantes & Malfeitores para lidar com campanhas baseadas em… mechas e mangá (duh); o encadernado do mangá Dragon’s Bride, que era publicado de maneira seriada na própria DragonSlayer; e o aguardado Bestiário de Arton, que aliás tem como um dos autores a prata da casa João Paulo “Nume” Francisconi.
As duas seções seguintes, Toolbox e Mestre da Masmorra, são o tipo de coisa que torna uma revista de RPG algo mais que um amontoado de aventuras, regras e fichas de personagem, e que pra mim são essenciais pra qualidade. Ambas me parecem auxílio indispensável para mestres e jogadores experimentarem outras possibilidades do hobby. E são escritas com cuidado e porque não maestria, pelos experientes Leonel Caldela e Gustavo Brauner.
A primeira matéria propriamente dita é sobre Super Mega City, uma cidade de super-heróis para 3D&T. E é um artigo realmente divertido. A cidade bebe de todas as fontes dos quadrinhos americanos, os personagens são homenagens interessantes, e talvez a melhor parte do artigo sejam o resgate das regras de super-poderes, vistas pela primeira vez em UFO Team, se não estou enganado. O artigo termina com uma pequena aventura introdutória, que me parece funcional numa passada de olhos, mas que ainda preciso testar.
Em seguida temos a matéria de capa, uma aventura para Tormenta RPG. Vingança Élfica é uma boa aventura. Bem costurada e amarrada, trabalha com reviravoltas para deixar os jogadores confusos… mas acho que uma coisa que faltou pra uma aventura que se pretendia um revival de grandes aventuras do passado da linhagem da DragonSlayer (Holy Avenger, só pra citar uma) foram NPCs carismáticos novos. Embora eu entenda as razões para não ter nenhum NPC novo que possa se tornar querido demais e depois só traga problemas para os responsáveis pelo cenário (sim, estou falando de você, Arsenal) no fundo, muito da diversão vêm sim de NPCs icônicos. E Morion realmente não me acertou não. Exceto por este aposto, não tenho um ‘A’ para falar da aventura. É muito consistente.
O Chefe de Fase Tex Scorpion Mako é um NPC divertido, assustador e me lembra muito o Shido aqui da .20. Acho que a parte mais legal são os talentos inspirados, dá vontade de usar imediatamente. A Gazeta do Reinado me parece continuar sendo um repositório tanto para fazer o cenário de Tormenta avançar cronologicamente, quanto de sementes de aventuras para mestres – o que é ótimo!
Honestamente, a matéria Manobras de Combate não me interessou muito, mas aí é uma questão pessoal – não jogo com classes combatentes e nunca me empolgo muito com esse tipo de matéria que mais me parece uma lista de magias para guerreiros com o nome de ‘estilo de luta’, ‘manobra de combate’, etc. Heróis de Mangá me cheirou como excertos do livro Mecha & Mangá, que eu ainda não tive a oportunidade de adquirir; apesar disso, é uma oportunidade legal para servir como test drive – se o artigo te agradar, comprar o livro é o próximo passo. O Fundo do Baú traz Millenia, primeiro RPG nacional de ficção científica, um clássico dos idos de 1995 (que eu tive a oportunidade de jogar num EIRPG há 15 anos atrás *suspiro de velho saudosista*).
No geral, uma coisa que costumava me incomodar em revistas de RPG não me incomodou nessa edição da DragonSlayer: a editora vendendo o próprio peixe. Acho que pelo fato da Jambô ter se diversificado e ter um ‘menu de sistemas’ que não é pequenino, o conteúdo da revista não fica na mesmice. Além disso, há uma evidente preocupação em matérias livres de sistemas, que podem beneficiar qualquer jogador ou mestre sem necessidade de ajustes ou adaptações. Não vou dizer que é a melhor DragonSlayer que já li, mas vou dizer sim, que é uma DragonSlayer que vale a pena ler.

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