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Combate brutal em D&D

 
Há um bom tempo o Danielfo do Pensotopia me desafiou a pensar regras de mutilação em D&D 4E. Não sei se ele ainda lembra-se disso. Achei a coisa uma boa ideia pra um post, mas faltou oportunidade para testar em mesa. Não mais.
Por dois motivos claros, D&D sempre optou por um sistema de dano restaurativo. Por restaurativo, me refiro, obviamente, às mecânicas dos PVs e Curas, onde a representação de um ferimento é sempre algo passível de ser recuperado (seja com descanso, seja com magia).
Quanto aos motivos, falo de 1) a tradicional escolha de uma linguagem não-restritiva, que pudesse trazer jogadores jovens sem prejuízos legais (i.e.: o contraditório controle moral da sociedade americana sobre coisas como religião, violência e etc em [alguns] produtos de entretenimento) e 2) a simplicidade mecânica de manter as coisas dessa forma.
A idéia de que danos físicos – causados em combate -, como cegueira ou amputações, fazem parte de alguns universos fantásticos/ficcionais/literários, sempre vem à tona quando um mestre mais detalhista dá de cara com essa ausência nas regras. Ela não apenas minimiza a preocupação dos jogadores com consequências sérias da vida violenta, como também limita certos tipos de estilo. Mas, esclareço logo que não acredito que regras deste tipo sejam indispensáveis em seu sentido mais realista. Não apenas pelo simples motivo de que cenas brutais e dramas de longo fôlego sobre braços e visão perdida são partes de “climas” muito específicos. Mas porque, sobretudo, uma mecânica realista desse tipo de coisa pode ter um efeito contrário e produzir uma busca desenfreada por vantagens de combate, banalizando a proposta (alguém se lembra das regras de amputação do Manual vermelho de 3D&T?).
Dito isso, trago aqui regras de dano grave para serem usadas em Dungeons & Dragons 4ª Edição – na verdade, regras que usei em duas de minhas histórias, como “regras do capítulo”, a fim de dramatizar certo momento da campanha. Quem sabe elas podem ser usadas em sua mesa, em uma história ou campanha particular?
Aviso clássico: seguindo o raciocínio esboçado, as mecânicas em questão não são realistas. São para histórias fantásticas, onde heróis continuam combatendo mesmo cegos ou sem um braço. São regras para apimentar um combate com um fator de dificuldade/drama a mais, não para transformar a aventura em uma tragédia pessoal de longo prazo. D&D não é exatamente sobre isso. A possibilidade de eliminar as penalidades em curto/médio prazo (no fim do encontro ou com testes bem sucedidos de Tolerância, no caso de Mutilação severa) representa esse teor fantástico. Como quase tudo no novo D&D, as regras não explicam como isso acontece. Cabe aos jogadores ou ao mestre explicar os efeitos dessa recuperação extraordinária em termos de história.
Aviso de precavido: a determinação de “mutilação” como uma forma de “doença” (veja a seguir) é mera comparação mecânica, para não fugir dos termos de D&D. Nem de longe se quer dizer aqui que pessoas reais, vítimas de acidentes ou portadores de quaisquer tipo de condição apresentada neste post seja um “doente” sob qualquer aspecto. Prestem atenção nisso.
Regra de Dano Grave

Todas as criaturas e personagens do jogo recebem um ataque novo:


O mestre pode ainda determinar que após o combate o personagem é alvo do seguinte efeito (semelhante a uma doença; página 49 do LdM):

Esse tipo de dano é o resultado do vigor da luta e da tentativa macabra dos envolvidos em ganhar vantagens desleais sobre seus oponentes, se valendo de uma oportunidade. Não é exatamente uma coisa de heróis e tem muito mais a ver com histórias como Bersek e similares, onde a mutilação é consequência bem natural da batalha e uma prática de alguma forma comum entre lutadores mais amorais. Ainda assim, pode ser interessante usá-lo em algumas histórias pesadas ou em uma campanha mais ambígua, onde a violência e o combate podem ser pensados dentro de um tom mais cruel. A escolha é sua.
Você usa/usou/usaria regras diferentes? Compartilhe!
P.S.: A imagem usada neste post é do mangá Biomega de Tsutomu Nihei. Todos os direitos reservados ao autor.

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