Tormenta: Como Tapista faz a guerra?

O modelo tapistano de fazer a guerra se baseia fortemente em três pilares: sua infantaria pesada, seu corpo de engenheiros de guerra e sua marinha de guerra. As legiões de Tapista se destacam por sua capacidade de marchar longas distâncias em pouquíssimo tempo, surgindo onde o inimigo menos espera, graças ao preparo físico exemplar de suas legiões e às capacidades do seu corpo de engenharia militar, que cria pontes, balsas e mesmo estradas rápidas que permitem às legiões continuar avançando mesmo em terreno ruim que atrasaria outros exércitos em semanas ou meses.
Além disso, os minotauros são famosos por seus acampamentos fortificados (e labirínticos!), que são erguidos rapidamente pelo corpo de engenheiros e legionários assim que chegam ao local de uma campanha, sendo muito difícil obter vantagens em ataques surpresa contra uma legião tapistana acampada.
Por último, Tapista é a única nação do mundo a manter uma marinha de guerra digna de respeito. As galés de guerra tapistanas são tripuladas por marinheiros de carreira e equipadas com canhões, um caso único do uso de pólvora no mundo conhecido. A escolha de canhões, no entanto, não é por acaso. Enquanto outras marinhas do mundo podem ocupar apenas o deque superior com balestras, catapultas e outras armas de cerco comuns, limitando a quantidade de fogo que são capazes de entregar ao inimigo, as galés de guerra tapistanas podem armar seus canhões em todos os deques e disparar todos de uma vez, causando danos catastróficos a qualquer navio atingido. Infelizmente, os canhões artonianos ainda são precários, e tendem a explodir se não forem corretamente manejados. Os artilheiros minotauros são bem treinados, mas mais de um acidente já explodiu uma galé de guerra pelos ares, levando a muitos questionamentos no senado sobre a validade de carregar armas tão instáveis para a guerra.
Além destes pontos fortes, enxergados por militares de todas as nações, os minotauros também tem uma força secreta, pois Tapista é uma das poucas nações do mundo a atuar num regime misto de soldados profissionais e recrutamento obrigatório por período determinado pelo estado. Com isto, não apenas obtêm um enorme exército regular de quase 300 mil homens, como também possui cada minotauro no país acima da idade militar já treinado e pronto para voltar à ativa em qualquer momento necessário.
Esses pontos fortes evidenciam a doutrina militar de Tapista: a capacidade de pronta-resposta a qualquer ameaça dentro e fora das fronteiras do império e a elasticidade, sua capacidade de aumentar efetivos militares rapidamente.
Apesar de suas virtudes, este é um exército que possui fraquezas notáveis, pois o conceito de honra táurico proíbe o uso de armas de ataque à distância e de montarias e a tradição marcial inibe o surgimento de grandes contingentes de conjuradores arcanos. Os minotauros tentam compensar estas faltas com legiões de arqueiros escravos de outras raças, especialmente elfos, usando a infantaria pesada como tropa de choque e colocando conjuradores divinos atuando como artilharia mágica pesada para auxiliar as legio auxilia magica, como são chamadas suas legiões de conjuradores arcanos. Este arranjo soluciona os problemas em curto prazo, mas em um conflito longo as baixas de arqueiros e conjuradores arcanos não poderão ser repostas na mesma velocidade da infantaria, causando uma falta crônica ou mesmo a virtual inexistência de suporte de artilharia ordinária ou mágica.
Assim como as tropas do Reinado, as legiões de Tapista também usam a parede de escudos como principal tática no campo de batalha, mas o escudo pesado dos legionários tem um formato que facilita o uso da formação tartaruga, criada para defender toda a falange de ataques a distância de arcos e bestas.
Caso um general tapistano típico enfrente um inimigo desconhecido, ele irá confiar na força da sua infantaria pesada, usando a artilharia ordinária e mágica para bater qualquer cavalaria que tente flanquear suas tropas e mantendo clérigos de Tauron próximos da linha de frente, onde oferecerão apoio próximo de cura e proteção para a infantaria pesada. 
Extra: De onde vieram as legiões auxiliares?
Com o lançamento de Guerras Táuricas, muitos jogadores se perguntaram por que os minotauros permitiram a criação de legiões auxiliares de arqueiros elfos escravos, quando descrições anteriores diziam que eles mesmos assumiam essa tarefa para si em vez de deixar escravos lutarem em seu lugar. Há varias razões para isto. A principal é que este modelo, baseado na negação voluntária de um dogma da honra táurica, não atraia minotauros em número suficiente para solucionar essa deficiência dos exércitos de Tapista. Era preciso resolver o assunto ou qualquer vantagem decisiva de Tapista contra seus inimigos poderia ser perdida pela falta de artilharia.
Então dois eventos em 1405 aceleram uma mudança que poderia levar décadas. O primeiro foi o ataque do Dragão da Tormenta contra Tiberus, resultando na morte de milhares e milhares de legionários que defendiam a capital, além de causar uma forte impressão na doutrina militar táurica. O ataque deixou óbvio que Tapista não estava segura, e todo e qualquer passo deveria ser dado com a intenção de tornar o reino mais forte, começando por recuperar os números perdidos naquele dia.
Logo em seguida aconteceu a queda de Gloriénn, que se tornou escrava de Tauron, e elfos começaram a migrar em massa para Tapista, aumentando a população de escravos élficos do reino a níveis nunca vistos antes. Com o aumento da oferta, o preço de um escravo élfico despencou, e mercadores que tinham investido alto para adquirir elfos pediam ao governo por uma solução. Foi quando o clã Martius apresentou no senado a proposta da compra sistemática de escravos élficos para a formação das legiões auxiliares, resolvendo de uma só vez a crise no mercado de escravos e a necessidade de arqueiros nos exércitos táuricos!
Apesar da resistência de tradicionalistas, o discurso de defesa nacional, em alta pelo ataque do Dragão da Tormenta, e o fato de que muitos senadores haviam sido afetados pessoalmente pela crise nos preços dos escravos elfos, acabou sendo suficiente para aprovar a nova lei. A atuação das legiões auxiliares, considerada essencial em qualquer campanha pelos generais táuricos, é mantida discreta aos olhos do público para evitar questionamentos, mas mesmo os relatos dos feitos dos escravos que chegam até o povo comum acabam sendo desqualificados em razão do preconceito táurico.

João Paulo Francisconi

Amante de literatura e boa comida, autor de Cosa Nostra, coautor do Bestiário de Arton e Só Aventuras Volume 3, autor desde 2008 aqui no RPGista. Algumas pessoas me conhecem como Nume.

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4 Resultados

  1. Guilherme D. Vilela disse:

    No MEU cenário de Tormenta (onde eu mestro) a igreja de Glórienn se partiu, há a igreja que se diz ortodoxa e a que se diz libertadora, com obrigação e poder garantido diferentes.
    Os adeptos da Ortodoxa resolveram seguir Glórienn na escravidão (os elfos que foram para Tapista). Os adeptos da Libertação têm sede nas Ilhas Flok, em um reino fundado por um Libertador de Valkaria (personagem humano do meu irmão); eles acreditam que Glórienn foi traída pelo panteão e querem restaurar o poder de antes. São tão aventureiros quanto os clérigos de Valkaria (meus NPC são desta vertente) e têm uma cidade élfica.
    O que isso acrescenta? Nada, mas estou desde janeiro sem jogar e este plot élfico está parado há dois anos!! A mão do D20 treme!

  2. Paul disse:

    Porque os canhões não entram na restrição de honra dos minotauros por armas de longo alcance?

    • A resposta curta, e correta, é que combate naval ocorre entre navios e não entre indivíduos, e portanto regras diferentes se aplicam. Ou seja, os minotauros se opõem a ideia de um indivíduo matando outro indivíduo à distância, mas os canhões de um galé tapistana são feitos para destruir outros navios, que são coisas, não pessoas.

  3. Paulo disse:

    Quantaria um custa um escravo humano e elfico macho e femea em tapista??
    Se puderem dar a referencia para o cenario anterior 3.5 antes de tudo isso seria melhor.
    Obrigado!

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