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Por dentro de um Museu Medieval

Dobrando a esquina vocês avistam uma pequena construção, atípica para aquela cidade serrana, que se agiganta destoando da arquitetura alemã predominante nesta região de Gramado. Um verdadeiro castelo medieval erguido com pedras claras de arenito e decorado com brasões, das mais diversas linhas heráldicas, se revela em pleno século XXI: vocês estão diante do Museu Medieval Saint George.

O trecho acima até poderia fazer parte de uma aventura de RPG, porém, pasmem: esta narrativa reflete a mais pura verdade.

Museu Medieval Saint George



No interior do municipio de Gramado, RS, cidade famosa pelo festival de cinema, chocolate e clima europeu, fica localizado talvez o único museu de heráldica e cutelaria medieval do país.

Heráldica e Cutelaria?
Heráldica é a ciência que estuda os brasões de armas e de família – símbolos popularizados na Idade Média para representar linhagens de cavaleiros e identificar soldados em um campo de batalha.
Cutelaria é a arte da fabricação de instrumentos de corte, como facas, espadas e qualquer tipo de arma metálica que possua fio.

Brasão na entrada do museu.


A História de um Guerreiro
O Museu Medieval Saint George, construido há 8 anos atrás e que continua em obras, faz parte de um audaz projeto de vida de uma figura  muito interessante do nosso país: o artesão Gilberto Guzenski.
A começar pela história desse pesquisador, Gilberto conta que desde criança sua paixão por elementos ligados a Idade Média era evidente: “Eu saía para brincar com espadas de madeira, que eu mesmo fazia, e botas de couro”. Relembra com notável entusiasmo.
Gilberto também foi o primeiro artista a expor no chão do litoral gaúcho, com peças em couro, nos idos de 1967, na praia de Capão da Canoa. Depois começou a se interessar por cutelaria, brasões e não parou mais. Tanto que é reconhecido como a maior autoridade em herálica do país.
“Alguns anos atrás eu resolvi sair em peregrinação pelo Brasil, divulgando a arte heráldica, e, após essas viagens decidi colocar em prática um antigo sonho: construir um museu em formato de castelo medieval”. Revela o especialista em brasões.
Para seu castelo ir para frente, Gilberto Guzenski precisou conversar com diversos arquitetos e engenheiros, porém, ninguém   conseguiu passar o seu sonho para o papel.  Mas isso não foi um fator limitante e sua determinação falou mais alto, levando Gilberto a desenhar e projetar o castelo, sob aprovação de profissionais.
Então, radicado na cidade de Gramado, o especialista em heráldica, que há mais de 40 anos se dedica a esta arte, começou a construir sua nova, e inusitada, morada.
Quase oito anos depois do início das obras de construção do castelo, batizado de Museu Medieval Saint George em homenagem a São jorge, padroeiro da Inglaterra, Gilberto se orgulha, com razão, de ter erguido boa parte de seu museu. E o mais impressionante: sozinho.
Sim, você não leu errado.
Além de artesão, Gilberto Guzenski construiu o castelo com as próprias mãos, erguendo pedra sobre pedra. Sem qualquer ajuda de mão-de-obra ou investimento que não fosse dele próprio. Gilberto estima que tenha carregado quase 300.000 kg de pedras de arenito e basalto, o equivalente a três caminhões cheios.
Museu Medieval Saint George
O museu reúne o maior acervo de brasões e cutelaria do Brasil, tendo as paredes da construção revestidas, quase completamente, por símbolos heráldicos esculpidos e pintados nos mais diversos tipos de material e formatos.

Brasões revestem as paredes do castelo


O salão principal é ocupado por baús, peças de tapeçaria, e várias vitrines com armamentos modernos, antigos e medievais, que vão desde facas militares, passando por armas orientais, até alabardas, machados e claymores. Um verdadeiro passeio no tempo, de tirar o fôlego.

Armas Medievais forjadas por Gilberto.


No entanto o Saint George pode ser considerado pequeno, devido ao fato de que somente o salão principal está aberto à visitação, porém a riqueza de detalhes, a própria arquitetura e a bagagem histórica que o local possui fazem valer cada minuto passado em seu interior o transformando em um gigante centro histórico-cultural.
Gilberto Guzenski pretende ampliar mais 30 metros de área para trás do museu, reabrindo assim sua forja, a mesma que lhe possibilitou produzir mais de 50 armas medievais. Com isso ele pretende retomar a construção do segundo piso do museu, que consistirá em uma sala de exposição de uniformes militares, armaduras e dioramas.

Armas orientais

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