O foco, como em toda boa história do gênero, está muito mais na ação e na aventura, com uma certa dose de horror, do que propriamente no desenvolvimento dos personagens e profundidade do enredo. Mas isso não é um defeito, é claro: para quem busca justamente isso, é um prato cheio. A trama se desenvolve praticamente como uma exploração de masmorra, e você consegue imaginá-la sem dificuldades como uma aventura de RPG. No caminho, monstros grotescos, artefatos mágicos e uma boa dose de coragem frente ao desconhecido.
A narrativa é fluida, embora, para quem tiver um olhar mais crítico, haja uma passagem ou outra que poderia ser revisada; nada que realmente incomode. Há alguns desvios mais problemáticos na construção do cenário histórico, no entanto. O que mais me incomodou foi uma citação a uma adaga que teria sido forjada no Afeganistão, país que só passou a existir como tal no século XX. Outros pontos podem requerer um pouco mais de conhecimento histórico e apego a detalhes para serem percebidos (leia-se: chatice mesmo), mas em geral são pontos que poderiam ter sido evitados sem dificuldade com um pouco mais de cuidado.
Outro ponto relevante a se destacar é que é um livro bastante curto, pouco mais do que um conto longo, que você lê em uma ou duas sentadas tranquilamente. Mesmo com o lindo trabalho gráfico, como é padrão na editora, isso pode afastar aqueles que gostem de ter o máximo de leitura pelos seus reais investidos. Mas não acho que aqueles que forem menos pães-duros vão se decepcionar – por mais que seja uma leitura curta, ainda é uma boa leitura, que, mesmo com alguns problemas pontuais, entretém pela sua duração.
Enfim, é um bom livro, que eu recomendo para os que gostam de histórias de aventura e feitiçaria.
As Dez Torres de Sangue, de Carlos Orsi.
96 páginas por R$26,90.