Tormenta: Lamnor antes da Queda

Muito pouco é dito sobre Lamnor em material oficial, com exceção de Khalifor. Isto porque, na cronologia oficial, todo o continente já havia sido conquistado pela Aliança Negra desde o primeiro rascunho do cenário. Não havia porque se preocupar em descrever o que não mais existia.
Há vários reinos humanos que são conhecidos através da história da Grande Batalha, enquanto um reino anão aparece na Dragão Brasil nº 78, fora a própria Lenórienn. Uma descrição básica destes reinos humanos, anão e élfico será dada aqui. Eles podem ser os únicos em Lamnor, mas você pode decidir o contrário, se lhe for conveniente, e criar novos reinos.
Mortenstenn
Desde antes da Grande Batalha, Mortenstenn era um reino próspero, com vastos campos férteis e um povo perseverante e orgulhoso. Após a guerra, mesmo com a anexação de territórios dos reinos exilados, a recuperação foi lenta e difícil.
A maior parte dos jovens haviam morrido, e muitas mulheres fugiram para comunidades de amazonas para nunca mais voltar. Por isto, muitas das cidades desocupadas pelos exilados e anexadas por Mortenstenn ao final da guerra nunca foram ocupadas novamente, se tornando refúgio para monstros, mortos-vivos, globinóides, bandidos e todo tipo de vilão. Qualquer aventura digna de respeito em Mortenstenn acaba com uma batalha nas antigas ruínas dos reinos exilados.
Hoje em dia, séculos depois, o reino é novamente próspero, com grandes campos cultivados e novas cidades pontilhando o território conquistado. Sem a necessidade de expansão, o exército real se dedica a manter as estradas seguras contra bandidos e as cidades organizadas, além de polir suas armas e armaduras para o desfile no feriado anual que comemora o fim da Grande Batalha.
Características: planícies entrecortadas por colinas e bosques.
Clima: subtropical.
Cidades de Destaque: Yllia (capital), Covan, Harte.
População: humanos (97%), anões (1%), outros (2%).
Divindades Principais: Hedryl (como é conhecido Khalmyr em Lamnor), Azgher e Marah.
Regente: Renngard VIII.
Encontros: as regiões mais perigosas de Mortensteen são as ruínas das antigas cidades dos exilados, povoadas por todo tipo de criatura e servindo de esconderijo para criminosos e vilões poderosos. Tribos de goblinóides saem do abrigo destas ruínas para atacar fazendas e vilas próximas, causando prejuízos e atraindo aventureiros em busca de recompensas.
As estradas e grandes cidades são mantidas seguras pelo exército, mas além delas a maior parte do reino é composta de áreas selvagens ou no máximo de fronteira, onde cada homem deve saber cuidar de si e onde heróis são sempre necessários.
Ylloran
O mais poderoso reino do continente, como líder da coalização contra o Triângulo de Ferro este reino pode anexar as melhores áreas dos territórios dos exilados, e portanto viu seu poder aumentar muito durante os séculos desde a guerra. Hoje em dia Ylloran ainda é a principal força militar do continente, assumindo a posição de intermediador de conflitos entre os reinos, quando surgem.
Na capital Slovar está localizada a Catedral de Hedryl, dedicada ao deus da justiça, e de onde opera a mais importante ordem de cavalaria de Lamnor. A catedral é provavelmente o maior tesouro artístico e arquitetônico do mundo, construída em um estilo único por engenheiros anões e decorada por afrescos dos maiores pintores de Lamnor, ela é capaz de abrigar e inspirar milhares de fiéis ao mesmo tempo. Em um quartel adjacente, quase imperceptível perto da enorme catedral, operam os Cavaleiros de Hedryl. Esta ordem de cavalaria é a maior e mais importante de Lamnor, e se dedica a espalhar a justiça, proteger os inocentes e punir o mal.
Características: planícies entrecortadas por colinas e florestas.
Clima: subtropical ao sul, temperado ao norte.
Cidades de Destaques: Slovar (capital), Yllo, Forte Khara.
População: humanos (95%), anões (2%), elfos (1%), outros (2%).
Divindades Principais: Hedryl, Marah, Luna (como é chamada Lena em Lamnor) e Allihanna.
Regente: Sinabar II.
Encontros: Ylloran é um reino relativamente seguro nas principais estradas e cidades, regularmente patrulhadas pelo exército. Fora deste eixo, é fácil encontrar animais selvagens como leões e outros predadores, além de gigantes e mesmo dragões.
Assim como outros reinos, as ruínas das antigas cidades e vilas dos exilados abrigam bandidos, monstros e tribos de goblinóides. Estas ruínas também abrigam muitos mortos-vivos de pessoas que tentaram resistir ao exílio e acabaram mortas pelos soldados.
Gordimarr
Este reino é famoso por abrigar a Torre de Marfim, a maior escola de magia de Lamnor, com dúzias de alunos sendo admitidos todos os anos. A Torre é administrada por um diretor apontado pelo conselho de professores. Originalmente a Torre pertencia a um antigo arquimago chamado Jeland, o Imortal, cuja alcunha infelizmente não era literal. Após sua heroica morte salvando o reino de um poderoso dragão vermelho, seus descendentes decidiram honrar sua memória estabelecendo a escola.
Além disto, Gordimarr é lar da infame Tríade, um grupo de três bruxas malignas que são temidas como a maior ameaça de Lamnor, que tem seu covil em algum lugar das montanhas do reino em uma fortaleza sombria.
Tanta tradição mágica pode fazer parecer que o povo daqui é especialmente versado neste assunto, mas não é exatamente o caso. As pessoas simples e trabalhadoras de Gordimarr evitam ao máximo o contato com os magos da Torre de Marfim e especialmente com os servos da Tríade. Para eles, a magia é como uma força da natureza: poderosa, imprevisível e caprichosa; e magos e feiticeiros são como homens que constroem diques para tomar terras do mar na esperança de que nada dê errado. Por mais bem intencionados que sejam, um dia a tragédia se abaterá sobre eles, e então é melhor não estar por perto.
Características: montanhas, vales e um grande planalto.
Clima: frio nas montanhas e vales, temperado no planalto.
Cidades de Destaques: Gord (capital), Hija, Cidade de Marfim.
População: humanos (94%), anões (4%), elfos (1%), outros (1%).
Divindades Principais: Wynna, Marah, Luna e Allihanna.
Regente: Gustaf I.
Encontros: sendo um reino bastante montanhoso, Gordimarr é assolado por grifos, wyverns e dragões, principalmente azuis e vermelhos.Além disto há o problema da Tríade, atualmente essa vilãs estão em um conflito de décadas com o reino vizinho de Daruarohimm, e seus soldados e criaturas mágicas renegadas são um problema sério para a segurança de pequenas vilas e cidades isoladas nos muitos vales deste lugar.
Daruarohimm
Este reino encravado na montanha Sibilaim é o maior enclave de anões fora de Doherhimm em Arton. Atuando como os maiores produtores de armas, armaduras e utensílios de metal de Lamnor, o trabalho dos artesões de Daruarohimm está presente em praticamente cada casa nobre ou abastada do continente.
A nação anã também é famosa pelas propriedades dos minérios extraídos da montanha Sibilaim, que era especialmente eficaz contra magia e criaturas mágicas. Infelizmente, além dessa propriedade, a montanha também pode produzir uma enorme quantidade de energia mística através de um certo ritual, o que atraiu a atenção da Tríade, três bruxas poderosas e sedentas de poder.
Uma guerra se instaurou entre o pequeno reino e a Tríade, com anões defendendo seu lar com armas de Sibilaim contra as criaturas mágicas enviadas pelas vilãs durante anos. Contudo as bruxas um dia conseguiram amaldiçoar as minas anãs, tornando o metal fraco e quebradiço, e a maré do conflito começou a mudar. O reino foi salvo pelo anão Hurgaron Randarimm, um ferreiro de uma família nobre que, após uma peregrinação de anos pelo mundo, retornou como um mago e abriu uma escola de magia no reino. A princípio os anões resistiram e até mesmo condenaram Hurgaron a morte por traição, mas após ele deter um ataque da Tríade durante sua execução usando magia, ele foi perdoado e hoje ele e seus alunos são a principal arma de Daruarohimm contra as bruxas.
Características: montanhas e vales.
Clima: frio nas montanhas e vales.
Cidades de Destaques: Daruarohimm (capital), Minas Sibilaim.
População: anões (97%), humanos (2%), outros (1%).
Divindades Principais: Hedryl e Tenebra.
Regente: Grande Conselho.
Encontros: a ameaça mais óbvia são os ataques de criaturas mágicas da Tríade como quimeras, mortos-vivos, elementais e mesmo alguns dragões. Fora isto há também as feras típicas de terreno montanhoso, como grifos e wyverns.
Tarid
Este pequeno reino considera ser o mais injustiçado de todos os reinos humanos a se envolverem na Grande Batalha. Seus ganhos em território foram mínimos, suas perdas humanas e materiais gigantescas e os soldados da aliança ylloraniana nunca foi punidos pelos crimes de guerra que cometeram contra os taridianos durante os cinco anos de ocupação do país.
Devastado pela guerra, este reino demorou muitos séculos para se reerguer, mesmo com suas tão cobiçadas minas de ouro e prata produzindo riquezas a todo vapor. De um lado, a população reduzida pela guerra, de outro, a praga de mortos-vivos produzidos por tantas batalhas sanguinárias. Mais de uma vez um necromante poderoso marchou exércitos de mortos sobre as cidades do reino.
A falta crônica de pessoal e as riquezas abundantes levou o reino a confiar a maior parte da defesa a companhias mercenárias. Com o tempo, os líderes destas companhias ganharam títulos de nobreza por serviços prestados e se tornaram uma peça importante da política local. Chamados de condottieris, estes mercenários nobres já foram grandes heróis e infames vilões, mas nunca deixaram de ser importantes partes de Tarid.
Características: planícies entrecortadas por colinas e umas poucas montanhas e vales.
Clima: temperado nas montanhas e vales, subtropical no resto do reino.
Cidades de Destaques: Tardis (capital), Onze Minas, Tanzalore.
População: humanos (92%), anões (2%), elfos (2%), outros (4%).
Divindades Principais: Hedryl, Keenn, Luna e Azgher.
Regente: doge Otaviano.
Encontros: as planícies de Tarid são infestadas por mortos-vivos há séculos por conta dos massacres da Grande Batalha. Zumbis, carniçais, fantasmas e outras criaturas podem ser encontradas nos ermos do reino, assim como torres de necromantes que se aproveitam da forte aura de morte dos campos de batalha ancestrais para aumentar seu poder. Grupos de aventureiros e companhias mercenárias são contratadas para lidar com estas infestações de mortos-vivos, sempre drenando os cofres de Tarid de seu ouro e prata.
Northgate
Localizado no norte de Lamnor, este é o reino do qual a cidade de Khalifor faz parte. Originalmente ocupando os vales da Cordilheira Kanter, o reino mudou muito após a aquisição de terras férteis dos reinos exilados depois da Grande Batalha. As planícies foram rapidamente ocupadas por colonos fugindo da vida difícil nas montanhas, onde grandes cidades se esvaziaram até o tamanho de pequenas vilas.
O êxodo formou um certo preconceito do povo da montanha e dos vales para com o colonos das planícies e vice-versa. Para os que ficaram em suas terras ancestrais, os colonos são covardes que optam pela vida fácil em vez de trabalharem pela prosperidade de sua terra natal, e para os colonos o povo da montanha são apenas tradicionalistas que tentam resistir inutilmente às mudanças. Por isto é comum hoje em dia ouvir que Northgate é um reino com duas nações, uma próspera nas planícies e outra dura e perseverante nas montanhas e vales. Até mesmo o rei e sua corte ficam divididos entre as duas realidades. Durante o verão o governo é sediado no Ninho do Grifo, a capital ancestral, mas no inverno a corte muda para Vann, nas planícies.  Apesar das desavenças, ninguém imagina qualquer chance de conflito armado, apenas muitas brigas de taverna.
Características: planícies entrecortadas por colinas ao sul e montanhas e vales ao norte.
Clima: temperado nas montanhas e vales, subtropical nas planícies ao sul.
Cidades de Destaques: Ninho do Grifo (capital de verão), Khalifor, Vann (capital de inverno).
População: humanos (94%), anões (2%), outros (4%).
Divindades Principais: Allihanna, Hedryl, Azgher, Luna e Marah.
Regente: Robert II.
Encontros: nas montanhas e vales, a principal ameaça são wyverns, águias gigantes e dragões. O povo das montanhas é defendido destes ataques pela lendária Ordem do Grifo, guerreiros sagrados de Allihanna que cavalgam grifos numa parceria quase simbiótica. Já as planícies sofrem com ataques de mortos-vivos que se erguem dos campos de batalha do passado.

João Paulo Francisconi

Amante de literatura e boa comida, autor de Cosa Nostra, coautor do Bestiário de Arton e Só Aventuras Volume 3, autor desde 2008 aqui no RPGista. Algumas pessoas me conhecem como Nume.

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4 Resultados

  1. Lord Seph disse:

    Boa, mas só um errinho, Lena em Lamnor é chamada de Luna.

  2. Estou adorando essa série! Bem pensada como sempre, Nume. Só queria falar uma coisa. No “Só Aventuras, Vol. II”, tem um grupo chamado “Rangers de Villitien”. É dito Villitien era um reino, e o líder desse bando era um nobre. Eu adoraria de ver suas ideias sobre como era esse reino antes do Thwor chutar o pau da barraca.

  3. Bob Nerd disse:

    Vejo Lamnor no ano atual do Reinado como Mordor durante o SdA. O que é uma bela oportunidade para aventuras, talvez até melhor que no Reinado.

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