Originalmente publicado no blog Desafio do Dragão por Gustavo Brauner e transcrito aqui sob autorização.
Ontem eu disse que o Guilherme e o Marcelo são os principais responsáveis pela parte de regras do novo Tormenta RPG. Apesar de ligados nas regras, o Leonel e eu focamos mais na parte descritiva, no fluff, na parte de roleplay do livro e do cenário.
Entre janeiro e fevereiro deste ano, logo depois do book tour de O Terceiro Deus, comecei a escrever o primeiro rascunho do que eu achava que deveria ser o capítulo de raças do Tormenta RPG. Na época, nem sabia se eu participaria do livro, mas achei por bem começar assim mesmo.
Sendo assim, decidi compartilhar o que eu escrevi lá atrás, no começo do ano. É a entrada dos elfos. Percebam que o texto é longo, principalmente porque fiz uma coisa que eu acho que há muito precisava ser feita: compilei todas as informações sobre os elfos de Arton desde antes da Dragão Brasil #50, quando saiu o primeiro “suplemento oficial” do cenário de Tormenta, acrescentando também eventos recentes de O Terceiro Deus,DragonSlayer e da Gazeta do Reinado (trabalho parecido com o da Bíblia de Tormenta).
Antes de passar pro texto em si, cabem alguns comentários:
- Apesar de ser a versão final do rascunho, boa parte do texto a seguir foi revisada, editada, reescrita ou cortada – vocês também vão perceber que o texto é longo demais pra entrar em um livro básico;
- Não tem nada de regras; é só material descritivo, mesmo;
- Esta versão final do rascunho conta com material preparado pelo Marcelo pro Tormenta RPG, que eu adaptei/editei/colei a partir do texto original dele pras raças e juntei ao meu;
- Não esqueçam que é um rascunho – não a versão final que entrará no livro. A maior parte do material abaixo (devidamente ampliada) será usada em outro momento, talvez num Manual das Raças ou coisa assim (o primeiro suplemento de Tormenta RPG? Hmm, deixa eu ver – depende quem terminar antes: o Leonel ou eu);
- Percebam também que escrevi o texto de maneira que ele seja introdutório o suficiente para jogadores novos, mas sem ser completamente dispensável para jogadores mais experientes;
Então, senhoras e senhores, aqui estão os Elfos de Arton!
Elfos
Os elfos são uma das raças mais clássicas das histórias de fantasia. Eles são amantes da natureza, vivendo em comunhão com as árvores no centro das grandes florestas. Suas cidades são obras de arte, mesclando-se ao ambiente ao invés de alterá-lo como as cidades humanas. Os elfos são longevos e gostam de aproveitar suas longas vidas, um prazer de cada vez, o que os torna um pouco frívolos e supérfluos para as outras raças. Eles também possuem grande conhecimento arcano, produzindo alguns dos maiores magos e feiticeiros. Os elfos consideram-se superiores à maioria das outras raças, e os milênios de sua civilização talvez comprovem este fato.
Os elfos são a raça humanóide mais antiga de Arton. E, por isso, muito pouco se sabe sobre sua origem, que se perde nas areias do tempo. Dizem as lendas que os elfos vieram de Nivenciuén, o reino de sua deusa criadora Glórienn (diferente dos humanos e outras raças, que foram criados diretamente em Arton). Eles teriam singrado o Oceano Oeste em navios enormes de casco verde e velas douradas, aportando primeiro na costa oeste de Lamnor, a ilha-continente sul. Lá, na floresta que chamaram Myrvallar, “Paz na Alma”, erigiram um dos mais belos reinos que Arton já viu, centrado em Lennórien, a capital da nação élfica, cujo nome significa “Novo Lar”. Entretanto, o território escolhido pelos elfos era ocupado por hobgoblins, raça nativa do local.
Descontentes com essas inconvenientes criaturas, os elfos iniciaram uma caçada implacável, um expurgo para “limpar” a área escolhida. Selvagens e primitivos, os hobgoblins não tiveram como resistir às artes arcanas e às flechas dos invasores. Livres das bestas, os elfos seguiram na construção de sua magnífica cidade. Mas os hobgoblins não eram os únicos habitantes de Lamnor; os humanos, embora mais desenvolvidos, eram vizinhos igualmente irritantes, insistindo em passar os séculos enviando emissários e estabelecendo rotas comerciais que atravessavam o território élfico. Khinlanas, o regente, refletindo a arrogante postura élfica de “raça perfeita”, evitava o contato com “raças inferiores”, isolando os elfos e não permitindo a passagem de ninguém. Tamanha arrogância e xenofobia ofenderam os humanos, que desistiram de qualquer relação diplomática. Eles assinaram então o Tratado de Lamnor, que impedia qualquer interferência nos assuntos élficos e vice-versa – fosse para o bem, fosse para o mal.
Pouco tempo depois, os hobgoblins voltaram a estorvar os elfos. Em poucos séculos, haviam se tornado o povo goblinóide mais desenvolvido de Lamnor em armamentos e máquinas de guerra. E sua ofensiva repentina tomou os elfos de surpresa, despreparados. Os esforços dos hobgoblins em desenvolver novas tecnologias foram recompensados; sem condições de expulsar os invasores de suas terras, os elfos podiam apenas se defender e contra-atacar. A Infinita Guerra atravessou séculos sem pender para qualquer um dos lados – até a chegada dos bugbears e seu comandante Thwor Ironfist. Aproveitando-se do excesso de confiança dos elfos, o General penetrou em Lennórien sozinho e capturou Tanya, filha de Khinlanas, golpe duro demais para o regente e seus súditos. Desmoralizados e em desvantagem numérica, os elfos enfim tombaram, encurralados ante a selvageria da Aliança Negra. Em pouco tempo, Lennórien caiu. E o Tratado foi respeitado, sem qualquer reino humano intrometer-se no conflito. Os elfos que recusaram-se a fugir – ou que não conseguiram – foram cruelmente assassinados. A cabeça de Khinlanas foi suspensa no centro da antiga cidade como um símbolo da vitória hobgoblin. Conquistada, Lennórien foi rebatizada Ramaakk.
A maior parte dos elfos sobreviventes fugiu para Arton, prevendo o massacre. Talvez por rancor, talvez por incredulidade, quase nenhum sobrevivente fez questão de alertar os outros sobre a Aliança Negra – e, pior ainda, aqueles que o fizeram não foram levados a sério. A partir de então, os elfos se tornaram um povo sem pátria e cheio de mágoa, reunindo-se em pequenas comunidades em cidades humanas ou de outras raças. Entre si, nada mais do que relações frouxas, talvez por vergonha, a frustração estampada em cada rosto, não aceitando que a perfeição de seu povo fora apagada.
Recentemente, os elfos sofreram outro duro golpe. Glórienn, sua deusa criadora, foi finalmente destituída da posição de Deusa Maior do Panteão. Molestada e acossada pelos Lordes da Tormenta, Glórienn foi obrigada a fugir de seu reino divino, abandonar seu posto e aceitar a proteção e segurança oferecidos por Tauron, o Deus Maior da Força. E, assim, se tornar sua escrava e concubina. Isso devastou ainda mais os poucos elfos restantes. Sem terras nem deusa, sentiram-se abandonados, magoados e ressentidos, e alguns decidiram deixar Glórienn e venerar outros deuses. Outros, seguí-la e oferecer-se como escravos para qualquer um que possa protegê-los. A maioria, entretanto, uniu-se aos irmãos que já haviam se curvado aos minotauros. Uns poucos tornam-se heróis.
Personalidade: os elfos são graciosos e sagazes, mas têm todas as razões para serem amargos e ressentidos, e muitos são realmente assim. Eles sempre acreditaram ser melhores que outros povos, e a maioria tem dificuldade em abandonar sua antiga arrogância. Entretanto, as longas vidas dos elfos influenciam sua personalidade e seu modo de ser – com o passar do tempo, eles superam até mesmo os traumas mais profundos, como a queda de Lennórien… Ou a de Glórienn. É por isso que os elfos apreciam os prazeres da vida mais lentamente, e são exigentes quanto à comida, vestimentas, beleza, artes e prazeres em geral. Apenas os maiores amigos e inimigos são lembrados por eles (afinal, é impossível lembrar de todo mundo que você conheceu em centenas de anos…). Isso faz com que os humanos vejam os elfos como frívolos, distantes a até mesmo arrogantes. Muitos ainda preservam o antigo orgulho, são amargos e intratáveis, enquanto outros não medem esforços para serem aceitos na cultura em que vivem. Suas qualidades são sempre reconhecidas, tornando-os profissionais muito cobiçados (ou escravos muito caros).
Descrição Física:os elfos têm a mesma altura e peso dos humanos. Mas têm olhos amendoados, orelhas pontudas e traços mais delicados. Embora mais delgados, alguns mostram-se tão musculosos e massivos quanto qualquer humano. Além do cabelo, os elfos não têm barba nem pêlos em qualquer parte do corpo. Os elfos também podem mostrar uma vasta coleção de traços exóticos, como cabelos de cores diferentes (azul, violeta, verde…), olhos felinos, patas, caudas (mas nada que conceda bônus em termos de jogo)… Um elfo costuma viver dez vezes mais que um humano, atingindo mais de 800 anos de idade.
Relações: os elfos têm um ódio mortal de todos os goblinóides. Alguns são um pouco ressentidos com relação aos humanos, que não ajudaram durante a queda de Lennórien. Muitos se voltaram para os minotauros em busca de proteção, mas não por amor – por desespero. No geral, os elfos mantêm boas relações com todos os povos da floresta, principalmente os centauros. Entretanto, a arrogância dos elfos às vezes se mostra um fator determinante quando encontram outras pessoas, povos e raças.
Alinhamento: a natureza e o espírito livre dos elfos pende para os aspectos mais gentis do caos. As agruras e problemas enfrentados os levam à neutralidade, embora muitos – principalmente os heróis – sejam inerentemente bons.
Terras dos Elfos: os elfos não possuem mais uma terra que possam chamar de sua. Após a queda de Lenórienn, eles fugiram para Remnor, a ilha-continente norte, buscando refúgio nos reinos de outras raças. A maior parte dos elfos vive no Império de Tauron, terra dos minotauros, como servos, concubinas e escravos. O restante, espalhado pelo Reinado – e além.
Religião: magoados e ressentidos com sua deusa criadora, muitos elfos a abandonaram – como ela fez com eles -, ou perderam completamente sua fé, tornando-se ateus. Entretanto, a maioria decidiu venerar algum outro deus do Panteão: Alihanna, Khalmyr, Lena e Marah despontam entre os preferidos, mas uns poucos começaram a venerar Tauron, o que talvez seja o indício de uma mudança de atitude…
Nomes: XXX
Nomes Masculinos: XXX
Nomes Femininos: XXX
Nomes de Família: XXX
Aventuras: os elfos aventuram-se por diversos motivos. Alguns buscam uma maneira de libertar Lenórienn. Outros, esquecê-la completamente. Outros ainda querem impedir que o destino de Arton seja o mesmo de sua terra natal – a estes pertencem as grandes sagas, lendas e canções.
É isso. Imaginem que eu compilei e escrevi uma entrada mais ou menos deste mesmo tamanho pra cada raça do novo livro básico – e também pra cada raça presente no material publicado de Tormenta. Lembrem-se que nem todas as raças do cenário entram no Tormeta RPG…