Tormenta: Como Deheon faz a guerra?

Assim como as roupas usadas nas cortes de Valkaria se tornam a última moda no restante do Reinado, o modo de fazer a guerra deheoniano define o nível de excelência em doutrina militar que a maioria dos reinos civilizados de Arton tenta alcançar.
Essa doutrina é semifeudal, pois nobres podem manter um número limitado de tropas e podem ser chamados a contribuir militarmente para o reino em caso de guerra, mas também há um exército regular permanente mantido pela coroa. Há algumas vantagens neste modelo misto. Como os nobres de Deheon estão entre os mais ricos do mundo, muitos matam o tédio criando tropas mirabolantes como cavaleiros de grifos, infantaria de construtos goblins, arqueiras medusas e qualquer outra coisa bizarra que possam distraí-los por um tempo. Assim, enquanto um exército de guerra de Deheon tem como base o padronizado exército real, há todo tipo de tropa auxiliar exótica trazida para o campo pela nobreza.
O exército regular se baseia em três pilares: a infantaria leve, a cavalaria pesada e os batalhões de conjuradores arcanos e divinos. Além destas forças principais há batalhões de arqueiros e besteiros que fornecem fogo de artilharia ordinária e de infantaria pesada, que fortalecem sessões estratégicas da parede de escudos.
A infantaria leve de Deheon é composta de uma força mista de soldados com escudo e uma arma cortante qualquer, normalmente uma espada ou machado, e outros com armas de haste, como alabardas e lanças. Como apenas destros podem servir na parede de escudos, é comum que os soldados usando as armas de haste sejam os canhotos, que se dedicam a atacar pernas e cabeças desprotegidas na linha inimiga.
Já a cavalaria pesada é composta dos tradicionais cavaleiros em armaduras pesadas armados com lanças montadas e espadas. As lanças montadas são usadas nas cargas de cavalaria, onde os cavaleiros entram em formação, joelho com joelho, lanças em riste, e fazem uma carga veloz contra seus adversários. Quando a lança atinge seu alvo ela o faz com a força combinada de cavaleiro e cavalo em alta velocidade. É dito que quase nada no mundo pode aguentar uma carga de cavalaria bem executada, e é verdade. Mesmo a simples visão de centenas de cavaleiros em formação com lanças é o suficiente para tropas menos disciplinas entrarem em pânico e tentarem fugir do campo de batalha. Sendo assim, a principal função da cavalaria pesada é atuar como tropa de choque, desequilibrando a linha inimiga com uma ação rápida que causa muito dano e pânico generalizado nas fileiras inimigas.
Por outro lado os batalhões de conjuradores arcanos e divinos se dividem entre atuar como artilharia pesada e fornecer proteção mágica e cura para as tropas. Os conjuradores arcanos também são treinados em magias de adivinhação para espionagem mágica, fornecendo preciosa informação aos comandantes sobre a movimentação inimiga em tempo real. Por outro lado os mais poderosos conjuradores divinos se movimentam constantemente pelas linhas em busca de oficiais e soldados poderosos mortos, que são então ressuscitados. Estes clérigos normalmente pertencem a ordem de Thyatis, e não são numerosos, mas fazem a diferença mesmo assim.
Adicionando ainda mais diversidade, e poder, há o Protetorado do Reino e grupos de aventureiros em geral que atuam diretamente sob as ordens da coroa. Embora todo reino tenha seus próprios heróis e grupos de aventureiros lutando ao lado de exércitos, a confiança que Deheon tem em seus heróis e a disposição para usá-los os coloca em outro nível. Qualquer comandante que pretenda enfrentar uma tropa de Deheon deve estar pronto para lidar com dúzias de heróis poderosos explodindo suas linhas, infiltrando seu acampamento, assassinando seus oficiais e roubando seus planos de batalha.
Um exército deheoniano não é tão organizado hierarquicamente quanto os regimentos yudenianos ou as legiões táuricas, mas é coeso o bastante para funcionar sem muitos problemas. Os soldados rasos, em números que variam de algumas dúzias a várias centenas, são comandados por um capitão que é auxiliado na tarefa por sargentos e, nas unidades maiores, tenentes, que são considerados capitães em treinamento. Um capitão responde a um coronel, que comanda de três a cinco capitães e responde diretamente ao general do exército, que toma todas as decisões estratégicas de um exército e só responde ao rei ou a um comandante supremo apontado pelo rei. A cavalaria funciona um pouco diferente, com o conde no lugar do capitão. Um conde não é necessariamente um nobre de mesmo nome, sendo apenas um grau de comando.
Como Deheon é o reino-capital do Reinado, seu regente tem a prerrogativa de fazer um chamado às armas geral aos membros da coalização e formar um exército do Reinado. Este exército pode lutar apenas contra ameaças externas ou internas específicas para a qual ele foi criado, exceto em situações emergenciais. Por exemplo, se fosse formado um exército do Reinado para atacar o Império de Tauron com o objetivo de libertar os territórios conquistados, esse exército não poderia ser usado para atacar a Liga Independente, mas se a Aliança Negra iniciasse um ataque ao Reinado então seria possível virar o exército na direção oposta do Império e lutar contra os goblinóides sem maiores repercussões políticas no Reinado.
Quando um general de Deheon é confrontado com uma força desconhecida, ele tentará utilizar a infantaria leve e os batalhões de conjuradores arcanos, ambos protegidos pelos batalhões de conjuradores divinos, para amaciar a linha de frente inimiga para uma carga de cavalaria. Uma vez que a linha inimiga seja partida, a infantaria leve deverá bater os inimigos, com a cavalaria sendo encarregada de destruir focos de resistência com novas cargas e perseguir inimigos em fuga junto com a infantaria.

João Paulo Francisconi

Amante de literatura e boa comida, autor de Cosa Nostra, coautor do Bestiário de Arton e Só Aventuras Volume 3, autor desde 2008 aqui no RPGista. Algumas pessoas me conhecem como Nume.

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