O editor é o profissional responsável por “lapidar a pedra bruta” do texto do autor. Um aliado indispensável, nunca inimigo ou obstáculo.
A relação hierárquica que se estabelece quando uma editora opta por um lançamento é que o editor está acima do autor no que diz respeito à palavra final sobre a publicação de um produto de entretenimento. Mas é o autor, ainda assim, que detêm a palavra final sobre a sua produção intelectual. Ao editor cabe a tarefa de entender a intenção do autor e, parafraseando uma lição do J.M Trevisan, “ajudá-lo a contar a história do jeito que ele (o autor) contaria”. Então o editor sugere alterações no texto, evidencia períodos mal construídos, inversões ou contradições na trama e personalidade das personagens, elementos que ofusquem ou subtraiam valor da obra (como erros gramaticais e sintáticos); devendo auxiliar o artista na revisão dos detalhes necessários.
Até aí, o poder do veto é exercido como direito irrevogável de ambas as partes, e é onde as coisas se confundem…
Mas quem define quais detalhes são necessários?
O editor, obviamente.
Motivo: possuir visão desapaixonada do texto, visto que não foi ele quem escreveu. Perde-se, então, a defesa criativa e vícios de leitura que nublam a mente em sucessivas revisões. Mas nem tudo é definitivo e o editor deve ponderar as considerações do autor, quando bem embasadas, pois, como diria o mestre H.G.Wells, “nenhuma paixão no mundo é comparável à paixão por alterar textos alheios”.
No entanto o bom editor sabe que “sua mão deve ser invisível”, compreendendo que o brilho é do autor e contentando-se com o papel coadjuvante.
O Veto
Esta relação profissional deve ser baseada em respeito e humildade. Editores erram, autores erram: errar é humano, por conseguinte não sejamos burros de permanecer no erro de não admitir este fato.
O pior sentimento que se pode levar para um processo de edição é o orgulho.
Conto, aqui, dois fatos: no início da edição de um romance eu mandei um e-mail ao autor sugerindo mudanças no primeiro capítulo. Dizia algo acerca de trabalharmos na busca de uma melhor estrutura e criticava um trecho de uma cena de ação que me parecia confusa. O autor respondeu dizendo que ia reler o texto com base nas minhas anotações, sempre humilde e ótimo de se trabalhar. Dias depois enviei um novo e-mail avisando que o trecho que eu criticara não precisava ser reescrito, a minha interpretação dos fatos é que estava errada.
Outro causo se deu num trabalho onde enviei um texto editado ao autor e ele respondeu que não abriria mão de um trecho que eu havia cortado, sempre explicando os motivos para debate com o autor. Pedi explicações sobre a intenção daquele texto suprimido e me comprometi com uma releitura. O fiz, a explicação não convenceu, questão de defesa criativa. Após uma última explanação dos motivos que levaram ao corte, avisei que o texto só seria publicado daquele jeito. Nesse momento o autor ponderou e optou por acatar a edição, mas teve a oportunidade de defender sua posição; e mesmo de não concordar, desautorizando a publicação.
Vale o lembrete de que a última coisa que se diz durante uma edição (e isso vale para ambas as partes) é “não abro mão”.
Ponto de equilibrio
Isso nos mostra que existe uma linha tênue nessa relação autor/editor. Uma vez em conversa com Leonel Caldela ele disse “isso é bem delicado, aí entra a questão do autor ponderar até que ponto vale uma publicação”. Defendo que o autor precisa proteger seu texto se não acorda com o resultado da edição, mesmo que isso o exclua de uma publicação. Em contrapartida penso que o editor, em dado momento, precisa mostrar que existe uma hierarquia e que suas sugestões ou exigências são fruto de equívocos que um escritor desconhece, devido a sua paixão pelo texto.
Esse ponto de equilíbrio, no intuito de evitar conflitos e mediar uma boa relação de trabalho, é o que deve prevalecer.
A relação hierárquica que se estabelece quando uma editora opta por um lançamento é que o editor está acima do autor no que diz respeito à palavra final sobre a publicação de um produto de entretenimento. Mas é o autor, ainda assim, que detêm a palavra final sobre a sua produção intelectual. Ao editor cabe a tarefa de entender a intenção do autor e, parafraseando uma lição do J.M Trevisan, “ajudá-lo a contar a história do jeito que ele (o autor) contaria”. Então o editor sugere alterações no texto, evidencia períodos mal construídos, inversões ou contradições na trama e personalidade das personagens, elementos que ofusquem ou subtraiam valor da obra (como erros gramaticais e sintáticos); devendo auxiliar o artista na revisão dos detalhes necessários.
Até aí, o poder do veto é exercido como direito irrevogável de ambas as partes, e é onde as coisas se confundem…
Mas quem define quais detalhes são necessários?
O editor, obviamente.
Motivo: possuir visão desapaixonada do texto, visto que não foi ele quem escreveu. Perde-se, então, a defesa criativa e vícios de leitura que nublam a mente em sucessivas revisões. Mas nem tudo é definitivo e o editor deve ponderar as considerações do autor, quando bem embasadas, pois, como diria o mestre H.G.Wells, “nenhuma paixão no mundo é comparável à paixão por alterar textos alheios”.
No entanto o bom editor sabe que “sua mão deve ser invisível”, compreendendo que o brilho é do autor e contentando-se com o papel coadjuvante.
O Veto
Esta relação profissional deve ser baseada em respeito e humildade. Editores erram, autores erram: errar é humano, por conseguinte não sejamos burros de permanecer no erro de não admitir este fato.
O pior sentimento que se pode levar para um processo de edição é o orgulho.
Conto, aqui, dois fatos: no início da edição de um romance eu mandei um e-mail ao autor sugerindo mudanças no primeiro capítulo. Dizia algo acerca de trabalharmos na busca de uma melhor estrutura e criticava um trecho de uma cena de ação que me parecia confusa. O autor respondeu dizendo que ia reler o texto com base nas minhas anotações, sempre humilde e ótimo de se trabalhar. Dias depois enviei um novo e-mail avisando que o trecho que eu criticara não precisava ser reescrito, a minha interpretação dos fatos é que estava errada.
Outro causo se deu num trabalho onde enviei um texto editado ao autor e ele respondeu que não abriria mão de um trecho que eu havia cortado, sempre explicando os motivos para debate com o autor. Pedi explicações sobre a intenção daquele texto suprimido e me comprometi com uma releitura. O fiz, a explicação não convenceu, questão de defesa criativa. Após uma última explanação dos motivos que levaram ao corte, avisei que o texto só seria publicado daquele jeito. Nesse momento o autor ponderou e optou por acatar a edição, mas teve a oportunidade de defender sua posição; e mesmo de não concordar, desautorizando a publicação.
Vale o lembrete de que a última coisa que se diz durante uma edição (e isso vale para ambas as partes) é “não abro mão”.
Ponto de equilibrio
Isso nos mostra que existe uma linha tênue nessa relação autor/editor. Uma vez em conversa com Leonel Caldela ele disse “isso é bem delicado, aí entra a questão do autor ponderar até que ponto vale uma publicação”. Defendo que o autor precisa proteger seu texto se não acorda com o resultado da edição, mesmo que isso o exclua de uma publicação. Em contrapartida penso que o editor, em dado momento, precisa mostrar que existe uma hierarquia e que suas sugestões ou exigências são fruto de equívocos que um escritor desconhece, devido a sua paixão pelo texto.
Esse ponto de equilíbrio, no intuito de evitar conflitos e mediar uma boa relação de trabalho, é o que deve prevalecer.