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Concurso Alphaversos 2018 #4º – Hangyaku no Kiba

Confira o 4º colocado do Concurso Alphaversos 2018! Com jeitão de anime dos anos 90, Hangyaku no Kiba (Presas da Rebelião) se passa em um Japão Feudal fantástico onde pilotos de robôs-gigantes-samurai lutam contra a tirania dos dragões e seus asseclas!


Autor: Jairo “Oriaj” Orozco & Renan “UnbornHexa” Orozco (Guarujá – SP). Temas: construtos, distopia, japão feudal.

Resumo: Há muito tempo os deuses criaram a terra de Yamato e seus habitantes, deixando para eles duas raças de guardiões: os harmoniosos Kami responsáveis por manter o balanço nas terras; e os Ryüshin, bestas poderosas com a função de proteger essa terra de qualquer ameaça externa. Ao longo das Eras os Ryüshin perderam-se de seu propósito se tornando avarentos e sedentos por controle e poder. Eles começaram sua conquista das terras de Yamato. Se opuseram a eles os Kami e os povos livres, mas houveram aqueles que se aliaram aos Ryüshin. A guerra culminou na derrota dos Kami, fazendo com que o culto a eles fosse perscrutado e o culto aos Ryüshin mandatório. Mas uma nova esperança surge no horizonte.


Hangyaku no Kiba

As terras de Yamato são um análogo em aparência, cultura e tradição do nosso Japão em meio à Era Sengoku, mas regada com suas próprias peculiaridades. No início as misteriosas entidades criadoras Izanagi e Izanami deram origem a tudo aquilo que existe, mas principalmente às terras que viriam ser chamadas Yamato e seus habitantes, como os civilizados e inventivos humanos; os selvagens e ímpares Yökais assim como a exótica bela flora e fauna local.

Para garantir a prosperidade e sobrevivência dos povos de Yamato foram criadas duas raças: os harmoniosos espíritos Kami responsáveis por manter o balanço físico e espiritual da terra; e os Ryüshin, poderosos dragões com a função de proteger Yamato de qualquer ameaça externa.

Ninguém sabe ao certo quando os Ryüshin começaram a invejar a veneração recebida pelos Kami, que eram cultuados pelos povos humanos. Mas em dado momento os Ryüshin perverteram-se tornando-se famintos por poder e controle. Os Kami em resposta juntaram seus sacerdotes e guerreiros de diversas províncias para formar uma armada de confrontação aos decaídos Ryüshin. Porém houveram aqueles seduzidos pelas promessas de poder dos dragões, iniciando assim o culto a eles e levando ao evento que ficou conhecido como Guerra Celestial.

O resultado da guerra foi a derrota e escravização dos Kami por parte dos Ryüshin assim como o banimento e consequente persecução ao seu culto. Com o passar do tempo a veneração aos dragões tornou-se obrigatória, com seus templos atuando também como as garras de ferro destes tiranos em meio ao povo.

O Culto Dos Dragões

Nos dias de hoje não existe sequer uma pequena vila sem ao menos um sacerdote dos Ryüshin, grandes cidades contam até mesmo com diversos templos por toda sua extensão. O culto dos dragões prega a total submissão e confiança aos grandes Ryüshin e seus asseclas.

Em meio ao povo os adeptos cumprem tanto a função de guia espiritual quanto inquisidores e executores contra qualquer sinal de heresia, a qual devido às suas crenças (e certo grau de corrupção aceitável) pode significar qualquer coisa que vá contra seus desejos pessoais.

Membros do credo que se provam perante um Ryüshin podem ser agraciados com o Ritual da Sagrada Ascensão no qual o dragão usa de magia e esoterismo para infundir uma de suas escamas com poder dracônico no corpo do fiel, este por sua vez recebe mutações e poderes advindos de seu mestre. Esses Ryükishi (Cavaleiros Dracônicos) formam o alto-escalão do culto, agindo com alto-sacerdotes, generais e outras posições de destaque.

Os daimyö, os governantes de cada província, são sempre Ryüshin menores ou Ryukishi. Os dragões por sua vez são governados pelos Três Dai Ryüshin, os arquitetos e líderes da Guerra Celestial.

As Presas da Rebelião

Porém nem tudo está perdido, a noite sempre dá lugar ao dia. O último grande Kami livre Amaterasu, a princesa do sol, reuniu Kami, sacerdotes e aqueles de coração bondoso para enfrentar a tirania dracônica e trazer de volta equilíbrio para Yamato. A rebelião atua de maneira subversiva libertando Kami aprisionados, derrubando tiranos e trazendo esperança de um melhor amanhã para o povo.

Para combater os Ryukishi em igualdade, Amaterasu usa de seu poder para criar as Taiyöseki: pedra místicas imbuídas com o poder do próprio sol. Usando deste recurso os sacerdotes dos Kami criam os Dai Kabuto, construtos de combate especial com até 4 metros de altura modelados como as armaduras samurai (yoroi), alimentados pelas Taiyöseki e pilotados internamente pelos Ryümusha (Matadores de Dragão).

Os Ryümusha tendem a ser selecionados de duas maneiras: Aqueles que são criados dentro da rebelião desde jovens, recebendo treinamento físico e mental assim como sendo iniciados na fé dos Kami; ou aqueles civis que demonstram um coração puro, integridade ou um forte desejo por justiça.

O Povo Selvagem

Dividindo Yamato com os outros povos estão os Yökai, uma raça ímpar e por sua vez composta de vários Clãs, cada um quase uma espécie por si só. O que os caracteriza como uma única raça é sua valorização pela liberdade, comportamento excêntrico e alinhamento com a natureza. Não existe um governo entre os diversos clãs, o próprio termo Yökai foi criado pelos humanos para se referir a miríade de espécies que os compõem, mas acabou sendo aceita e adotada pelos mesmos.

Mesmo contabilizados como um todo, ainda são consideravelmente menos numerosos do que os seres humanos. Existem yokais que residem nas cidades, mas o mais comum é que de acordo com os hábitos de seu clã, viviam como eremitas, pequenas famílias ou aldeias inteiras em meio à relva.

Os Ryüshin a muito desistiram de subjugá-los como um todo pois são muito dispersos e diversos para que lhe seja imposto qualquer forma de governo. Por outro lado, os Yökai escolhem seus lados livremente, jurando lealdade aos Kami, aos Ryüshin ou até mesmo vendendo seus serviços àqueles que pagarem melhor.

NPCs Importantes

Dai Ryüshin Nobu. A manifestação de Poder, exalando uma aura de dominância e fome. O mais agressivo dos Dai Ryüshin, propenso a soluções imediatas.

Dai Ryüshin Toku. A manifestação da Serenidade, porta uma aura de respeito e carisma. O mais sociável dos Dai Ryüshin, propenso a converter seus inimigos.

Dai Ryüshin Hide. A manifestação da Criatividade, dotado de uma aura de sagacidade e aleatoriedade. O mais inventivo dos Dai Ryüshin, propenso a soluções inesperadas.

Princesa Amaterasu. O último grande Kami livre, dotada de grande sabedoria e, atualmente, amor pelos humanos. Líder da revolução e cozinheira fracassada para os Ryümusha nas horas vagas (tende a queimar até água.)

Obi no Seinen. Alto-sacerdote dos Kami, é um belo jovem que dizem ter sangue de Yökai e encanta a todas as revolucionárias. Apesar de seu estado sacro é um forte adepto de bebidas, jogos e mulheres.

Yashia Douman. Um Ryükishi poderosíssimo, dizem que ele foi o primeiro Ryükishi. Alguém que retribui falhas com mortes.

Regras

Hangyaku no Kiba é um cenário inspirado na história e mitologia japonesas, como vistas em animes, games e mangás. É um cenário que utiliza o 3D&T com poucas restrições: é recomendado utilizar personagens de 7 (Lutadores) até 10 pontos (Campeões), embora se possa reduzir até 5 pontos (Novato). Também pode usar personagens de pontuações diferentes, distribuindo Pontos de Destino para equilibrar as fichas. Praticamente todas as vantagens e desvantagens são permitidas, representando seja técnicas de combate impressionantes, seja poderes misteriosos de onmyoji, shugenja e outros magos e sacerdotes orientais.

Para os Dai Kabuto utiliza-se das regras adicionais para mechas vistas em Brigada Ligeira Estelar. Quanto aos Yökai cada clã pode ser representado por vantagens únicas vistas nos Manuais 3D&T pendendo aprovação do Mestre, apenas adaptando sua aparência e nomes ao cenário. Os Ryüshin pertencem a Escala Sugoi assim como os Dai Kabuto.

Sugestão de Personagens

? Uma gueixa nas cortes dos Ryüshin que alimenta informação para a rebelião.

? Um Onmyoji em busca dos segredos mágicos guardados pelos sacerdotes.

? Um órfão que teve a família executa pelos Ryüshin e agora pilota seu Dai Kabuto para que ninguém sofra um destino semelhante.

? Um frio Ryümusha criado pela rebelião preza mais sua missão do que o motivo por trás dela.

? Uma kunoichi traída por seus patronos que encontrou amigos e uma casa dentre os rebeldes.

? Um ryükishi que percebeu os horrores de seus atos e agora vaga o mundo como um Rönin tentando fazer justiça.

Ganchos de Aventuras

? Um informante da rebelião descobriu o paradeiro de um dos outros Grandes Kami aprisionados. Os heróis são enviados para coletar informação de seu cárcere e liberta- lo.

?O Daimyo local vem atacando uma vila de Yökais próxima. Os heróis são enviados para defendê-los na esperança de que estes se aliem para derrubar o tirano.

?Um dos Dai Ryüshin descobriu a localização de uma base da rebelião e envia um de seus Ryükishi com a missão de destruí-la. Tal monstro só pode ser impedido com uma coalisão de forças a qual cabe aos heróis reunir.

Antagonistas

Sacerdote dos Ryüshin (5-8 Pontos)

F0, H1-2, R1-3, A0, PdF0.

Vantagens e Desvantagens: Pontos de Magia Extra, Magia Elemental, Clericato; Devoção (Servir os Ryüshin).

Mercenário Yökai Ushi-Oni (5-11 Pontos)

F3-4, H2, R2-3, A0-1, PdF0-1

Vantagens: Ushi-Oni (Minotauro, F+2, R+1, Mente Labiríntica, Código do Combate, Fobia (Altura), Má Fama), Ataque Especial (Força), Sobrevivência.

Ryükishi (13-25 Pontos)

F2-4, H3-4, R3-5, A2-5, PdF2-4

Vantagens e Desvantagens: Ataque Especial (Força ou Poder de Fogo), Arena (opcional), um ou mais entre os seguintes: Membro Elástico ou Membro Extra (Asas); Devoção (Servir os Ryüshin), Monstruoso (opcional).

Para inspirar

Anime/Mangá: Série Super Robot Wars, Akame ga Kill, Claymore, Seven Samurai, Basilisk.

Videogames: Asura’s Wrath, Okami, Série Samurai Warriors.

RPG: Kuro, Tenra Bansho Zero.


Avaliação

Robôs-gigantes-samurai contra dragões orientais tiranos!!! Não tem como não curtir uma proposta tão simples e eficaz. As regras foram bem utilizadas, aproveitando bem o Manual Básico e diversos suplementos. O cenário é um tanto clichê, com jeitão bem humorado de anime dos anos 90 e uma pegada de Star Wars, mas funciona! Pode parecer um feito simples, mas não é. Hangyaku no Kiba só conseguiu se destacar pelo modo que trabalhou todos esses elementos familiares, contando com um bom elenco de antagonistas e NPCs de suporte que dão o tom e ajudam mestres e jogadores a conduzirem a trama. O texto podia estar mais fluido, e o cenário precisa de um elemento extra que lhe dê maior identidade, mas o potencial de diversão já é enorme do jeito que está.

? Presença dos Temas: 9,5  “Todos bem encaixados e presentes. Gostei da forma como a combinação foi feita.” – BURP.

? Uso das Regras: 9,0 “Destaque para a previsão de utilização das vantagens únicas como variantes de youkai” – Oriebir. “Eu gosto quando não tentam reinventar a roda com 3D&T.” – Armageddon.

? Aspectos Gerais: 8,75 “Muitas vezes, queremos apenas jogar com aquilo que encontramos em diversas mídias.” – Lancaster. “Há um clima de anime bem forte também. Eu jogaria.” – BURP.

# MÉDIA FINAL: 9,1 (4º colocado, decidido pelos critérios de desempate) #

A avaliação completa de “Hangyaku no Kiba”, com comentários e sugestões de todos os jurados, encontra-se na página 2.


Todos os mini-cenários sofreram alguma revisão e padronização no formato para serem publicados no blog. Você pode ler o texto do cenário como foi submetido e avaliado neste link.

A imagem usada neste artigo pertence a Jambô Editora.

Avaliação Completa – Hangyaku no Kiba

Uso dos Temas: 9,5

Lancaster: Os temas são construto, distopia e Japão Feudal. E tudo está bem redondinho: é praticamente Star Wars, só que em um mundo de fantasia — há causa e efeito, os robôs gigantes mágicos são criados para enfrentar os dragões e nivelar seu poder a eles, há no estado totalitário uma entidade onipresente e um grande inimigo a ser vencido e Ameratsu como cozinheira desastrada é… muito anime. Simples e eficiente. Só falta um elemento que dê o toque especial, o estalo que dá personalidade e brilho ao conjunto, mas de resto tudo funciona sem motivo para reclamar.

BURP: Todos bem encaixados e presentes. Gostei da forma como a combinação foi feita.

Oriebir: Os três temas propostos, Distopia, Construtos e Japão Feudal estão presentes. A maneira como a distopia é proposta é interessante e unida à ambientação no Japão Feudal de forma bastante eficiente. Mesmo tendo uma origem mística, os construtos me pareceram um pouco forçados, dado o clima mítico da narrativa do cenário, mas isso não é algo necessariamente prejudicial.

Armageddon: Gostei da forma como lendas reais japonesas foram unidas com conceitos modernos de animes e games. Talvez eu teria abraçado de vez as referências e colocado a presença de robôs gigantes como um ponto ainda mais central (afinal, são robôs gigantes em armadura samurai!).

Domínio das Regras: 9,0

Lancaster: Novamente, correto — ele segue basicamente o conteúdo dos livros existentes de 3D&T e nisso, faz um trabalho simples e eficiente. O leitor que tenha os suplementos não vai se atrapalhar por causa disso.

BURP: Simples e diretas ao ponto, mas eu vi um copy-cola de texto do Manual do Defensor 😛

Oriebir: Bem organizadas. Destaque para a previsão de utilização das vantagens únicas como variantes de youkai, em vez de cair na tentação de criar uma vantagem única específica. É uma solução editorial elegante, pois poupa espaço que pode ser utilizado para descrição do cenário ou de outras mecânicas. Contudo senti falta de alguma proposta original em termos de mecânicas.

Armageddon:  Eu gosto quando não tentam reinventar a roda com 3D&T. Vocês abraçaram regras já consagradas, deram muita liberdade e usaram ao máximo o que o jogador já conhece, sem precisar dar muitas voltas antes de começar a jogar.

Aspectos Gerais: 8,75

Lancaster: Um cenário não precisa ser original. Muitas vezes, queremos apenas jogar com aquilo que encontramos em diversas mídias. É claro, sempre elogiamos quando algum elemento novo dá forma a todos esses conceitos conhecidos e falta isso aqui — algum traço de personalidade própria que faça com que encaramos Hangyaku no Kiba como algo mais do que ele propõe. Mas ele é muito honesto em seu conceito: uma aventura em um Japão feudal fantástico com mechas contra dragões e uma estrutura familiar de anime médio, com aventura e humor (convenhamos, o gancho da Ameratsu cozinheira entrega isso — e não há motivo para pensarmos que isso não se aplique ao sacerdote mulherengo). Se Hangyaku no Kiba é isso, por mim está ótimo.

BURP: Gostei bastante do cenário, que mistura alguns temas que eu costumo ter interesse. Há um clima de anime bem forte também. Eu jogaria. Só achei o texto um pouco truncado.

Oriebir: Os autores seguem à risca o modelo de apresentação proposto no Manual do Defensor, o que por si só não é um diferencial, mas garante a estruturação do material. O texto em si vai direto ao ponto e desperta a atenção do leitor e potencial jogador.

Nota-se uma forte semelhança do cenário com Star Wars. Isso não é um problema, mas os autores deve ter atenção para não transformar o cenário em apenas um Star Wars com roupagem de Japão Feudal. Como sugestão para uma futura reescrita do texto, talvez seja interessante adotar algum novo plot que confira maior identidade ao cenário, como a adoção de uma outra palavra-chave (no lugar de Construtos, eu diria; mas isso não precisa excluir os construtos do cenário).

Armageddon: O cenário mistura mitologia e robôs gigantes, então ganha muito pontos comigo. Acho que esses conceitos da dualidade em desarmonia, o caos que isso gera e a busca pela volta do equilíbrio tem muita relação com a religião e a filosofia oriental, gostei de ver isso ser trabalhado aqui.

Nota Final: 9,1

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