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Chris Pramas, RPG e videogame

A revista The Escapist entrevistou o Chris Pramas, da Green Ronin a respeito do design do RPG de mesa Dragon Age. Além de falar sobre a editora e sobre o Dragon Age, o Chris toca, nas duas últimas perguntas, em um ponto interessante: videogames influenciando RPGs e vice-versa. Sendo um tema interessante para reflexão e debate, traduzo abaixo as perguntas e respostas em questão.
Escapist: Você diz ter adotado os “pilares,” mas não a mecânica [do Dragon Age]. As mecânicas do videogameDragon Age chegam a figurar no RPG de mesa de alguma maneira? É óbvio que muitas mecânicas de jogos de computador podem ser explicadas pela referência aos jogos de mesa que os inspiraram. World of Warcraft possui classes, níveis, pontos de vida e paladinos porque o Advanced Dungeons & Dragons tinha estas coisas. Mas no recente Dungeons & Dragons 4a. Edição, vimos mecânicas de mesa inspiradas em videogames, como marcar o oponente, por exemplo, e poderes de encontro. Penso ser indiscutível que os videogames são hoje em dia mais difundidos que os jogos de mesa. Deveriam, então, os RPGs de mesa seguirem as tendências dos RPGs de computador, por serem o que as pessoas estão jogando? A Wizards parece pensar que sim, mas o movimento dos jogos indies afirma que tal abordagem é um beco sem saída para os jogos de mesa. Onde você se enquadra nisso?
Pramas: Como projetista de jogos, você sempre deve estar com a mente aberta para idéias úteis. É uma maneira estranha de ver o mundo, eu suponho, mas tenho feito assim desde os 10 anos de idade. Se eu me deparar com uma idéia legal em uma música, em um livro, ou em uma exposição de museu, eu penso “Como eu posso usar isso em um jogo?” Não é surpresa que os projetistas de RPGs de mesa acabem se inspirando nos videogames. Mas deveriam os jogos eletrônicos liderar e os de mesa, seguir? Creio que não. Se tentássemos competir com os jogos de computador no intuito de emulá-los, fracassaríamos. Há coisas em que os jogos de computador são simplesmente melhores. Na minha opinião, RPGs de mesa deveriam apostar em seus pontos fortes.
(…)
Escapist: Você mencionou que, se os jogos de mesa tentassem imitar os jogos de computador de maneira a competir com estes, os de mesa perderiam. Mas temos visto bastante deste tipo de emulação ultimamente. Em uma época, eram os jogos de computador que usavam licenças de jogos de RPG. Pool of Radiance foi o primeiro jogo de computador de Dungeons & Dragons, e Baldur’s Gate foi evidentemente baseado em D&D. Agora, são os jogos de mesa que se utilizam de licenças — existe um RPG de mesa do World of Warcraft, por exemplo, e agora o Dragon Age. Isto parece refletir a mudança sobre quem está “no banco do motorista.” Isto mudou a forma como você projeta jogos? O Dragon Age RPG tem como alvo primário os jogadores de RPG de mesa ou os fãs do jogo eletrônico?
Pramas: Penso que muito disto se resume a força de marca. No início dos jogos de computador, era muito vantajoso usar uma licença do D&D. Hoje, World of Warcraft é uma marca muito maior, logo, é razoável que o sentido do licenciamento se inverta. Nada disto mudou a forma como projeto RPGs de mesa, contudo.
Quanto ao Dragon Age, esperamos que atraia tanto fãs do Dragon Age: Origins quanto jogadores de RPG que procuram um jogo mais user friendly do que a maioria dos existentes no mercado, bem como “sangue novo” que tenha curiosidade em experimentar RPG de mesa. Acredito que RPGs inchados, complicados em excesso, estejam encolhendo o público atual, e, em muitos casos, criando uma barreira para os novos jogadores. Se o Dragon Age conseguir combater esta tendência, serei um projetista feliz.
Se você tem interesse em saber mais sobre o Dragon Age RPG, dê uma lida no primeiro design diary, em que o Chris fala sobre a aquisição da licença do jogo, os objetivos que tem para o RPG e detalhes sobre os ditos objetivos.

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