Apesar de usar os nomes das três classes mais arquetípicas D&Dêicas, este jogo não utiliza a mecânica de classes. Os nomes dessas classes são, na verdade, os atributos do personagem. Da autoria de Michael Wolf (do blogue gringo Stargazer’s World) é um RPG de fantasia “medievalesca” tradicional que, em termos de peso, detalhamento e complexidade, é bem semelhante ao Dungeoneer.
Os personagens, como dito anteriormente, possuem 3 atributos: Warrior, Rogue e Mage. Warrior representa coisas como habilidade marcial, robustez física e coragem; Rogue, furtividade, esperteza e agilidade; Mage, inteligência, força de vontade e disciplina mental. Os atributos vão de 0 a 6, e personagens têm 10 pontos para distribuir entre eles. 0 em atributo significa que o personagem não pode realizar ações ligadas a ele — Mage 0, por exemplo, impede que o personagem lance magias. Testes são feitos somando o valor do atributo ao resultado de 1d6 contra o resultado de um oponente ou uma dificuldade (de fácil, 5, até ultra-desafiador, 13).
Aos atributos somam-se as Skills, que o personagem recebe 3, e são áreas de especialidade. Não são graduadas, mas binárias — se o personagem possui uma skill relevante, recebe um bônus de +2 no teste de atributo relacionado. Os personagens recebem ainda um Talent, uma habilidade especial que lembra os feats do d20 — mas tudo bem simples, cada um é descrito em uma linha e estão todos contidos em uma única página.
Os personagens ainda contam com Hit Points (não preciso explicar), Fate (cujo gasto permite: fazer errar um ataque cujo dano teria morto o personagem ou; declarar um fato menor no mundo de jogo ou; refazer uma rolagem ou receber um bônus de +2 em um teste) e Mana (usado para conjurar magias). Estes valores são derivados dos atributos — Hit Points = Warrior + 6; Fate = Rogue; Mana = Mage x 2.
Resolução de tarefas é feita rolando contra uma dificuldade ou um agente opositor. Há um sistema específico de combate (i.e. não resolução de conflito) — uma rolagem de ataque contra a Defesa — [(Warrior + Rogue)/2] + 4 — e, caso acerte, causa dano, que é deduzido dos Hit Points. Variedades de armas e armaduras são diferenciadas mecanicamente. As magias são descritas em poucas páginas, em parágrafos bem enxutos (à la Dungeoneer), e dividas em 4 círculos, que definem o gasto em Mana e a dificuldade do teste de Mage necessário para conjurá-la. O personagem que opte por usar magias pode possuir um livro de feitiços, e a ele adicionar magias, comprando-as ou encontrando-as em aventura. Os custos das magias estão na tabela de equipamentos, e não há restrição quanto ao círculo da magia a ser adquirida (exceto seu custo, claro). Mesmo um personagem de Mage baixo pode, se tiver os recursos, comprar uma magia de 4o. círculo, mas como são necessários testes deste atributo para lança-las, um escore alto (e a Skill Thaumaturgy) ajuda bastante. Implements também podem ser comprados, e estes podem armazenar pontos de Mana ou feitiços.
Existem, opcionalmente, raças não-humanas — o .pdf traz um cenário, que prevê apenas humanos –, como elfos, anões e goblins (mecanicamente definidos por Talents disponíveis para a raça) e, também como regras opcional, a variante Warrior, Rogue, Scholar — nesse caso, lançar magias requer um Talent específico para tal. Além da ambientação, o livro traz também um bestiário. (E também perigos como fogo, afogamento, etc., o de praxe.)
É um sistema bem leve e simpático, bom para quem quer rolar aventuras de fantasia, mas não quer conjuntos enormes de regras ou opções táticas minuciosas de combate. Tem o peso de um Dungeoneer ou um PDQ, mas, diferentemente desse, o detalhamento do personagem é feito em termos mais tradicionais, com armas e feitiços individuais (ainda que os pontos de Fate permitam, ocasionalmente, um controle narrativo bem pequeno). O interessante, ao meu ver, é a definição dos atributos a partir dos arquétipos de classe. Um tipo mago evidentemente tem Mage alto; um bardo da vida teria um equilíbrio entre Mage e Rogue; bons valores em Mage e Warrior nos dão um clérigo ou paladino, de acordo com a ênfase dada a um ou outro dos atributos, e por aí vai. Um mix bem agradável de leveza indie e design tradicional.
Warrior, Rogue & Mage
Michael Wolf
39 páginas, .pdf (8,58MB)
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