Resenha: Sem Trégua Volume 1
Um adaptação Brasileira para uma realidade estadunidense, os pequenos suplementos de 64 páginas inaugurados com Sem Trégua Volume 1 em 2007 são compilações dos artigos dedicados ao RPG da revista No Quarter, publicada nos EUA pela Privateer Press e dedicada também a outros jogos da companhia como WARMACHINE e HORDES.
O livro começa com uma introdução de Leonel Caldela detalhando a situação atual nos Reinos de Ferro e falando sobre os lançamentos vindouros do Monstronomicon (lançado em 2008) e Guia do Mundo dos Reinos de Ferro (2009). É uma introdução relevante já que atualiza o jogador para alguns eventos que só serão apresentados mais tarde no Brasil, no Guia do Mundo, como a queda de Llael e a guerra entre Khador e Cygnar.
Em seguida temos o primeiro artigo, dedicado aos magos-pistoleiros, uma classe básica exclusiva dos Reinos de Ferro, que traz novos talentos, magias e atualização de algumas regras presentes no Guia de Personagens dos Reinos de Ferro. Há vários talentos interessantes como Tiro Fanfarrão, que permite trocar o modificador de Destreza pelo de Carisma, bastante útil já que as magias do mago-pistoleiro são baseadas em Carisma. As novas magias trazem pérolas como Tiro em Brasa e Tiro Furtivo e a espetacular Tiro de Impacto, que permite jogar fazer uma manobra de Encontrão com um disparo de arma de fogo!
A parte mais legal do artigo, claro, fica para a descrição de cenário. Ambas as ordens de magos-pistoleiros dos Reinos de Ferro são descritas: A Ordem Militante da Tormenta Arcana de Cygnar e a Leal Ordem da Rosa Ametista de Llael. O texto gostoso de ler dos livros dos Reinos de Ferro se repete aqui.
Os artigos seguintes fazem parte da sessão Máquinas de Guerra e apresentam o Encouraçado e o Redentor, dois gigantes-de-guerra, modelos usados respectivamente por Cygnar e pelo Protetorado de Menoth. Mais para frente no livro também são apresentados o gigante-infernal Sanguinário de Cryx e o gigante-de-guerra Kodiak de Khador. Aqueles que leram o Guia de Personagens devem saber que apesar de ser um ícone do cenário, os gigantes-de-guerra não são devidamente apresentados em detalhes. Tudo que temos é uma ficha de um simples gigante-à-vapor de trabalho.
Este erro é corrigido aqui com a apresentação dos gigantes que representam a espinha dorsal dos principais exércitos dos Reinos de Ferro. Cada gigante tem uma apresentação parecida com a utilizada no Monstronomicon para criaturas. Um texto introdutório, descrição de habilidades de combate e uma ficha. A única diferença fica por conta de uma caixa de texto onde são apresentados dados como dimensões do gigante, quanto ele gasta de água e carvão para funcionar, tempo de duração dentro e fora de combate e comentários de projetistas e outros especialistas no uso do gigante. Os históricos são bem detalhados e te fazem entender perfeitamente como funcionam cada gigante. Desde a descrição detalhada do sistema de ignição dos mísseis abençoados dos Redentor (sim, mísseis abençoados!) aos efeitos táticos do martelo sísmico do Encouraçado.
Os Encontros Pendrake são uma sessão que é praticamente uma extensão do Montronomicon. Nestas partes do livro você encontra relatos do professor Viktor Pendrake do seu encontro com criaturas dos Reinos de Ferro, bestas de guerra dos Skorne e mesmo figuras importantes, como Vinter Raelthorne IV! Nestes casos, continua valendo minha opinião geral sobre o Monstronomicon: simplesmente sensacional!
Uma outra sessão do livro é a Forja & Fundição, apresentando equipamentos típicos dos Reinos de Ferro. No primeiro artigo temos o equipamento dos mercenários da Companhia do Cão, popularmente conhecidos como Cães do Diabo, com toda sorte de bugigangas anti-gigantes como a impressionante Pistola-Bazuca dos Cães do Diabo que é basicamente um lança-granadas! O segundo é focado em equipamento de espionagem e traz entre outras belezinhas uma chave-mestra e um óculos de visão noturna mekânicos! Dá para fazer sua própria versão de Metal Gear Solid medieval com o que é apresentado nessa edição.
O artigo Pistolas ao Amanhecer é provavelmente o mais chato do livro. Traz descrições e regras para os duelos de pistolas de Llael. Poderia ser um artigo legal. Mas na minha opinião o autor conseguiu, de alguma forma, deixar chato, muito chato.
O último artigo do livro, Protetores do Templo, traz a classe básica Cavaleiro Exemplar e a classe de prestígio Prescrutador. É um artigo bacana e bem trabalhado, com contos para colocar o jogador no clima, regras até bem fechadas pro nível dos Reinos de Ferro, mas… Só serviu para me deixar com ainda mais raiva do Hierarca e do Protetorado de Menoth! Chumbo neles, Cygnar!
E uma última observação: capa e arte interna espetacular! O fuzileiro de nariz quebrado fumando um charuto e disparando uma metralhadora na capa supera quase tudo que você vai encontrar no mercado de RPG Brasileiro em capacidade de evocar o espírito de um cenário. As ilustrações internas não ficam devendo muito e dão sempre o clima certo para cada matéria.
Sem Trégua Volume 1 (Jambô Editora)
64 páginas em P&B, capa mole.
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