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Visões de Arton 001 – O Kishin

Antes de mais nada, uma pequena apresentação. Meu nome é Marlon Teske, conhecido aqui e ali como Armageddon e sim, continuo escrevendo para o Inominattus (googla nóis).  E se a pergunta que não quer calar for: “O que diabos estou fazendo aqui no .20?” posso responder de pronto que na verdade eu deveria estar aqui desde o começo, mas por algum problema na estrutura do espaço/tempo, acabei no site vizinho. Ou seja, é mais correto perguntar “Por que demorou tanto?
Claro, sempre há motivos. Mas como os convites foram mais numerosos do que minha criatividade para desculpas esfarrapadas (Neste fim de semana não dá, preciso preparar as coisas para assistir a próxima passagem do cometa Halley*), acabei cedendo e cá estou. Como este é um blog muito mais profissa (achei a palavra no Guia da 4E do D&D, mas creio que posso usar sem contrariar a GSL), resolvi não fazer muito alarde e ficar quietinho no meu canto, desenvolvendo uma coluna própria.
E o nome da danada será Visões de Arton. Ela irá tratar exatamente de observações minhas relativas ao mundo de Tormenta. Uma explicação tremendamente redundante esta, mas faz um baita sentido se analizarmos o contexto: Arton é um mundo enorme, com muita coisa bacana à ser explorada. Eu irei pegar detalhes que me chamam a atenção na leitura dos livros oficiais do sistema e detalhar criando maiores possibilidades de jogo e Roleplay. Lembrando que sempre de forma extra-oficial.
Desta vez, como ponto de partida, escolhi o tema do momento: o controverso Kishin da aventura Contra Arsenal, o golem de batalha gigante controlado pelo Mestre Arsenal com o singelo plano de debulhar o Reinado, chutar as bundas mais poderosas do mundo e por fim reinar soberano sobre um mundo mergulhado na guerra. Os mais chatos conservadores já estão com a piada na ponta da língua: é o Megazord que faltava pro cenário anime de Tormenta ou a ainda mais “Old School” Daileon enfim enfrenta Satan Goss.
Otakices à parte, eu considero a idéia de um colosso de metal avançando por um mundo medieval fantástico um conceito muito bacana. A idéia de um golen nestas proporções depredando tudo pelo caminho sem controle e sem limites então é muito boa, sem forçação alguma. Não apenas pela aventura épica de detonar o monstro (e que conste que ainda não li a danada da aventura, mas estou doido pra ler e torcendo pro Arsenal se danar) mas por todas as implicações que ela traz.
Mas vamos começar pelo começo (ugh). Num primeiro estágio, vamos analizar o que é necessário para constuir um Transformer deste porte e compreender o motivo para a situação vivida em Contra Arsenal ser tão única, incrível e fantástica em suas proporções megalomaníacas. Por isso, pra ficar bonito, vamos ao primeiro sub-título desta matéria:
Faça Você Mesmo: Um Guia para Pisotear o Reinado

Pisotear o Reinado. Um esporte indicado apenas para os fortes de espírito e com recursos financeiros praticamente ilimitados. E não basta você ser rico e forte para tanto. Estamos falando aqui de um problema em escala Kiodai.  Começar um treco desses do zero seria capaz de falir um reino ou dois apenas para os recursos que se fazem necessários.
Motivo? Pra começar, a necessidade de ferro, madeira, rocha ou qualquer outro tipo de matéria prima em quantidade necessária apenas para criarmos a estrutura do monstrengo. Apesar de que, magicamente falando, seria possível construir um negócio desses até com calças velhas acumuladas na Favela dos Goblins, vamos nos ater ao mais provável material aplicado: o ferro.
O ferro é suficientemente fácil de moldar, resistente e leve em comparação com qualquer outra matéria prima disponível e acessível para a tecnologia de um mundo medieval. Ainda assim, uma mina de ferro primitiva, sendo trabalhada de maneira braçal com pás e picaretas por um grupo bastante numeroso de homens (e um canário) levaria décadas apenas para conseguir a matéria prima necessária. E ainda existem os problemas técnicos como a quantidade absurda de madeira ou carvão para forjar todo esse ferro em chapas, o número bizarro de pessoas dedicadas que são necessárias para levar adiante tal projeto desde o desenho até a confecção das partes, um local grande o suficiente para montá-lo…
Um projeto deste porte, nestas proporções, exigiria então um esforço enorme por anos a fio. E com um detalhe: um golem de ferro sob condições climáticas normais de chuva e sol enferrujaria como uma panela do mesmo metal dentro de poucos anos, antes mesmo de estar concluído. Uma opção menos resistente seria fazer o bicho apenas de pedras, de madeira ou qualquer outro produto menos vulnerável a passagem do tempo, ou de magia suficiente para impedir este tipo de coisa.
Resumidamente: você precisa de grana e de muita, muita gente que trabalha feito louca por você.
Creio que no momento Arton tem dois projetos desta magnitude em andamento e ambos bancados por fortunas consideráveis: o Colosso Coridrian, que é um esforço de todo o continente como medida emergencial para quando Arsenal pirar o cabeção e a Estátua de Sckharshantallas, que na verdade não passa de uma piada de humor vermelho (Rá).
Uma vez pronta, toda essa estrutura precisa ainda ser animada por magia. Um golem desse tamanho necessita de quase tanta magia quanto Vectora usa para se manter no ar, com o detalhe que além de andar para frente e para trás (e falar trinta e seis frases), ele ainda necessita de movimentos nas articulações, de proteções mágicas diversas e de uma habilidade considerável, além de meios para ser controlado diretamente por uma única pessoa. Se você não for amigo pessoal de Vectorius ou Talude, boa sorte na procura de um batalhão de magos.
Como Arsenal se virou: ele trouxe a máquina consigo de um mundo onde teoricamente a tecnologia de guerra era mais avançada, mas onde a magia ou não existia, ou não funcionava tão bem. Ou seja, preocupação zero com a matéria prima e construção de base. O problema de Arsenal desde o princípio foi consertar o treco e colocá-lo para andar, problema este resolvido com o uso dos itens mágicos que ele coletou em toda Arton.
Mesmo assim, dificilmente um homem sozinho com uma forja e muita vontade faria tudo isso. Sabiamente, Arsenal conseguiu seguidores da maneira mais prática e rápida que conhecia: através da religião. Vencendo o antigo líder da Ordem da Guerra (que tem a singela regra de que você tem que ter braço pra manter seu posto), tornou-se o novo mestre de milhares (quiçá milhões) de seguidores, todos eles ávidos em ajudar e contruibir com o projeto. Rifa de igreja perde fácil nessa.
Uma vez construído e animado, chegamos na segunda grande questão filosofal sobre a necessidade de um treco deste tamanho. Abram alas para o segundo sub-título pomposo:
Idéias do que fazer com um Golem de Metal Gigante
Admitam, é uma questão interessante: se tenho milhares de pessoas dispostas a sacrificar-se por mim, recursos tanto minerais quanto financeiros para forjar toneladas de ferro e uma capacidade quase infinita para criar confusão, porque ao invés de uma única grande máquina de guerra Arsenal não armou um exército inigualável de guerreiros com armas mágicas em punho?
Porque um golem de vinte metros causa terror. O terror é o combustivel das batalhas. É o que fará as pessoas olharem pela janela, assistirem a uma colina em formato aerodinâmico avançando inexorável através dos campos e se perguntarão: “Onde está o Reinado agora“? “Como Thormy permitiu que Arsenal chegasse tão longe?” “Algúem viu onde deixei minhas pantufas?
Tamanho impressiona. (e cá entre nós, golens não precisam ser alimentados, receber soldo, incentivo de batalha; lutam até a destruição total… mas detalhes são detalhes). Também são práticos contra muralhas.
Uma cidade grande na época em que Arton é ambientada é comumente protegida por muros. Mesmo um exército numeroso acaba esbarrando neste pequeno contratempo durante invasões, obrigando-os a construir estruturas mais avançadas como catapultas e trebouchets ou escadas. Um golem deste tamanho não precisa se preocupar com isso. Ele simplesmente pisoteia a danada da muralha, as casas, o castelo do regente e ainda por cima – se quiser – pode fazer uma pose bacana de braços cruzados ao por do sol (ou dançar a macarena).
Mesmo uma cidade descomunalmente grande como Valkaria teria problemas para refrear um monstro mecânico desta envergadura.
E um último motivo – que acredito eu tenha sido um dos principais motivos que levará Arsenal a insistir no Kishin – seja a Corrida Armamentista. O alimento das guerras. Para cada nova arma é desenvolvida uma contra-arma que exige uma arma mais poderosa.  Ele sabia que o Reinado iria projetar alguma coisa que pudesse detê-lo, e um dia alguém que quiser deter o Reinado (Aliança Negra?) vai dar o próximo passo. Bem, chega de papo, vamos as aventuras:
Eu Odeio Robôs Gigantes!

Então não jogue diretamente contra eles. A mera existência de uma arma deste porte gera vários ganchos menores que ficam orbitando à sua volta, apenas esperando por jogadores que desejem salvar a pátria. Estes ganchos também servem muito bem para campanhas em que faltam alguns níveis até os jogadores serem capazes de peitar o Kishin de frente. Alguns exemplos:

E é isso. Provavelmente vocês possuem muitas outras idéias (muitas até mesmo melhores) para aproveitar os ganchos que esta aventura proporciona. E, se tudo der certo, essa coluna irá volta e meia aparecer aqui no site. Sugestões de pauta, dúvidas e questionamentos acerca de outros detalhes de Arton são muito bem vindos. Vamos discutir as suas próprias…
Visõoooes de Arton!
Armageddon

* O próximo periélio do Cometa Halley será em 28 de Julho de 2061.
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