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Um Quarto Escuro: Sobre Crianças e Vidas

Olá. Meu nome é Jaime Rangel e este é mais um começo para mim. Trago um texto do meu passado para ilustrar o Dia das Crianças. Primeiramente, preciso contar um causo. Não vou falar sobre como tudo era melhor ou sobre os desenhos que vi. Falarei sobre algo maior.
Ainda hoje costumo dizer que mantenho minha alma de criança. Não sou infantiloide e nem quero ser. Tento manter o que uma criança tem de mais poderoso: curiosidade, imaginação e franqueza. Crianças observam o mundo por uma ótica singular. Se interessam por coisas que a maioria nem percebe ou acha bobagem. Dizem o que sentem, sem se preocuparem com convenções. Aproveitam o que o momento lhes proporciona.
No meio de tudo isso vem os sonhos. O que seria de nós sem eles? Eu achava que seria desenhista. Atualmente meus rabiscos são muito fracos. Quase não me atrevo a desenhar mais, embora vez ou outra não resista. Talvez um dia possa aprender de verdade. Enquanto há vida, há tempo.
Vida. Eu a vejo como águas infinitas com a mais forte das correntezas. Cada um tem sua própria canoa para conduzir. Você pode remar contra a corrente mas a dificuldade será imensa. O mais adequado a fazer é se adaptar e seguir seu percurso natural, na companhia de outros aventureiros. Não fique obcecado em saber onde começa e acaba o caminho. Aproveite a viagem e aprenda. Equilibre-se em sua canoa junto a outros. Em algum momento você poderá ficar para trás, como poderá avançar repentinamente, deixando outros para trás. Não tema ficar perdido de seus iguais ou sozinho.
Também costumo dizer que não encontramos nossos iguais, eles nos encontram.
E aqui estou eu, com um sonho adquirido, te preparando para ler algo que escrevi numa aula há cerca de 13 anos. Adaptei essa redação com o tema “quarto escuro” para o formato de letra há cerca de 9 anos, final da minha adolescência. Fiquei impressionado ao me lembrar dela no meio da madrugada de hoje. Ainda faz sentido, ao menos para mim. Mesmo com redundâncias e erros. Mas é sincera. É o que importa. Agora, imagine, criança.
 
Um Quarto Escuro
 
Um quarto escuro…
O que é um quarto escuro?
Numa visão poética, talvez seja parte da noite
Dentro de uma caixa
Ou, talvez, um pouco de nada armazenado
 
Um quarto escuro é o lar da escuridão
Onde a luz não é convidada para entrar
Quem sabe, se uma porta que não vemos se abrir
Ou até mesmo uma simples janela
A luminosidade possa entrar
Mesmo que seja apenas pouca
Fazendo par com a escuridão
Formando, quiçá, o par mais belo que a natureza criou
 
Mas o quarto está escuro
Não há previsão de luz
Dentro dele nos guiamos por instinto ou intuição
Num quarto escuro enxergamos aquilo que queremos
Não precisamos ver defeitos
 
Quando entramos num quarto escuro
Podemos perceber a complexidade do mundo e da vida
E que não a conhecemos totalmente:
Um quarto escuro
 
P.S.: Dedicado ao irmão que só pude imaginar como seria. Obrigado pela canoa.

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