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Universo D&D Millenium

Este é um segundo post escrito por Dave “The Game” Chalker, editor-chefe do blog Critical Hits. Escrito para o RPG Carnival, que desta vez tem o tema “Transformações e Transições“, o post faz um paralelo interessante sobre a reformulação do cenário do novo D&D com a linha Marvel Millenium.

Publicado originalmente no blog Critical Hits sob o título “Ultimate D&D Universe“:

Ao ler a entrevista feita com os autores do Manual of the Planes e o artigo do Design & Development sobre Cosmologia (assinatura do DDI necessária), eu não pude evitar de perceber o foco de tornar todos os planos em lugares de aventuras (coisa que foi informada há vários meses nos livros de prévia da nova edição). Os planos que pareciam serem pouco usados foram retirados e foi criada uma nova cosmologia com alguns planos novos, mas ela ainda trouxe elementos que existiam nas edições anteriores – para mim os mais dignos de nota são Sigil e a Cidade de Bronze.
A jogada na 4e foi pegar aquilo que eles consideravam partes “centrais” do D&D e incorporar elas em um cenário sólido onde tudo funcionasse junto, no lugar de fazer como antes e adicionar elementos ao D&D à medida que o tempo ia passando e novas aventuras eram publicadas. De certa forma esta transição do cenário básico de edições passadas para o cenário básico da 4e foi uma tentativa similar às tentativas da Marvel e DC Comics de limparem sua continuidade para permitir que novos leitores (jogadores) tenham maior facilidade de entrada, além de limpar tudo para poder melhor acomodar os elementos. A Crise das Infinitas Terras da DC foi pioneira nisso, mas para mim a analogia funciona melhor com a linha Marvel Millenium.
Como foi mencionado, ambas pegaram elementos que os criadores/designers achavam que funcionavam e otimizaram eles para fazerem parte de um todo criado desde o início para funcionar em conjunto. Muitos não ficaram felizes com as mudanças, preferindo a organização pré-existente, que lhes era mais familiar. Os criadores/designers jogaram fora muitos elementos que mantinham seus fãs.
O interessante é que a 4e parece ter seguido os passos do Universo Millenium de uma forma que eu não esperava: as pessoas estão empolgadas para ver a versão 4e de elementos antigos. O universo Millenium tem (ou ao menos tinha) fãs aguardando por certos personagens ou eventos, para poderem ver a versão “Millenium” deles. “Quero ver o que farão com o Rhino na Millenium” ou o que preferir. Na 4e, certas classes, raças e monstros são, claro, os principais alvos desta ansiedade; mas eu vi vários pedidos para as novas versões de NPCs e locais específicos. “Como será o Spelljamming na 4e?” e por aí vai. Claro, da mesma forma que o universo Millenium, há muitos que dirão que a nova versão não é fiel ao original, ou que não segue o conceito X da forma como deveria.
Este processo é similar ao Desmantelo, uma vez que o objetivo é melhorar sem ser confinado por nada previamente estabelecido. Apenas os elementos básicos são necessários. Num RPG como o D&D, mecânicas e história estão entrelaçadas até determinado ponto, não importa o quanto você escolher ignorar em suas campanhas.
Eu acho interessante que mais companhias parecem estar tentando este procedimento (e isso é definitivamente arriscado). Eu tenho a impressão que estas sempre serão aquelas que preferem manter tradições tanto quanto for possível, mas são elas que estão a fim de destruir e reconstruir.

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