Um breve estudo do avanço da raça humana através das eras.
Por Enai’tsirc Aninrod, a Sábia do Bosque.
É fato que, apesar de pouco ou muito pouco haver convivido diretamente com a raça dos homens, os conheço bem o suficiente para redigir este estudo breve sobre sua história e seus feitos ao longo do tempo. Não me arrisco a qualquer tipo de previsão futura, pois é a constante transformação humana que os faz serem o que são hoje neste mundo abençoado por Falena, e ouso dizer, mesmo Luminahak, senhor celeste de toda a infinita sabedoria, é surpreendido diariamente por seus espíritos inovadores, adaptáveis e imprevisíveis.
Os homens nasceram tardiamente, muito após a alvorada da terra, quando elfos, anões e orcs já carregavam cicatrizes profundas de guerra e sofrimento. Passaram outro aeon enclausurados em um templo de proporções impossíveis cuja lenda de sua existência comprovou-se verídica há poucos anos. Quando a neve deu lugar ao orvalho, eles enfim completaram sua epopeia preparatória e fizeram o que nenhuma raça até então havia feito.
Eles viajavam. Não como os orcs em busca de mais destruição, mas apenas com o único intuito de explorar aquele mundo, estabelecerem-se em algum lugar que consideravam bom. Não permaneciam eternamente nos reinos onde haviam nascido como elfos, não continuavam a expandir infinitamente suas fronteiras em torno do coração de pedra onde foram moldados, como os anões. Eles migravam. Atravessavam distâncias enormes apenas em busca de um lugar melhor para viverem. Evoluíam muito mais em uma única geração de suas vidas tão curtas do que elfos o faziam em um milênio.
Não tardaram a ocupar cada um dos cantos de Meliny. Desde o extremo norte onde assistiram pela primeira vez o raiar de um novo dia até os confins gelados do sul do mundo, construiram suas cidades, ergueram e derrubaram reinos. Lutaram pelo acreditavam ser certo, combatiam o que se opunha aos seus planos de conquista. Fizeram guerra, foram a guerra e cresceram. Por um tempo muito longo para qualquer humano recordar, viveram sob a tutela de outras raças. Seu primeiro grande reino foi Kult, e eram considerados bárbaros pois não conheciam o medo, nem acreditavam na morte e não conheciam a escrita.
Apenas na Era da Magia é que os humanos deixaram seu papel secundário para firmar os pés nas areias claras dos novos tempos. Os primeiros grandes reis humanos ergueram palácios e cidades que se perdiam no horizonte, e quando as fronteiras físicas se encontraram, a guerra arcana colocou o mundo de joelhos. Mas até mesmo ela teve um fim, e então uma nova era de possibilidades se abriram diante dos olhos humanos. A era onde, enfim, governaram sobre toda a terra.