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Concurso Alphaversos 2018 #9º – Planeta Desmonte

Conheçam o 9º colocado do Concurso Alphaversos 2018! Planeta Desmonte é um minicenário cyberpunk. No final do séc.XXII, a Terra agoniza em poluição e escassez. Sem dinheiro pra fugir pro espaço, só resta a você tentar sobreviver por aqui, mesmo que para isso precise se robotizar.


FICHA TÉCNICA

Autor: Wefferson David (Barra de São Francisco – ES). Temas: distopia, construtos e sobrevivência.

Resumo: Após anos de superpopulação e abusos, a Terra finalmente cedeu, tornando-se um planeta praticamente sem recursos. A humanidade agora busca novas formas de subsistência, começando a construir no espaço novos lugares para sua habitação enquanto altera seus corpos para sobreviver em seu planeta natal, que a cada dia está mais hostil. Um mini-cenário cyberpunk.


Planeta “Desmonte”

Ao final do século XXII, a Terra se tornou um planeta praticamente inabitável. Sua população alcançou a incrível marca de 14 bilhões de habitantes, dos quais 11 bilhões vivendo em imensas metrópolis. Dentre estes, 2.5 bilhões se aglomeram na Mega Nova York, considerada a maior gigalópole do mundo, onde estão sediadas as três grandes companhias que mudaram o destino recente da humanidade: o Conglomerado Dongli, a Organização Brightstar e a Macht Inc. S/A. Desde os últimos anos do século XXI a guerra por recursos naturais, em especial a preciosa água, conduziu a humanidade a diversas guerras, empobrecendo e endividando nações e enriquecendo gradativamente empresas que atuavam no cenário bélico e farmacêutico, bem como seus lobistas no cenário político mundial.

Às portas de um fim catastrófico, algumas mentes começaram a trabalhar. Subsidiados por alguns conglomerados financeiros e companhias voltadas ao desenvolvimento tecnológico, tais mentes desenvolveram foguetes capazes de fazer a viagem Terra – Marte em 21 dias; desenvolveram um sistema de suporte vital que conta com sistema gravitacional para planetas terraformados e estações espaciais; por fim desenvolveram os operários que construiriam essas maravilhas no espaço próximo: robôs com cérebro positrônico, que construiriam as colônias e estações espaciais em distâncias superiores à órbita da Lua, entre a Terra e Marte.

Pela primeira vez em séculos a humanidade via uma chance de realizar algo que poderia efetivamente trazer bem a toda a raça. A esperança de que o homem poderia, algum dia, se libertar dos limites da Terra e explorar o universo proliferava pela população. Mas algo deu errado. Pressões políticas e empresariais, especulação financeira e corrupção fizeram com que corporações industriais se fortalecessem, governos se endividassem, e o preço a se pagar por sair do planeta fosse algo realmente astronômico.

A cada dia sendo obrigada a viver em um mundo doente em condições precárias devido à poluição, falta de alimento, água e recursos, a humanidade aceitou com resignação o processo de robotização que lhe foi oferecida.

O Conglomerado Dongli

Os orientais do Conglomerado Dongli foram os primeiros a trabalhar com a robotização de seres humanos, processo chamado por eles de bio-hacking. O conglomerado envolve diversos ramos de atividades, sendo os principais tecnologia de informação e telecomunicação, farmacêutica,  engenharia mecatrônica e biorrobótica. Sob o comando do implacável Swo Jae Li, o conglomerado se encontra em franca ascendência financeira.

O principal sucesso do conglomerado se deve especialmente às cirurgias de implantes de próteses mecânicas em seres humanos, ramo em que são insuperáveis. A implantação de um órgão robótico em substituição ao original doente, membro amputado, ou mesmo cirurgias cosméticas para a troca de olhos pela cor, ou mudança do tamanho de bíceps e glúteos, gera fortunas diárias para o conglomerado.

Entretanto, nem todo mundo se submete a essas cirurgias por questões estéticas. Muitos se submetem a elas para obter melhor desempenho corporal, ou simplesmente tolerar aspectos da vida diária que seriam piores sem os implantes. Respirar em uma metrópole entregue à poluição é bem mais fácil quando se tem filtros instalados na traqueia, por exemplo. Em geral, alguns implantes, ainda que caros, saem mais baratos que um tratamento médico. O conglomerado faz questão de deixar isso claro para a população.

Mas a aparência de benevolência e bem estar é apenas uma fachada para muitas atividades escusas do Conglomerado, tais como o tráfico de pessoas para experiências biorrobóticas e farmacêuticas. Um dos objetivos atuais de seus cientistas é a criação de supersoldados alterados. No mundo em que estamos, certamente valeriam imensas fortunas.

Organização Brightstar

Sendo uma imensa multinacional que atua em áreas diversas como tecnologia da informação, robótica e automobilística, a Organização Brightstar é a responsável pela criação dos robôs positrônicos, que substituíram os notebooks e tablets (para muitos até mesmo os smartphones) em questão de semanas.

Steve Mosty é o atual CEO da organização, e o principal gestor das equipes de engenharia robótica e mecatrônica. Sob sua supervisão as divisões de mecatrônica e engenharia robótica da organização receberam orçamentos maiores e autonomia maior de projetos, ainda que sob sua constante supervisão.

A organização Brightstar é constantemente acusada de espionagem industrial, roubo de patentes e outras práticas escusas de negócios. Mas o que vem tirando seu sono é um vírus que foi chamado “Ergo”, capaz de tirar a programação original de seus robôs, dando a eles uma programação aleatória completamente nova, numa paródia de “livre arbítrio”.

Macht Inc S/A

Várias companhias, indústrias e empresas foram incorporadas pela Macht Inc., que hoje é provavelmente a maior multinacional do mundo. Sua atuação é extremamente diversificada, indo de utensílios de cozinha, telecomunicações, passando pela indústria automobilística e engenharia civil e militar. A Macht Inc. criou a tecnologia de suporte vital no espaço, e tem um convênio com a Organização Brightstar para uso de seus robôs como operários no processo.

Sabe-se que Macht Inc. S/A é liderada por um conselho de acionistas que não se revelam sob nenhuma hipótese. Quando a empresa precisa ser representada por um alto oficial, tal papel cabe a Heike König, a executiva mais graduada dentro da companhia, ainda que não tenha poder de decisão. Não raras vezes ela atua como consultora para alguns dos conselheiros.

Os métodos da Macht Inc. São considerados extremamente agressivos até mesmo pelas outras grandes corporações. Algumas vezes a captação de profissionais de outras empresas através de salários exorbitantes, roubo de projetos e o eventual acidente com algum cientista de alguma companhia rival já foram creditadas à intervenção da Macht Inc.

NPCs Importantes

Swo Jae Li, presidente do Conglomerado Dongli. Idoso e aparentemente frágil, o “velho Li” é um negociador agressivo e visionário. Não se importa em deixar claro que usa seus adversários como escada.

Steve Mosty, CEO da Organização Brightstar. Homem de meia idade, um pouco calvo, acima do peso. Sua aparência não impressiona, mas é um gênio do marketing, da robótica e da mecatrônica.

Heike König, executiva master da Macht Inc. S/A. Mulher de personalidade forte, olhar severo e aparência impressionante. Pouquíssimos sabem que ela é também uma das conselheiras da Macht. Mantém um olho atento sobre Steve Mosty, seja para cooptá-lo ou tirá-lo do caminho.

Regras

A pontuação inicial recomendada para personagens jogadores é de 7 pontos (lutador). Um pouco mais durões que o normal.

Vantagens relacionadas a magia são proibidas. Vantagens únicas recomendadas são Humano (Manual do Defensor 1d+27), Ciborgue (Manual 3D&T Alpha 1d+57) e Robô Positrônico ( Manual 3D&T Alpha 1d+59). Caso um robô positrônico seja infectado pelo vírus “Ergo”, ele perde seu Código de Honra, e recebe uma Devoção escolhida pelo mestre, que pode ser tão aleatória quanto “criar um zoológico de borboletas” ou “estabelecer para os robôs direitos semelhantes aos dos homens”. Um robô pode ser infectado se entrar em contato com outro dispositivo infectado e falhar em 3 testes de Resistência. Os testes não precisam ser consecutivos.

Sugestão de Personagens

? Um jovem que após um acidente perdeu as duas pernas e recebeu próteses em troca de um favor a ser pago posteriormente.

? Um policial que percebe um aumento no uso de drogas em sua comunidade após a implantação de uma fábrica de cosméticos.

? Um hacker que vive de pequenos golpes, até que rouba informações sigilosas de uma companhia grande de verdade.

? Um cirurgião bio-hacker que se demitiu de uma companhia.

Ganchos de Aventura

? Os personagens são contratados para invadir um depósito de uma companhia e roubar um container muito específico.

? A mãe de um personagem cai gravemente doente do coração, e ele precisa encontrar um novo órgão, biológico ou robótico, bem como um cirurgião que faça a operação.

? O executivo de uma companhia é emboscado ao voltar do trabalho, e pede ajuda aos personagens pra voltar pra casa vivo.

? Os personagens são contratados para eliminar o executivo de uma companhia em troca de uma pequena fortuna.

Para sobreviver ao Planeta Desmonte, é preciso se robotizar.

Antagonistas

Bandido de Rua (5 pontos)

F2 (corte ou esmagamento), H1, R1, A0, PdF0.

Vantagens e Desvantagens: Especializações (Punga, Intimidação e Manha)

Guarda de Rua (6 pontos)

F1 (esmagamento), H2, R1, A1, PdF1 (perfuração).

Vantagens e Desvantagens: Patrono (Corporação); Especializações (Investigação, Interrogatório e Condução); Devoção (Corporação).

Guarda Particular (9 pontos)

F2 (esmagamento), H2, R2, A1, PdF2 (perfuração).

Vantagens e Desvantagens: Patrono (Corporação); Devoção (Corporação).

Robô Positrônico (10 pontos)

F2 (esmagamento), H2, R2, A2, PdF0.

Vantagens e Desvantagens: Robô Positrônico; uma perícia qualquer, Memória Expandida.

Super-soldado Protótipo (15 pontos)

F2 (esmagamento), H4, R2, A2, PDF4 (perfuração).

Vantagens e Desvantagens: Patrono (Corporação); Devoção (Corporação).

Para se Inspirar

Livros: Trilogia Sprawl (Neuromancer, Count Zero, Mona Lisa Overdrive)

Anime/Mangá: Complex, Alita Battle Angel, Ergo Proxy

Filmes: Blade Runner

Séries: Altered Carbon

RPGs: Cyberpunk 2020, Shadowrun

Podcast: Nerdcast especial de RPG 4, 5 e 6.


Avaliação

Todos os temas estão de alguma forma presente, mas sobrevivência não ficou tão evidente. As regras foram bem escolhidas e estão todas referenciadas, apesar de haverem alguns erros nas fichas que precisam de revisão. “Planeta Desmonte” é um cyberpunk tradicional bem executado e com potencial para adquirir uma personalidade própria para além de suas referências. Talvez o caminho seja focar melhor em alguns elementos, como na “robotização” dos humanos, na guerra entre companhias, ou no vírus Ergo. Este último é interessante em sua mecânica, mas acabou pouco desenvolvido, sem sugestão de personagens ou ganchos.

? Presença dos Temas: 8,0  “Distopia e Construtos estão presentes e bem trabalhados. O aspecto da Sobrevivência aparece em segundo plano…” – Oriebir

? Uso das Regras: 9,5 “Poucas, mas muito bem escolhidas e muito bem usadas, tudo em função ao cenário.” – Lancaster.

? Aspectos Gerais: 8,5 “Gostei do cenário como um todo, a similaridade com as referências não chega a ser um demérito.” – Armageddon. “Gostei da premissa geral, mas achei que poderia se focar mais em um tema (como o da humanidade robotizada).” – BURP.

# MÉDIA FINAL: 8,7 (9º colocado) #

A avaliação completa de “Planeta Desmonte”, com comentários e sugestões de todos os jurados, encontra-se na página 2.


O texto do minicenário passou por uma revisão rasteira e padronização no formato para serem publicados no blog. Você pode ler o texto como foi submetido e avaliado neste link.

As imagens usadas neste artigo pertencem a Jambô Editora, originárias dos livros de Brigada Ligeira Estelar (Belonave Supernova e Arquivos do Sabre).

Avaliação Completa – Planeta Desmonte

Presença dos Temas: 8,0

Lancaster: Os temas são Distopia, Construtos e Sobrevivência. Como este é um cyberpunk clássico, é de se esperar que de alguma forma ou de outra tais temas estejam presentes. Infelizmente, os Construtos (no caso os andróides) são meramente um item e não tem um fator definidor no cenário, mas por outro lado o resto é trabalhado com muita excelência — o bastante para suplantar isso.

BURP: O tema de distopia e construtos se sobressaem. A sobrevivência parece pouco explícita, usada como premissa, mas sem ser explorada realmente como um elemento de jogo.

Oriebir: Distopia e Construtos estão presentes e bem trabalhados. O aspecto da Sobrevivência aparece em segundo plano; acho que poderia ter mais presença. Uma sugestão seria adotar o tema Traição e adicionar com mais ênfase um fator de espionagem industrial ao cenário.

Armageddon: Os temas estão todos ali de uma forma ou de outra, ainda que não tenham o mesmo peso. Eu definitivamente não sobreviveria numa cidade com dois bilhões de habitantes, mas não sei se isso conta nesse caso.

Uso das Regras: 9,5

Lancaster: Poucas, mas muito bem escolhidas e muito bem usadas, tudo em função ao cenário. A adição do vírus Ergo foi um plus muito bem aplicado.  

BURP: Simples, bem utilizadas e aproveitando bem o sistema.

Oriebir: Bom uso das regras, referenciando todos os conteúdos extras adotados, embora haja alguns erros de contagem de pontos e a vantagem única Humano não seja mencionada nas fichas.

Armageddon: Legal como as regras já existentes casam com uma nova regra específica do cenário. As fichas estão legais também.

Aspectos Gerais: 8.5

Lancaster: Um mini-cenário cyberpunk tradicional mas eficiente, com potencial de riqueza e detalhamento a partir destes elementos iniciais, com muito o que se fazer, colocando os personagens jogadores em problemas e trabalhando muito bem a questão das próteses.

BURP: Gostei da premissa geral, mas achei que poderia se focar mais em um tema (como o da humanidade “robotizada”). Coisas como o vírus Ergo parecem jogadas a esmo e teriam possibilidade de ser melhor exploradas.

Oriebir: É um cenário bem embasado, mas nenhum aspecto em específico me chamou a atenção a ponto de identificar esta ambientação como algo diferente de algumas das obras citadas nas referências, por exemplo. Isso não é necessariamente ruim, mas também não traz muita originalidade ao cenário.

Armageddon: Gostei do cenário como um todo, a similaridade com as referências não chega a ser um demérito. Fiquei um tanto quanto em dúvida em relação a alguns aspectos em conflito com o tema sobrevivência, mas nada que afete demais o todo.

Nota Final: 8,7

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