Inferno – Profissões

Talvez você não saiba, mas eu tive um sonho…

Brincadeira. Num passado remoto, escrevi em parceria com vários amigos Inomináveis um cenário de fantasia steampunk chamado Inferno – Movido a Vapor. Esse cenário reuniu uma série de idéias bacanas sobre um mundo pós-apocalíptico onde a magia morreu e as raças tiveram que se adaptar à tecnologia dos goblins nos últimos anos de vida que lhe restam. É um lugar ruim, que fica pior a cada dia que passa. E, como alguém disse alguma vez, as profissões atendem as necessidades de sua época…

Inferno - Profissões 1

Todo sábado trarei para vocês aqui do Roleplayer um novo kit de personagem para o sistema 3D&T Alpha para jogos ambientados em temáticas steampunk, mais especificamente em Gandara. Após todas as profissões básicas estarem descritas, pretendo juntar tudo num PDF bonito e vender. Rá! Tá, provavelmente vou distribuir ele gratuitamente aqui. Segue o texto de introdução do livro, e o primeiro da série de onze Profissões.

Profissões

Escolhas de Vida

Sou o melhor no que faço.
– Logan – Malandro bretão

Todos os habitantes de Gandara, em determinado momento de suas vidas, são colocados diante de uma escolha. Uma opção que daquele dia em diante irá ditar a sua forma de reagir ao mundo ou sobreviver a ele. Sejam movidos por puro desespero, por vocação, guiado por um sonho de juventude ou por não possuir nenhuma outra escolha, as pessoas precisam adotar um meio de vida. Uma profissão.

E estas são inúmeras. Desde o taverneiro mal humorado, passando pelo ferreiro da vila e pela rapariga oferecida das praças escuras, todos são profissionais de suas respectivas áreas. Todos tem sua devida importância para o dia a dia das cidades e vilarejos do mundo. Mas, é claro, nem todas são famosas por proporcionarem grandes emoções em seu dia a dia, mesmo em um mundo morto.

Das inúmeras áreas de trabalho ou modos de vida existentes, existem algumas que são especialmente relacionadas à aventura, ao perigo e ao confronto. São as profissões básicas adotadas por aventureiros e heróis. Não necessariamente, todos adotam estas profissões desde a tenra idade. É possível que um taverneiro malandro se torne um soldado, da mesma forma que um dia ele poderá vir a ser um bruxo. Contudo, quanto mais alguém se dedica a uma única profissão, mais ele a conhece, e melhor será na execução dela.

Em Gandara, as profissões básicas são em número de onze. Elas representam os grupos de aventureiros mais comuns em todo o mundo, refletindo também as principais características que auxiliam um grupo pequeno a sobreviver aos desafios do Inferno. Não é incomum que em conjunto formem castas inteiras seja em exércitos ou em grandes centros, mas em separado, suas habilidades se completam tornando-os mais eficazes diante dos inúmeros desafios neste mundo a vapor.

Amaldiçoados são feiticeiros geralmente malignos ou então desesperados que trocam a própria alma por poder em vida, para pagarem por ele após sua morte. São cada vez mais comuns em todas as regiões do mundo, aumentando em número drasticamente após a passagem de Mephisto. Ser um amaldiçoado o torna mal-visto em qualquer parte, ou pelo menos, em qualquer lugar considerado normal.

Artífices, divididos entre os inventores e químicos são as grandes vedetes da Revolução Industrial que salvou o mundo da extinção precoce. São os responsáveis pelo surpreendente maquinário que hoje torna a vida das cidades possíveis, além de equipar exércitos com suas armaduras e tanques a vapor. São também artífices os químicos e alquímicos que fazem do uso de fórmulas e substâncias seu meio de subsistência, através da medicina ou da produção de componentes como a pólvora.

Os Bruxos, magos de grande poder dominadores da energia proveniente dos mortos – o necromana – são os estudiosos dos fenômenos não explicáveis através da ciência. São os últimos a manterem um pé em épocas anteriores, lidando com a energia das trevas para conquistar seu espaço na nova era. Sofrem por isso, não apenas com o preconceito dos temerosos homens e mulheres deste mundo, um preço ainda mais alto. A maioria é disforme, com marcas profundas em seus corpos transparecendo o caminho mágico manipulam.

Caçadores, os últimos verdadeiros paladinos deste mundo, são homens desapegados que vagam destruindo o mal e seus causadores. Mortos vivos são os principais alvos de sua jornada pelo bem, mas raramente fazem distinção entre outros monstros como demônios, anjos caídos e demais aberrações. Alguns Caçadores são conhecidos guerreiros errantes, vagando de cidade em cidade prestando seus serviços em prol de um lugar pelo menos um pouco melhor.

Os Malandros são um reflexo dos novos tempos em que sobreviver está acima até mesmo da honestidade. Peritos em invasão, arrombamento e em ações furtivas, estes ladinos fazem do trambique e da enganação sua profissão eleita. Espertalhões de marca maior, não perdem a chance de um bom golpe, e poucas coisas os motivam mais do que algumas moedas de ouro tilintando na bolsa.

Mariachis são um antigo costume dos reinos do sul de Sephirot que ganharam o mundo. Bardos talentosos tanto com a viola quanto com um revólver, levam uma canção e uma balada para cada cidade que visitam em sua vida errante, deixando para trás os corações apaixonados das donzelas e os cadáveres cheios de chumbo de seus oponentes. Um mariachi é acima de tudo um vingador, seja das injustiças do passado, seja dos amigos que fará no futuro.

Dentre os heróis, são os Nômades que carregam a alcunha de maiores viajantes de toda Gandara. Rangers acostumados não só com os agrúrios das regiões ermas quanto às selvas de pedra que são as grandes cidades deste mundo, raramente permanecem muito tempo em um mesmo lugar. Vagar pelo mundo em busca de seus próprios objetivos é a sua profissão, o que às vezes fazem destes meros vagabundos na opinião dos assalariados das metrópoles, ou sábios de lugares distantes para os povoados do interior.

Profanadores são a nova ordem clerical deste mundo, sendo raros os clérigos não pertencentes a maior religião do planeta. São os membros da Igreja Profana, a principal instituição religiosa de toda Gandara – que estranhamente ora pelo regresso do mesmo monstro que destruiu todas as divindades – que conquistam o nome que representa

Lutando contra a invasão da tecnologia e da degradação de seus costumes, estão os bárbaros Selvagens. Estes combatentes são capazes de fazer seu sangue ferver em fúria quando são ameaçados, colocando sua ira acima de seu próprio corpo. Costumam agir diretamente contra tudo o que não é natural, ou em defesa da liberdade e do que acreditam. Há também, é claro, aqueles que lutam apenas por lutar, ou para provar sua força. Estes últimos, bárbaros acima de todos os bárbaros.

Os druidas que guiavam a natureza no passado, hoje encontram seus poderes ligados a totens espirituais. Eles agem como Senhores das Feras, vingadores da vida livre que lutam pela sobrevivência em Gandara. Acompanhados de um familiar animal que carrega em seu interior a alma de ambos, tornam-se lutadores temíveis, incontroláveis e praticamente imortais.

O meio de vida que mais prospera em Gandara é a dos guerreiros Soldados. Estes homens e mulheres treinam para serem exímios combatentes com os mais variados tipos de armas e armaduras, tornando-se os verdadeiros senhores da guerra do mundo. Cabem a eles lutar nos inúmeros exércitos, em tropas de elite ou em milícias afastadas no interior dos reinos. São os arautos de um novo mundo, construído através do fio da espada e da pólvora das pistolas.

Inferno - Profissões 2

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5 Resultados

  1. Renato Trimegisto disse:

    Eu já disse o QUANTO gosto desse cenário? Espero que poste mais informações além dos KITs toda semana ~~
    Entre as profissões, gostei de todas, só achei o nome da igreja meio redundante, afinal se é a maior igreja e uma das únicas, o termo profano, sendo um adjetivo negativo, só seria utilizado pela concorrência que hoje é quase inexistente, e não acredito que os membros gostariam de se denominar “profanos”, bem, eu teria que saber mais sobre essa religião pra dizer algo concreto, só achei que um nome mais “pomposo” seria adequado
    E Arma, não se prenda ao D&D =P Essa profissão de “Selvagens” ficou totalmente fora do enredo do cenário, só vejo coerência se fosse algo racial (uma raça que ganhe fúria naturalmente talvez) ou algo BEM isolado de um região BEM afastada, porque essa desculpa de fúria incontrolável só pros fãs de bárbaros gostarem do cenário não colou 😀
    (adorei os Mariachis e espero ansiosamente a lista de deformações dos Bruxos)

  2. dellhintis disse:

    É, os Selvagens são basicamente originários do continente oriental, onde tem toda uma nação de orcs bárbaros e outra, uma “Terra de Ninguém” povoada de monstros.

  3. Armageddon disse:

    A imensa maioria dos Selvagens são orcs, Renato, e como o Del falou, eles vivem em um outro continente, isolados do resto do mundo e tem uma cultura semelhante ao dos índios americanos. Atualmente, são em geral escravizados pelos outros povos, tornando-se hostis para com a tecnologia.
    Vou passar mais informações sim, pode deixar.

  4. Fosco disse:

    Achei interessante o nome da Igreja, pois pelo que entendo de Inferno – e não entendo muito vou logo dizendo – Gandara é uma terra sem deuses e os profanadores devem se orgulhar de não se curvar aos deuses antigos, tanto que veneram a “criatura” que destruiu as deidades. Neste caso a adoção de um nome que pode ser visto como “violento e ofensivo” para algumas pessoas de outras culturas, para eles representa a autoafirmação na fé contrária as deidades e até mesmo um ato de orgulho corajoso por se denominarem abertamente “profanos”. Como a maior parte da população adere a ideologia profana, tendo em vista que é a maior instituição religiosa do mundo, então não é nenhum problema para qualquer cidadão comum se assumir um profano.
    Poderia haver algum tipo de receio no inicio, quando a instituição foi fundada, mas não a essa altura do campeonato quando ela se firma como “a” igreja.
    Mas aí é como eu disse, não conheço o cenario profundamente, mas acho que deve ser por aí 😛

  5. Armageddon disse:

    Exatamente, Fosco. A maior parte da população ficou ofendida com a derrota de seus deuses. Tudo o que eles consideravam como sagrado simplesmente foi destruído. Eles faziam sua parte, prestavam homenagens, honravam seus deuses. E eles lhes deram as costas quando mais precisaram deles.
    Então surgiu o Clero, e o ódio deles pelas divindades lhes garantiu receber poder divino (ou profano, no caso) do próprio Mephisto. A história é longa, uma hora eu publico aqui =)

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