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Sucesso Decisivo!

Já escrevi sobre falhas críticas dos jogadores aqui. Sobre como uma pisada na bola, um desleixo, podem render situações memoráveis.
Então, resolvi escrever sobre um “sucesso decisivo” meu. Um momento em que tudo deu certo. TUDO.
Nessa aventura o meu personagem de 6º nível consegue fugir de um castelo sozinho, desarmado e com 3 pontos de vida.
Eu jogava com um elfo guerreiro/ladrão do AD&D, no estilo “espadachim safadão”. Ele estava no sexto nível e o grupo havia sido capturado por um exército inimigo.
Aprisionados em um calabouço, todos sob grilhões, meu personagem consegue se livrar das correntes e ajudar os demais (um outro guerreiro e um clérigo) a se soltarem.
Armamos uma cilada para o guarda que viria trazer comida e conseguimos fugir do calabouço (ok, até aí, nada demais… afinal, quem nunca fugiu de um calabouço?).
Desarmados (!), conseguimos dar conta de um guarda na porta, mas ele conseguiu tocar um sino de alarme.
Saímos correndo de lá. O guerreiro (o único com uma espada, que tinha pertencido ao guarda da prisão) resolveu seguir por outro lado (sei lá o porquê).
Sobramos o clérigo e meu espadachim, “Knolan”.
Entramos em um aposento e encontramos um maguinho lá dentro. Conseguimos dar cabo do mago, mas o clérigo morreu na luta.
Sobrou meu espadachim para fugir do castelo sozinho. COM 3 PONTOS DE VIDA!!!
Encurralado em um quarto, com um monte de guardas se aproximando… e 3 PVs para fugir do castelo.
Desarmado, e com a porta sendo forçada pelos soldados, a única saída era a janela.
E por lá ele foi, escalando pelas pedras da muralha.

“Mas há pessoas que tentam impedir o seu sucesso.”

MOMENTO ROUBADA DO MESTRE:
O mestre ALTEROU a descrição da muralha. Depois de ter descrito a janela como tendo vista para FORA do castelo, ele disse que a janela era PARA DENTRO, voltada para o pátio.
Por causa disso, havia arqueiros nas outras janelas que poderiam tentar me acertar.
Ele rolou uma penca de dados e nenhum dava o número certo, até que…
“Acertou!” – Disse ele, com aquele sorriso que todo mestre faz quando quer te sacanear.
“Ferrou…”- respondi.- “Morri”.
O mestre pega o D8 e rola… 1.
A mesa TODA em polvorosa:
“Caraca!”
“Que cagão!”
“Hahahaha!”
E Knolan, o resiliente, continuou sua escalada, com apenas 2 pontos de vida.
Como a murada era bem guardada, eu perguntei ao mestre se haveria algum arco ou flechas por ali. Algo que ficasse a disposição dos arqueiros para defenderem o forte.
Ele disse que sim. Havia um arco com algumas flechas, mas também havia 2 guardas – um de cada lado da murada – vindo correndo na direção de Knolan, com espadas em punho.
Knolan pegou o arco, alinhou a flecha e atirou.

“Caramba… acho que agora me ferrei. 2 inimigos…”

A flecha rasgou o ar, se encravando na testa de um dos soldados. Rolei 8 no dano.
Correndo na direção do cadáver, e com o outro soldadinho na sua cola, Knolan tem tempo apenas para pegar a espada no chão.
Ao se levantar, o soldado já o tem sob o alcance da sua arma.

“Putz, agora ferrou de verdade…”

Rolamos iniciativa.
Knolan venceu.
Vamos ver se Knolan acerta?
Acertou.
Hmmm…. qual será o dano que ele provoca?
8 de dano!
Ok… agora é a vez do guarda.
O guarda morre.

“Agora, a mesa estava toda atônita!
Ninguém acreditava no que estava acontecendo.”

Knolan agora contava com uma espada, um arco e duas flechas (na boca).
O espadachim precisava descer para o pátio rápido. Quanto mais tempo passasse no castelo, mais chances teria de ser acertado.
Então eu perguntei ao mestre se havia algum estábulo no castelo.
“Sim.” – Ele disse.
“Tem alguma carroça com feno?” – Perguntei.
“Tem, tem uma lá.” – Ele respondeu.
Knolan correu pela murada, em direção ao estábulo. Ao chegar lá, viu um senhor, bem velho, cuidando dos cavalos.
Sem pena, atirou sua flecha certeira. Enquanto isso surgia, do outro lado da muralha, UMA PORRADA de arqueiros.

“Mantenha a conta! Ele matou o velho, então sobrou apenas 1 flecha na boca dele.”

Flechas voavam, sem acertá-lo, até que ele pulou na carroça, que amorteceu sua queda, poupando todo o tempo da descida (e combate) por uma escada normal.
MOMENTO ROUBADA DO MESTRE 2:
“Você vê que os arqueiros começam a atirar flechas flamejantes.” – Decretou o mestre.
“Droga”. – Pensei. “Com 2 PVs eu tô ferrado.”
“Você vê várias flechas passando por você, quase te acertando.” – Ele descreveu.
E, então, eu me toquei:
“Calma lá! Se as flechas são flamejantes e eu estou no estábulo… Tudo isso aqui vai pegar fogo! E a fumaça vai me encobrir dos arqueiros!!! E eles ainda vão ter que se dividir para conter o fogo!!!!!!!!!!”

“O mestre com o olhar estupefato de ‘que mancada.’”

Knolan saiu da carroça, que começava a incendiar, e foi em direção aos cavalos. Liberou todos, espantando-os (como se precisasse, por causa do fogo), menos um.
A confusão dos cavalos e o incêndio distraíram a atenção dos soldados que começavam a chegar ao pátio.
E o mestre descreveu – “Eles param de lançar flechas flamejantes e o capitão da guarda desce o braço em alguns dos arqueiros.”
Enquanto flechas voavam a esmo, sem acertá-lo, Knolan cavalgou em direção ao portão aberto, que começava a ser fechado por um soldado.
Foi quando em um lançamento de dados, o mestre tirou um 20.
“Acertou.” – Disse ele, quase comemorando.
E rolou o dano:
Um.

“Sim! Ele tirou 1 de dano!!!”

Knolan, o cagão, cavalgou em direção à saída, alinhou sua última flecha e atirou no soldado que fechava o portão.
O soldado caiu morto no momento em que Knolan ultrapassou os portões do castelo.
Vitorioso.
E com UM ponto de vida.


“Você não acredita?
Tudo bem… acho que nem eu acreditaria.
Mas foi assim que aconteceu.”

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