Resenha: Common Sense of a Duke's Daughter

Capa do primeiro volume da light novel

Capa do primeiro volume da light novel


De volta com mais resenhas de light novels! Common Sense of a Duke’s Daughter, no original K?shaku Reij? no Tashinami (???????), é um representante de um gênero de light novels que tem se tornado bastante popular nos últimos anos: a reincarnação em um otome game. Otome game são um subgênero dos jogos de simulação de romance voltados para o público feminino heterossexual. Neles os jogadores normalmente devem guiar uma jovem donzela¹ em seus relacionamentos com lindos e galantes homens, passando por desafios impostos por rivais românticas. Nestes cenários é comum que as rivais, uma vez derrotadas, acabam sendo atingidas por um “bad ending” como punição por ações malignas contra a protagonista durante a história. O plot mais comum em histórias de reincarnação em otome games então costuma envolver personagens que reincarnam como um membro do lado vilanesco da história e se dedicam a evitar o “bad ending“.
Em Duke’s Daughter, esse clichê é evitado logo de cara, quando Iris, a vilã do otome game, obtêm suas memórias da sua vida anterior no Japão, ela já atingiu o “bad ending“: sendo publicamente humilhada e tendo seu noivado com o segundo príncipe cancelado. Se o futuro seguir seu curso, ela ainda será isolada da sociedade e forçada a viver como uma freira para o resto da sua vida. Mas Iris, reforçada pelas memórias da sua vida passada, não está disposta a aceitar sua ruína e luta com todas as forças contra esse destino.
Mas não é só em “começar do final” que Duke’s Daughter é diferente. De fato, toda a história é um gigantesco foda-se para os clichês dos otomes games japoneses. Iris não é uma vilã malvada, mas uma gentil, bondosa e inocente garota que, percebendo o caso amoroso entre outra garota com o seu noivo, a confrontou e, numa cena absurda, teve o noivo traidor a culpando por ter “sido rude” para com a sua amante. Soma-se a isto o fato de que o noivo, o segundo príncipe que deseja ser o herdeiro ao trono, jogou fora uma aliança com uma casa ducal em favor da sua amante, filha bastarda de um barão, e temos certeza que ele é mentalmente debilitado. Ou seja, a “vilã” é injustiçada, a “heroína” é moralmente questionável e os interesses românticos são completos idiotas egoístas.
Mas se esta história não se trata de romance adolescente como a maioria das outras light novels de reincarnação em otome games, do que se trata? Bem, surpresa, esta é uma história sobre administração pública, socioeconomia e política. As memórias da vida anterior de Iris pertencem a uma auditora fiscal do Ministério da Fazenda japonês, e graças aos esforços de Iris ela é enviada para governar o domínio ducal como representante do seu pai, que trabalha como primeiro-ministro na capital (sim, o príncipe é um idiota que fez da família do primeiro-ministro um inimigo, eu disse que ele era um idiota). O que vocês acham que acontece quando alguém com memórias dos dias atuais, um MBA e ampla experiência como servidos público pode fazer quando se torna chefe de um estado ducal feudal? Yeap. Um monte de reformas extremamente eficazes.
Junte as reformas de Iris com os conflitos faccionais no reino entre os nobres na facção que apoia o primeiro príncipe e os que apoiam o segundo príncipe e você tem uma história que lembra mais As crônicas de gelo e fogo com Tyrion² como personagem principal do que os otomes games com ambientes cor-de-rosa que estão nas memórias da vida anterior de Iris. Mesmo que você não seja fã de animes e prefira material mais “sério”, Duke’s Daughter é suficiente diferente para te entreter e certamente merece a recomendação aqui do RPGista.
Common Sense of a Duke’s Daughter é traduzido para o inglês pelo site Japtem, você pode encontrar o original gratuito em japonês aqui. Duke’s Daughter também tem uma versão mangá que pode ser encontrada traduzida para o inglês aqui.
¹ Otome, em japonês, significa donzela, virgem, etc, daí o nome dado ao gênero
² Obviamente a semelhança está em ambos serem injustiçados pela sociedade por eventos fora do seu controle e serem extremamente capazes para governar, não sobre suas aparências.

João Paulo Francisconi

Amante de literatura e boa comida, autor de Cosa Nostra, coautor do Bestiário de Arton e Só Aventuras Volume 3, autor desde 2008 aqui no RPGista. Algumas pessoas me conhecem como Nume.

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2 Resultados

  1. Tio Lipe disse:

    Olá!
    Eu nunca nem ouvi falar de Otome game antes. Vai ver pq sempre achei este gênero de “conquistar pessoas” ou “monte seu haren aqui” algo chato de jogar. Entretanto, esta novel, assim como Seiun no Kakeru chamou minha atenção. Colocar na lista pra ver depois.
    Até and Bye…

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