Anatomia do RPG

Queridos, já atormentei vocês com diversas reflexões a respeito da funcionalidade de sistemas e formatos de RPG. Começamos pelas beiradas, questionando classes de personagem; indo um pouco mais fundo, a funcionalidade do sistema d20 como um todo e os possíveis méritos de sistemas mais práticos, e, finalmente, o início da tradução da série de artigos Interactive Toolbox, com suas reflexões geniais sobre o formato seguido pelos RPGs desde o inglório início nos wargames.
Todos estes artigos têm um pequeno defeito: eles são opinativos, em maior ou menor grau. Por mais que opiniões sirvam para reflexão ou debate, é sempre positivo ir atrás de informação “neutra” e/ou técnica. Assim sendo, recomendo a todos a leitura da monografia Design Patterns of Successful Role-Playing Games (“Padrões de Design de RPGs de Êxito” ), do John Kirk, que você pode encontrar aqui — vá em Download na barra superior, você encontrará o arquivo no final da página.
É um material bastante valioso. Ele analisa diversos padrões, tais como “atributo,” “alinhamento,” “classe,” “perícia,” nos informando a que propósito tal padrão serve, como ele funciona (ou não funciona), exemplos de jogos que o utilizam, e por aí vai. É uma cornucópia de prazeres profanos para aqueles com interesse em criação/modificação de sistemas, bem como para quem é apenas jogador, mas é suficientemente astuto para desconfiar do “é assim porque sempre foi assim.”

Você pode gostar...

6 Resultados

  1. Você pode falar sobre opinião, porém tenho que dizer que a Interactive Toolbox foi uma das coisas mais geniais que eu já tive o prazer de ler. A História Divertida é um jogo que parece ser bem superior ao RPG 😛

  2. Vinicius Zóio disse:

    Kramba, gostei muito dos artigos do camarada! 🙂
    Definitivamente muito do que ele disse é muito interessante para ser aplicado ao RPG – ele coloca algumas tendências e práticas do nosso hobby de maneira bem clara! 🙂 Útil para qualquer um que queira pensar um pouco mais sobre seus jogos.
    E Shingo, concordo que o Story Entertainment parece um jogo bastante divertido! ^^ Entretanto, não sei se seria mais interessante do que juntar 4 pessoas e criarem um livro juntos! 😛 Efetivamente falando, é algo bem parecido :).
    Concordo com alguns comentários que fizeram no outro post – acho que os elementos "gamísticos" no RPG têm seu valor. Vejo alguns problemas no SE – por mais que ele não queira colocar sua atividade como um jogo. A própria idéia de que os Leads buscam um Goal e o Fifth Business cria obstáculos leva ao mesmo pensamento Player vs. GM.
    Claro que estão criando uma história em conjunto – e em boas histórias as falhas são tão interessantes quanto as vitórias do personagens, mas acho difícil um grupo sentar para criar uma história e um indivíduo -escolher- falhar em um objetivo para seu personagem :). Já "vi" acontecer em mesas de RPG, de uma forma ou de outra, mas geralmente parte do princípio em que aquela falha representa uma narrativa superior ou uma opção mais interessante num ponto fundamental da história. Acho que é bem claro pros veteranos no hobby que uma falha significativa pode ser muito mais interessante para seu personagem e para a narrativa do que o sucesso, num determinado momento :).
    A tarefa do Fifth Business de gerar obstáculos também favorece o "confronto" entre ambas as partes. Não que isso seja necessariamente ruim – mas é algo que ele comentou que não é interessante em alguns RPGs e que continua existindo em sua proposta :). O que acontece quando o FB gera obstáculos narrativamente interessantes mas que nunca deixam os Leads alcançarem seus objetivos? O que acontece quando todos as sessões e narrativas do grupo acabarem SEMPRE com a falha dos Leads?
    Acho que o maior problema do Story Entertainment como ele o descreve é que ele continua sendo, em sua essência, um RPG :). Se sua intenção e objetivo é criar uma narrativa bem construída e elaborada com diversas pessoas, é muito mais interessante juntarem-se para escrever um livro do que sujeitar uma potencial narrativa à aleatoriedade ou arbitrariedade da criação de obstáculos por parte de um indivíduo :).
    É meio que por conta disso que passei a valorizar melhr os aspectos de game nos RPGs – são eles que fazem do RPG algo "jogável". Se você os retira, sua experiência passa a ser de uma criação narrativa – e para tanto você não precisa de nenhuma folha de papel – a menos é claro que você queira registrar a narrativa que vocês criarem :).
    Não é preciso jogar RPG para criar histórias, mas se você quiser jogar histórias, vai aproveitar bastante de um RPG ;).

    • Vinicius,
      Acho que a proposta do Story Entertainment, até em renomea-lo, é olhar os jogos de RPG por um prisma diferente. Concordo com você que é possivel fazer o que o autor aponta utilizando-se e se aproveitando de mecanismos gamisticos, ele mesmo cita o Vampiro e outros jogos da White Wolf várias vezes, além de citar o exemplo de jogo do Pendragon.
      Creio que a maior diferença que o autor aponta entre o RPG e o SE, e o que ele deseja com os textos é apontar que o foco do jogo não são os personagens e sim a história e a diversão que ela ocasiona. Por isto um apeo tão grande nos conflitos dos personagens e o papel do Fifth Business como criador de obstaculos e conflitos.

      • Continuando:
        Pelo que eu filtrei do artigo, há uma diferença significativa entre o GM vs Player e o papel do Fifth Business e os Leads, enquanto em ele aponta que existem conflitos propostos muito mais em uma mão única, do Mestre para os Jogadores, o segundo possui uma narrativa mais colaborativa, onde o Fifth Business não esta lá para provocar a falha dos Leads e sim para provocar drama baseado nas opções que os Leads podem seguir. Este ponto me lembra o Wushu, onde todos os jogadores tem o direito a Vetar qualquer coisa na história que esteja fora do clima adequado.
        Nada contra os aspecto gamisticos do RPG, ele e o SE são na essência a mesma coisa, a diferença esta apenas no enfoque em cada um deles. Enquanto um quer criar uma história com a participação dos personagens o outro o foco de gerar a história com base nos personagens.
        Reforço que sim, você esta corretissimo em afirmar que é possivel fazer tudo o que o autor disse utilizando-se dos aspectos gamisticos do RPG, a questão é só levar a reflexão daqueles que não sabem que isto é possivel de ser feito 🙂

        • Vinicius Zóio disse:

          Seus pontos são sim muito válidos! Definitivamente o ponto de vista dele é uma reflexão interessante para ser mostrada para quem está no hobby :).

  3. Logus disse:

    "com suas reflexões geniais sobre o formato seguido pelos RPGs desde o inglório início nos wargames."
    Ao contrário, Inglórios são os RPGs. Os Wargames vem de uma linhagem nobilíssima, do treinamento de militares prussianos ( que eram notórios por sua eficiência ) e tendo nada menos que H.G. Wells como um dos seus maiores incentivadores.

Deixe uma resposta