Steal Away Jordan – SAJ – é um RPG onde os jogadores exploram os efeitos sociais e psicológicos da vida em uma sociedade onde pessoas podem ser propriedade.
Fortemente narrativista, SAJ é desenhado para se jogar com a escravidão como tema, o que não quer dizer que tenha de ser a escravidão africana das américas nos séculos XVIII e XIX, embora esta seja a maior fonte de exemplos do livro.
Todos os jogadores começam o jogo como escravos, e o Narrador cuidará dos outros personagens. Entretanto, quando a história de um personagem acaba (seja por morte, complitude de seus objetivos ou outros motivos que o tirem da história) seu jogador tem a opção de jogar com qualquer dos outros personagens relacionados ao seu, sejam escravos, capatazes, senhores, ou outros personagens.
Apesar de ter um certo apelo histórico, o jogo também lida com o sobrenatural. Principalmente baseado nas culturas africanas. Os jogadores podem optar por jogar com um “conjurador”, o qual não deixa de ser um escravo, mas que tem a possibilidade de preparar encantos de “boa sorte”, ou “feitiços” de proteção. Além disso, também existem os bons e maus espíritos, que influenciam na vida dos personagens, auxiliando ou atrapalhando suas ações.
Das questões mecânicas, o sistema utiliza basicamente disputas com grandes pilhas de dados (dice pool), divididas em grandes disputas e pequenas disputas, e barganhas ou conflitos. Se seu personagem está em disputa com um aliado, é uma barganha, de forma que os dois podem se beneficiar da disputa (embora apenas um ganhador), enquanto se a disputa for com um inimigo, um conflito, o perdedor perde tudo. Já o “tamanho” do conflito, depende se pesonagens podem morrer no processo, se objetivos podem ser alcançados ou perdidos, enfim, quando há muito em jogo.
Mas o que mais chama a atenção são as ferramentas usadas para criar a atmosfera do jogo.
Em primeiro lugar, Os jogadores fazem suas fichas de personagem, mas não podem escolher seus nomes. Os nomes serão escolhidos pelo narrador, o que retira um pouco da “liberdade” dos jogadores. Entretanto, o mais legal é que os objetivos de cada personagem devem ser mostrados para todos os jogadores, mas não ao narrador. Ou seja, a história que o narrador preparou para o jogo é completamente independente do que seus personagens precisam. Para serem verdadeiros heróis, eles terão que aproveitar todas as oportunidades para tentar alcançar seus objetivos, pois a história não foi projetada para que eles ganhassem.
Steal Away Jordan foi escrito em 2007 por Julia Elingboe, e, como livro, é um tanto confuso e mal apresentado, o que é uma pena pois seu conteúdo realmente traz uma visão inovadora sobre jogos de narrativa.