O mundo é vasto de mitologia por toda parte. Egípcios, gregos, orientais… Todos com peculiaridades infinitas. Então, já pensou em inserir um pouco disso em sua mesa? O que acha de interpretar um hospedeiro de um antigo deus egípcio? Ou então um semi-deus, filho de um grande deus grego? Toda semana trarei um pouco de determinada mitologia, junto com algumas ideias para incrementar suas aventuras. Quem sabe no final, com um mix disso tudo, rola uma campanha interpanteóica… Mas pra começar, os deuses egípcios e seus hospedeiros.
Para começar, um pouco de mitologia egípcia, baseado daqui, alías, boa parte da história do panteão vai ser extraído de lá:
O Panteão egípcio é de longe o mais antigo, se comparado com os demais. Surgindo na região próxima às margens do rio Nilo, uns 3000 a.C. O panteão valoriza o ma´at, o conceito de justiça, verdade, equilíbrio e moralidade segundo a ordem social. Segundo esse conceito, cada pessoa deve saber sua posição na sociedade e cada posto deve ser ocupado pelo indivíduo correto. Esse equilíbrio se manifesta através de práticas públicas corretas e na realização dos rituais necessários, o que traz a harmonia com o universo e a prosperidade.
A prática do ma´at permite que cada pessoa saiba seu papel na sociedade e traga prosperidade à sua vida. Ela fortalece a convicção dos praticantes, permitindo que eles compreendam que bem e mal são conceitos ilusórios e tudo que importa é a manutenção do equilíbrio e a fé nos deuses do panteão. Isso torna-os um panteão coeso e capaz de resistir a depredação do caos e do tempo.
Em contrapartida, os deuses são acusados de serem reacionários e se concentrarem demais na manutenção do equilíbrio e do status quo, sendo incapazes de se adaptar a mudanças. Eles preferem as soluções que gerem o mínimo de alteração no mundo, mesmo quando elas não são ideais. (…)
Até aqui foi mitologia verdadeira. Que paradoxo. Agora vou introduzir um conceito que vi na leitura do livro A Pirâmide Vermelha, de Rick Riordan, que é o primeiro livro d’As Crônicas dos Kane.
(…) Contudo, nem sempre é tão fácil assim manter tudo balanceado entre o Caos e a Ordem. De tempos em tempos batalhas tem sido travadas entre os deuses de tempos em tempos. Costumam procurar hospedeiros na terra atual. Seus hospedeiros costumam ser monumentos egípcios, como pirâmides, obeliscos, museus… Entretanto, algumas vezes em séculos, eles procuram hospedeiros humanos, para tentar repetir suas querelas antigas. Os deuses não ficam totalmente presos em seus escolhidos, apenas parte do poder deles fica a disposição do hospedeiro. Poucos sobrevivem, muita das vezes concedendo controle total ao deus hospedado no escolhido.
Com receio de que um dia os próprios deuses não conseguissem manter a Ordem e o Caos, um faraó criou a Per Ankh, a Casa da Vida, responsável por treinar magos que pudessem manter o equílibrio entre os deuses. A Casa cresceu, e hoje divide-se em 36 Nomos, um para cada fatia da terra, cartograficamente falando. Todos os magos da Casa estão sob o poder do Sacerdote-leitor Chefe, e nem todos os magos são da Casa da Vida. Os deuses normalmente escolhem os descendentes dos Faraós, e cabe aos magos da Casa da Vida a proteção dos mesmos. Para ser um mago da casa da vida é necessário muito treinamento. Os mais treinados normalmente escolhem uma habilidade específica como controle de elementos, criação de shabtis (construtos), encantamentos, pergaminhos, adivinhação, entre outras
Kit Mago da Casa da Vida
Exigências do Kit: Magia Branca ou Magia Elemental, H1
Função: Dominante, Atacante ou Baluarte.
Ainda crianças, são selecionados para iniciar o treinamento e estudos da Casa da Vida. São recrutados ainda jovens pela fácil absorção de conhecimento e também pela pureza no coração, que torna o envolvimento com o Ma’at perfeito.
Finalizado o treinamento, realizam testes para descobrir sua principal virtude, como os caminhos elementais, adivinhação, magias de proteção, magias de combate, entre outras. Depois de formados, é comum que andem em pares pelo mundo, afim de recrutar mais membros para a casa. É comum vê-los com frequencia utilizando vestes de linho e algodão, de caráter do Egito antigo, pois se utilizarem quaisquer peças de origem animal, como couro, pode influenciar no desenvolvimento da magia.
Os poderes do Kit:
- Afinidade com o Duat: Magos antigos costumam fazer suas viagens através de portais físicos (Obeliscos, Pirâmides…) presentes no mundo. Quaisquer mago pode usar os portais para se teleportar, mas é algo extremamente complicado. Magos que adquirem esta habilidade podem usar o poder do Duat para teleportar para qualquer outro monumento egípcio da terra. Ver depois detalhes da teleportação.
- Conhecimento Antigo: Quando ainda jovens, os magos costumam estudar muita história do Egito antigo, suas crenças e seu idioma. Recebem as especializações História, de Ciências, e Hieróglifos e semelhantes, de Idiomas.
- Descrença no divino: Magos da Casa da Vida têm um certo receio quanto aos aos deuses, visto que, no seu ponto de vista, foram os mesmos deuses que destruíram e levaram a civilização ao jeito em que hoje está. Podem realizar magias que contenham Clericato mesmo que não possuam a vantagem.
Observações: Nem todos os magos que utilizam a magia antiga passam pela Casa da Vida. Os próprios Carter e Sadie Kane não fizeram tal treinamento durante a infância e já despertavam os poderes em si. Um antigo homem conhecido como Mosha, ou Moisés, no seu idioma, também foi um grande exemplo de pessoas que não passaram pela Casa da Vida.
É comum também que magos usem uma varinha — normalmente de madeira, e sempre curvada –, para realizar as magias de ataque e encantamentos, e um bastão — este pode ser de qualquer material –, para realização de invocações e técnicas de defesa.
As teleportações utilizando o Duat, um plano alternativo onde criaturas e deuses vivem espiritualmente são complicadas. É necessário um portal físico: um obelisco, uma pirâmide, interior de um museu… E também um controle das horas — normalmente são abertos portais ao meio-dia, ou a meia-noite –, ou ocasiões especiais, como um equinócio, eclipse, data de evento histórico, ficando esta a cargo do mestre.
Também são proibidas entre os membros da Casa da Vida o uso da magia divina, sendo este ato um crime digno de ser jogado vivo em uma fogueira.
Os deuses e seus hospedeiros
Os deuses do panteão egípcio hoje não são de muita influência no mundo. Hoje, presos no Duat somente na forma de espírito, não têm poder para agir diretamente sobre os humanos. Numa tentativa de voltar a atividade, costumam aproveitar alguma invocação, em sua maioria, sem querer, por parte de magos ou de simples mortais com uma curiosidade sobre arqueologia, para que possam habitar em outras pessoas.
Normalmente, eles só costumam fazer isso de tempos em tempos, quando algum acontecimento está para acontecer, por isso são muito raros os casos. Eles têm a preferência de escolher descendentes de faraós, o sangue dos faraós, por conta do poder oculto presente neles. Na maioria das vezes, os hospedeiros se relacionam internamente aos extremos. Ou desconsideram todo o poder que um deus antigo pode fornecer, ou então abdicam de controlar seu próprio corpo, deixando-o por conta da própria divindade o controle. A segunda opção SEMPRE resultou na morte do hospedeiro.
Com o tempo, os hospedeiros acabam por adquirir um tanto da personalidade do deus “hospedado”. Então, aqui vamos fazer um tour pelo Panteão:
O juiz do mundo dos mortos, Anubis possui o corpo de um homem e a cabeça de um chacal. Dono de um senso de humor negro, uma atitude urbana, sofisticada e inconstante, ele é o deus dos profissionais que lidam com os mortos (legistas, taxidermistas, embalsamadores, etc.).
Ele sempre mantém o humor inconstante. Sua lealdade é perfeita enquanto num desses papéis, entretanto ele assume e abandona identidades com uma frequência difícil de acompanhar.
Rá, ou Atum-Ré
O criador e deus sol, aquele que atravessa o céu no seu barco solar. Atum-Re é o deus da magia no panteão, aquele que era intocado e superior até ter seu verdadeiro nome roubado por Isis e colocado no mesmo nível dos outros deuses. Ele ainda mantém o ar superior, reservado e cauteloso. Na verdade a máscara de desinteresse é só uma maneira de esconder sua raiva e desprezo pelos outros deuses do panteão por roubarem parte de seu poder.
Atualmente está exilado, e comando do Panteão ficou a cargo de Osíris, e depois Hórus. Somente se apresenta ao mundo na forma do próprio Sol.
Filho de Osíris e Isis, o deus de corpo humano e cabeça de falcão. Um ex-faraó egípcio, ele adora contar histórias sobre sua época como imperador. Tradicionalista ao extremo, ele repudia o modo de vida atual e à forma como as coisas são feitas. Ao mesmo tempo, ele é um deus dedicado a proteção do panteão e do mundo, obsessivo nas missões e deveres que impõe a si mesmo e aos seus filhos.
Geb
O deus da Terra, pai de Osíris e Set e ex-esposo de Nut, a Titã da Noite. Geb foi um dos maiores críticos à guerra contra os Titãs, mas escolheu se manter com seu panteão após o início do conflito devido a sua crença no ma´at. Geb ainda se sente dividido entre o dever para com o panteão e seu amor pela Titã, viajando constantemente ao nosso mundo à procura de mulheres que o lembrem de Nut.
A guardiã da família e deusa da magia, Isis é uma deusa manipuladora que utiliza de suas habilidades para garantir seus interesses. Ela ressuscitou Osíris, mas não o deixou completo para poder trazer Horus para o panteão. Ela enganou Atum-Re para roubar seu nome e garantir que ele não fosse superior aos outros deuses. Ela sempre se preocupa com a manutenção de seu próprio poder e suas redes de intrigas, justificando isso para si mesma como uma forma de manter a coesão e a segurança do resto do panteão.
Osíris
O antigo deus principal do panteão, Osíris foi morto e feito em pedaços por Set. Isis reuniu as partes o fez ressuscitar. Entretanto nem todos os pedaços foram utilizados e ele se tornou eunuco. Incapaz de continuar governando os deuses dessa forma, ele se tornou o deus dos mortos.
O deus com uma cabeça canina, o mais traiçoeiro e perigoso dos deuses egípcios. Ele matou seu próprio irmão para tentar roubar o trono e seu plano somente falhou porque desconsiderou as intrigas de Isis, que criaram um novo deus para deter Set. Mesmo com sua fama e sua história, Set é um guardião dedicado do mundo contra os ataques dos Titãs. Essa dualidade reflete sua crença numa versão própria do ma´at, distorcida pelos seus próprios desejos. Ele é um protetor do Pesedjet, mas um protetor que questiona sua posição na hierarquia do panteão.
Tot
O criador da magia e das línguas. Thoth é o responsável por manter os segredos mais importantes do panteão e por fazer anotações sobre tudo que acontece. Tendo tempo suficiente para consultar seus registros, Thoth pode descrever qualquer coisa que tenha acontecido nos últimos 4.000 anos no nosso mundo.
Os deuses menores
Não só de glória e poder vive o Panteão. Ele também tem seus deuses menos conhecidos, mas que nem por menos são pouco poderosos. No entanto, estes não podem assumir hospedeiros humanos, preferindo então assumir animais, monumentos e outras formas, diferentemente dos Maiores que só podem ser libertados sem qualquer interferência dos mesmos. Vamos a eles:
Ptah
O deus dos jogos, artesões e arte (em pedra, tecido e lã). Ele é o deus das bonecas e dos brinquedos. O amor pela criação e a capacidade de trazer divertimento e felicidade aos outros é o que motiva esse deus. Sua atitude acaba contrastando com os outros membros do panteão, pois Ptah não está interessado nas intrigas de Isis ou nas disputas por poder de Osiris, Horus e Set.
Sobek
O deus dos crocodilos e do Nilo. Os crocodilos sempre foram animais temidos, por serem traiçoeiros e capazes de atos malignos sem justificativa. Ao mesmo tempo, eles são associados ao rio Nilo e a fertilidade que suas enchentes traziam ao povo egípcio (e por isso a associação do deus com o rio). Isso se reflete no deus, que é ao mesmo tempo temido devido a inconstância de seu humor e valorizado pela sua importância na manutenção da fertilidade no Egito.
Bastet é a rainha dos felinos e das profecias. A guardião do Livro de Thoth, o objeto que controla forças poderosas como o tempo-espaço e o ciclo de vida, morte e renascimento. Na sua forma natural Bastet tem o corpo de uma linda e graciosa mulher e a cabeça de um gato. Bastet também é a substituta de Sekhmet, no cargo de Olho de Rá. Sua missão é combater eternamente a serpente do caos Apófis.
Apófis
Apófis não é uma divindade do panteão. No princípio, Set era o convocado de Rá para a então batalha com a serpente instauradora do Caos. Uma profecia, diz que sua vinda deixaria o equilíbrio do ma’at em desacordo e até mesmo os deuses maiores não teriam salvação. Rá então designou a Bastet a missão de combater Apófis, já que os demais deuses andam aprisionados, antes ainda de seu exílio.
Ainda não se sabe ao certo quando irá acontecer a profecia, mas enquanto a batalha eterna não termina, todos aguardam a volta com medo.
No próximo artigo, a Vantagem Única dos Escolhidos e mais umas magias e algumas habilidades mágicas.
Enjoy!