Arquivo NPC: Dorovan Boa Morte
Em todos os reinos correm boatos sobre este homem fanfarrão e, paradoxalmente, misterioso. Mas sua lenda é mais conhecida nas cidades de Ax’aria e Pendrik, ambas ligadas à trajetória de um dos mais peculiares heróis moreau de todos os tempos.
Dorovan nasceu em Pendrik e cresceu nas ruas, lutando para sobreviver um dia após o outro, e ainda assim mantendo o bom humor enquanto era intimidado, roubado e espancado. Quando cresceu o suficiente para lutar, descobriu-se talentoso em manter uma bravata na língua e um pescoço na ponta da espada, e logo ganhou fama como um fanfarrão invencível. Convidado, lutou em arenas secretas e foi um gladiador vencedor, ganhou dinheiro e atenção.
Com seu espírito indomável e personalidade de mulherengo, cedo viu sua fama de invencível ser destruída. Ao se envolver com uma jovem chamada Sophie, foi caçado por mercenários poderosos contratados pelo pai da moça, espancado e encarcerado para ser torturado. Após criar seu caminho para fora da masmorra sozinho e desarmado, fugiu para o mais longe possível.
Acabou em Kil’mer, capital de Brando, onde planejava meter-se na Guarda Gladiadora da cidade e sossegar por uns tempos. Mas o destino quis que ele se reencontrasse com Sophie, expulsa de casa e metida em uma jornada para Ax’aria, onde planejava encontrar seu irmão. Incapaz de abandonar uma garota a quem havia feito tanto mal, aceitou acompanha-la como guarda-costas. Mas o destino, este velho filho da mãe, quis virar a roda da fortuna de Dorovan novamente.
No dia em que chegaram à cidade-fortaleza na fronteira com as selvagens Montanhas de Marfim, um enorme ataque de goblinóides aconteceu. Pegos no fogo cruzado, tanto Dorovan quanto Sophie e seu irmão acabaram perdendo a vida. Incapaz de conter-se, Dorovan gargalhou em seus momentos finais no campo de batalha, elogiando a última e mortal piada que a vida lhe pregara.
Acordou na Ilha do Barão, onde os mortos dançavam frenéticos em uma grande festa enquanto esperavam sua audiência com o deus da morte, para ter com ele o desafio de charadas que definiria a qualidade de sua pós-vida. Resignado com os caprichos da vida e da morte, mas ainda com sua língua indomável intacta, o então fanfarrão não pode evitar fazer troça da ilha, da situação e do próprio deus a sua frente.
Quaisquer outras divindades teriam fritado a alma de Dorovan para a completa inexistência, mas o Barão Samoieda é um deus de alegria, cuja filosofia é aproveitar a vida ao máximo enquanto pode, pois a morte é a única coisa certa no amanhã de todos os seres vivos. Encantado pelos modos e pela alegria do homem a sua frente, fez uma oferta das mais atraentes: em troca de servidão como um heróico paladino, Dorovan poderia voltar a vida e tentar consertar seus erros.
Gargalhadas e um aperto de mãos selaram o pacto e trouxeram Dorovan de volta ao campo de batalha. Desta vez com seus novos poderes de paladino e a poderosa espada mágica inteligente Boa Morte, presente do deus para o novo servo, Dorovan mudou os rumos da batalha em Ax’aria e colocou a primeira pedra no monumento de sua nova lenda em Moreania.
Desde então os relatos de suas façanhas são ora enérgicas sagas de heroísmo, ora contraditórias como a cura completa de uma praga em uma pequena aldeia apenas para fazer todos morrerem de tanto festejar nos dias seguintes. Enquanto alguns são rápidos em julgar que não existe tal coisa como um paladino da morte, outros, especialmente aqueles mais estudiosos e conhecedores da natureza do Barão Samoieda, enfatizam a inevitabilidade da morte e do destino das pessoas. Para estas pessoas, a missão do paladino em Moreania é garantir às pessoas uma passagem alegre ao outro mundo.
Dorovan Boa Morte: humano Swashbuckler 3/Paladino 4; ND 7; Humanóide Médio; DV 3d8 + 4d10 +7; 39 PV; Iniciativa +12; Deslocamento 9m; CA 21 (+4 autoconfiança, +1 deflexão, +4 destreza, +2 armadura), toque 19, surpreso 17; Ataque Base: +7; Agarrar +9; corpo-a-corpo: boa morte +14 (dano 1d6+4, decisivo 15-20/x2) ou adaga obra-prima (dano 1d4+2, decisivo 19-20/x2); ou à distância: pistola +11 (dano 1d10, decisivo 20/x3); Ataque Total corpo-a-corpo: boa morte +14/+9 (dano 1d6+4, decisivo 15-20/x2) ou adaga obra-prima (dano 1d4+2, decisivo 19-20/x2); AE: destruir o mal 1/dia, magias; QE: autoconfiança*, aura do bem, cura pelas mãos 16 PV/dia, detectar o mal, desafiar o perigo*, evasão, graça divina, presença paralisante, saúde divina; Tendência Caótica e Boa*; Testes de Resistência: Fortitude +9, Reflexos +8, Vontade +6; For 15, Des 18, Con 13, Int 12, Sab 11, Car 19. *Dorovan usa as regras para paladinos variantes descritas em O Panteão, da Jambô Editora, página 31.
Perícias e Talentos: Acrobacia +10, Atuação (humor) +10, Arte da Fuga +10, Cavalgar +14, Concentração +8, Cura +7, Diplomacia +14, Equilíbrio +10, Escalar +8, Saltar +8. Acuidade com Arma (sabre), Esquiva, Foco em Arma (sabre), Iniciativa Aprimorada, Reflexos de Combate, Saque Rápido.
Equipamento: anel de proteção +1, boa morte (sabre da lâmina afiada +2), corselete de couro obra-prima, adaga obra-prima, pistola, munição para 5 disparos.
Magias de paladino por dia: uma magia de 1º nível.
Comentários do escritor
Dorovan Boa Morte foi originalmente publicado na DragonSlayer 13 na sessão Chefe de Fase e é um NPC oficial de Moreania criado por mim. Aqui dou um restart na história dele, um power-up nos seus níveis e power-down em boa morte. A espada mágica originalmente era um artefato maior e arma pessoal do deus da morte, que se comportava como um sabre da lâmina afiada e da velocidade +5 a maior parte do tempo, e era empunhada por um Dorovan com apenas quatro níveis de experiência!
Deixando o absurdo e o favoritismo para trás, a espada muda de artefato maior para uma “simples” arma inteligente apenas um pouco mais forte que o normal, sendo uma arma mágica +3 nas mãos de um personagem que geralmente teria acesso a uma +2. Na época costumava achar que dominava o sistema d20 enquanto hoje em dia acho que meramente terminei de aprender o básico. Muito provavelmente alguns dos leitores podem ter pensado em melhores escolhas de pericias, talentos e equipamentos para ele do que fui capaz de enxergar, mas ao menos posso garantir que ela está muito melhor que a original.
Com este retcon acho que consegui deixar o personagem equilibrado e com uma história condizente com o material oficial. Na época a ilha do barão ainda não havia sido descrita, então inventei um semi-plano que chamei de portas da morte; para falar a verdade, acho minha idéia melhor que a oficial, provavelmente a única coisa que não mudaria na matéria original na DragonSlayer, mas…
Além disso acho que os novos rumos deixaram ele com um papel mais importante no mundo de jogo que o antigo “NPC exótico que substitui o velho louco da taverna para chamar o grupo para a aventura” a que ele se prestava. Agora, ele é um personagem com um objetivos e crenças estranhas que podem causar conflito com os jogadores: “Como assim você é um paladino da morte?” “E que história é essa de deixar a vila comemorar enquanto aquela represa vai matar todos eles?” “Isto não tem graça! Dane-se o destino! Temos que salvá-las!”.