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Pergunte ao RPGista!

Recebi uma mensagem de um mestre de jogo pelo formulário do site. Gostei bastante disso!
Se você quiser mandar uma mensagem também, fique a vontade para usar o formulário.
Transcrevo a mensagem, comentando o texto abaixo.

Se você tiver palavras de conforto, dicas ou mesmo já passou por algo assim, sinta-se livre para ajudá-lo nos comentários.

Eu sou o mestre do grupo onde jogo (sou o mestre fixo, pois ninguém gosta de narrar). As vezes os jogadores sofrem em minhas mãos, mas eu explico porque.
No nosso grupo (somos 9 ao todo), apenas eu (que sou o mestre) e mais 1 garota, jogam RPG pela vontade de interpretar personagens, eu sempre tento fazer o melhor para narrar, mas de que adianta? Os outros jogadores não ouvem, é como gastar saliva. Os outros 7 jogadores só pensam em uma coisa: “UPAR, ganhar dinheiro, e virar o mais poderoso do grupo.” Interpretação de personagens? Que que é isso? Uma vez perguntei a um deles por que jogava RPG, e ele respondeu:”Acho legal, ainda mais porque quase sempre sou o mais poderoso.”
Você deve estar pensando:”Que que esse louco ta falando afinal?”

O que quero dizer é que, como fazer para tirar os jogadores do lado MMO que eles veem do RPG, e trazê-los para o lado da diversão, da interpretação de personagens (que até onde eu saiba é o verdadeiro objetivo)? Já tentei de tudo, se alguém ter uma opinião poste.

RPGISTA: Ok. Não há nada de louco no que você escreveu até aqui, mas um problema de “opinião”.
Enquanto você acha que a diversão é representar personagens, seus jogadores gostam do lado “MMO”.
Acho que você não deve ficar tentando “trazê-los para o lado da diversão”. Representar pode ser diversão pra VOCÊ, mas talvez não seja para ELES.
É como tentar obrigar alguém a comer peixe, só porque você gosta (eu odeio). Ou tentar levar um ateu para uma Igreja, só porque você tem uma religião. Não rola.

Na minha opinião, RPG com os jogadores overpowers fica sem graça. Outro dia quando eu estava jogando (o personagem do jogador ainda era level 6), ele me pergunta: “Não vai acontecer nada?”, coloquei um monstro pra ele enfrentar, matou ele em menos de 5 rodadas, não era qualquer monstro (não me recordo o que era, mas eu sei que era forte, bem forte). Dai o jogador reclama que o RPG ta sem graça. Parei de narrar por ali e falei que se eles quisessem jogar que procurassem outro mestre, ou sei lá e fui embora, nem sei o que aconteceu. Eu desisti de narrar para personagens overpowers. E não é overpower por causa de nível, e sim por causa de magias e um monte de coisas, itens e talz.
Dai você pensa: “Ta é só você fazer um limite.”

RPGISTA: Sim. Essa seria uma boa solução. Afinal, quem dá os itens e magias aos jogadores é você. O mestre.
O problema é que essa é a diversão deles, entende?
Tirar isso é tirar a diversão do jogo PARA ELES.

Ai é que ta o problema, por isso escrevi controle dos mestres. Eles simplesmente não concordam com nada que eu digo.

RPGISTA: Mas é isso que os jogadores fazem. Eles querem fazer coisas e ganhar itens!
Na minha última sessão, dei um item mágico para um jogador. Foi o suficiente para uma jogadora dizer que eu era machista!!!
Eu nunca dei item mágico para ninguém! Aquele foi o primeiro, mas foi o suficiente para ela reclamar, como seu eu desse todos os tesouros para os homens do grupo!
Ignorei a reclamação e segui em frente.
Cabe ao mestre dizer o que os jogadores podem ou não fazer. E se não puderem, tem que dizer “não” mesmo!
Você não pode ceder só porque o jogador está espezinhando.

O pior foi uma coisa que um deles falou: “Cara você não pode ir modificando as coisas assim, se você continuar assim eu vou gravar uma partida e enviar por e-mail te denunciando por “má conduta de mestre”.Daí tu vai recebe um certificado dizendo que não pode mais mestrar.” (O.o), Se alguém disser que isso pode, eu juro que corto meus pulsos.

RPGISTA: Hahahaha! Essa piada foi ótima! Teu jogador é engraçado.

Tipo e eu só tava querendo mudar o preço de uma mercadoria que no livro dizia tal preço e eu queria diminuir por ser um preço exagerado por algo tão ruim (a gente não segue 100% o livro). Dai se eu tento mudar qualquer coisa já não posso. Tentei retirar a magia do RPG, porque eles só queriam usar magia poderosa em nível baixo, e se eu a modificasse, não podia, eles não aceitaram a idéia (um cara se estirou no chão e berrou pra poder começar no nível 1, invocando uma chuva de meteoros capaz de destruir uma cidade).

RPGISTA: Cara, você precisa assistir a um episódio de “Super Nanny”. Sério mesmo.
Minha opinião é que você pode modificar o que quiser.
Você mesmo disse que não usa 100% do livro. Sendo assim, você é livre para mudar o que quiser no seu mundo de jogo.
Os seus jogadores estão passando a perna em você deslavadamente. Sem perdão, vergonha ou piedade.
Querem modificar as regras para que elas passem a lhes beneficiar, mas não querem deixar você impor qualquer limite.
Rapaz, não caia nessa!

Resumindo eles queriam mandar no RPG, e eu só servia para mostrar como era o cenário e os inimigos. É uma experiência minha que queria compartilhar e ver a opinião, além de ver se as pessoas tem resoluções e tal, ou se já passaram por algo parecido.

Obrigado,

RPGISTA: Tem vários problemas aí…
O primeiro é que você gosta de um estilo de jogo, e os seus jogadores outro. Só vejo 3 possibilidades para isso:

Eu escolheria a terceira opção. Dê corda para eles.
Vai chegar uma hora em que eles ficarão entediados pela falta de desafios, e vão perceber que possuem poder demais.
Outra coisa é que – me parece – que você está tentando tanto agradar aos jogadores, que permite tudo o que eles querem, o que também tem lhe deixado chateado.
Minha sugestão é passar a usar o livro a risca. Sem modificação NENHUMA.
Os livros de RPG já passam por uma série de testes justamente para evitar situações desbalanceadas. Jogue tudo como está escrito.
Quer dar tesouros? Sorteie na tabelinha as probabilidades, e presenteie o que cair.
Magias? Só as permitidas ao nível.
As modificações que vocês fizeram tornaram seu jogo subjetivo demais, e seus jogadores também estão se achando no direito de resolverem as regras da mesa.
Se os seus jogadores não lhe deixam ter autoridade, então jogue a autoridade para alguém neutro. O livro de regras.

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