Marcas, sua força e o produto em si

Logo LacosteMy, oh, my! O que nós temos aqui? Uma marca famosíssima, vista como referência em seu campo de atuação. De quebra, tem uma estilização de réptil. No momento em que vemos o jacarezinho (crocodilozinho?) bordado em uma peça de roupa, nós sabemos de imediato a procedência. Logo Dungeons & Dragons
Já à direita temos outra marca. Também famosa, também com réptil estilizado. Também vista como referência em seu campo de atuação e também imediatamente reconhecível.
Quando analisamos um pouco mais a fundo, vemos que as semelhanças vão além das logomarcas com répteis. Que semelhanças são essas? Que implicações existem além daquilo que o olho capta de imediato?

Força da marca

A Lacoste de certo faz as roupas mais maneiras que se pode conceber. Os designs mais inovadores imagináveis, peças que, em si, são objeto de desejo. Sim e não. As peças são, de fato, objeto de desejo de muitos — mas não pelas qualidades do design — ou projética — da roupa em si, que é o mais lugar-comum possível. O único valor agregado que justifica os altos preços de uma peça da Lacoste é, no fim das contas, o bordado de jacarezinho. O mesmo vale para as aclamadas calças da Diesel — é possível pagar mais de R$500,00 por uma calça deles. As calças em si não possuem nada de especial — qualquer outra marca tem uma modelagem similar ou melhor, a durabilidade não é maior –, excetuando a marca.
Imagine agora o seguinte cenário hipotético: o conjunto de regras do Dungeons & Dragons 4a. edição não foi feito pela Wizards/Hasbro, mas, sim, por uma Fiery Dragon ou Green Ronin, e não se chama Dungeons & Dragons, mas, sei lá, Fight & Fantasy ou Hacking & Slashing. Não precisa ser gênio para supor, com boa margem de segurança, que o mesmíssimo conjunto de regras, mas com outro nome, muito dificilmente (para não dizer que é impossível) ficaria entre os mais vendidos da Amazon.com; a adesão seria, no máximo, periférica. Fãs de Dungeons & Dragons provavelmente rejeitariam o sistema, talvez até dizendo de se tratar de um rip-off de regras “emburrecidas” do medalhão criado pelo finado Gygax.
De volta à realidade: o jogo foi feito pela Wizards/Hasbro, possui o nome Dungeons & Dragons — e isso fez toda a diferença. É a marca fazendo sua magia, transformando algo de outra forma ignorável em sucesso meteórico.

Produtos

Os produtos de marcas “mamute” são os melhores, certo? Talvez não. Muita gente assim pensa por serem os únicos que realmente conhecem. O consumidor se fixa a tais marcas e não mais larga. É fácil cair em alguma marca grandona porque elas são mais visíveis — não é preciso qualquer esforço de pesquisa. Elas vêm até você. Isso sem falar no apelo de informes publicitários com dizeres do tipo “o maior” ou “o melhor” — é sedutor poder estar do lado dos “vencedores”, e não com aqueles “fracassados” que consomem aquele produto de quem ninguém ouviu falar e, por isso,  provavelmente é ruim.
É a grana falando: marcas com mais dinheiro investem mais em propaganda e conseguem distribuir melhor seus produtos. Se você vai em um bar, qualquer bar, sempre terá acesso à Skol, à Brahma ou à Kaiser. Isto quer dizer que essas são as melhores cervejas? É evidente que não. Na época em que morei em São Paulo, tive acesso à Devassa, uma cerveja deliciosa, cuja marca e produção me parecem ser pequenas (só a vi no menu de um dos bares a que fui, e também no refrigerador do Pão de Açúcar da Consolação). Caso não tivesse provado, não teria apostado um centavo nessa cerveja — mas experimentei, e a qualidade da bebida faz uma Kaiser parecer o mijo gaseificado que é.
Você, cervejeiro, é “brahmeiro” convicto? Se sim, pode dizer com 100% de veracidade que sua decisão foi baseada nos méritos da cerveja em si? Conseguiria distinguir a Brahma da Skol sem auxílio do rótulo?
E o Dungeons & Dragons, vende mais porque tem as melhores regras e cenários? Na época da edição 3.5, havia uma infinidade de jogos d20 com regras melhoradas (alguns com decisões de design incorporadas à 4a. edição), mas não vendiam mais que o RPG da Hasbro — este vendia mais, justamente por se chamar Dungeons & Dragons. O mesmo vale para os cenários — nomes como Forgotten Realms e Dark Sun são poderosos. Há veteranos que afirmem que as encarnações de cenários consagrados para a 4a. edição pouco têm a ver com suas versões originais. Segundo um deles — o Júlio Leal –, seria mais honesto que dessem outros nomes para estes cenários que têm apenas similaridades nebulosas com os cenários que lhes emprestam o nome. Discovered Realms ou Red Sun, talvez. Ou que bolassem um cenário original para nova edição logo de uma vez. Mas daí não haveria a vantagem do uso de nomes fortes — jacarezinho.
Não se engane com o Pathfinder também, que se beneficia do nome Dungeons & Dragons, ainda que indiretamente. Eles, afinal, editavam a revista oficial do antigo RPG da Hasbro, logo, seriam os “herdeiros legítimos” do legado 3.5. OGL por OGL, o Pathfinder é apenas um dentre muitos. Quer um que faça mudanças? Tem o True20 e, menos genérico, o Fantasy Craft — lançado recentemente e, mesmo sendo um produto similar, não causou tanta hype quanto o Pathfinder. Quer um OGL que mantenha as coisas praticamente iguais? Arcana Evolved do Monte Cook, talvez? Por que, então, tanto destaque pro Pathfinder? Nome.

Experimento maluco

Já pensou em um teste cego entre sistemas similares, como aqueles que usam d20? Todos os sistemas com texto em Times New Roman — pode ser Arial –, mesma formatação, sem identificação de nome. Mestre usando cada um deles para um número suficiente de grupos e depois compute os resultados. Como tal resultado será? Não sei. Mas seria uma forma interessante de testar o mérito do conteúdo dos jogos em si, sem parcialidade proveniente de marca.
Isso tira o mérito das ilustrações, claro, mas essas são advindas do dinheiro. Uma editora com um jogo de nome vai conseguir garantir a venda de grandes tiragens, logo, consegue fazer tudo colorido; há grana suficiente para bancar ilutrações coloridas de desenhistas hypeados como o Wayne Reynolds (que nem por isso deixa de ser ótimo artista), coisa inacessível para editoras menores com marcas menos conhecidas.
É mais seguro investir naquilo que se conhece, mas leva à pura estase. É bacana encarar as coisas com uma mente aberta, evitando discriminar ao se deparar com aquela marca que você desconhece. Por trás das pouco atraentes páginas P&B e marca “chinfrin” pode se esconder material de ótima qualidade, para o qual falta apenas a maquiagem que a grana possibilita.

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24 Resultados

  1. Daniel Anand disse:

    Versão TLDR: mimimi, meus RPGs indies favoritos não tem a força e a grana do mainstream.

  2. Corvo da tempestade disse:

    E o que você me diz do Mouse Guard RPG. Um sistema desconhecido, uma editora não muito famosa (Archaia Studios Press) e que teve a 2ª colocação no protudo do ano no Ennies 2009 😉

    • Shido disse:

      Os quadrinhos são relativamente bem conhecidos, lembre-se. (E o bom é que, por causa dos quadrinhos, já haviam ótimas ilustrações prontas, o que só ajudou.)
      Foi uma coisa ótima, mas que chamou a atenção justamente por ser uma ocorrência rara.
      Melhor será se eu estiver totalmente errado na minha análise e os Mouse Guards da vida ganhem cada vez mais espaço.

      • cesar/kimble disse:

        "Os quadrinhos são relativamente bem conhecidos, lembre-se."
        São?! Tá certo que ganhar um Eisner ajuda, mas o próprio Eisner é semi-desconhecido fora do universo dos quadrinhos (e olha que ele criou o Spirit). Mouse Guard é nicho mesmo no universo de fãs de histórias em quadrinhos.
        De resto, eu concordo que marca ajuda a vender sistema. Mas tem que se tomar cuidado com possíveis impressões que isso significa que material de grandes editoras SÓ vende por causa da marca. Tem muito material bom lançado pelas grandes editoras.

  3. Leisses disse:

    Sinceramente, totalmente non-sense.
    A comparação com marca de roupa só comprova que a idéia é muito non-sense. Se tivesse comparado com um tipo de produto com alguma similaridade com RPG ficaria ainda mais evidente que o post é sem sentido.
    Pelo menos a comparação poderia ter sido feita com video-games ou qualquer outro produto de entretenimento, e não roupas. Vestir uma roupa de marca é, na maioria das vezes, demonstração de status, enquanto jogar um RPG ou um video-game é uma forma de diversão, entretenimento.
    É claro que a marca influencia a pessoa a conhecer o produto tanto no RPG quanto no uso de roupas, mas na hora de manter um cliente fiel no RPG ou com video-games a coisa muda de figura.
    E tirar o mérito de um sistema porque ele foi feito com mais dinheiro é o ápice da "esquizitisse" do post, pois se os caras possuem mais dinheiro é claro que vão investir essa grana em fazer algo melhor (e muitas vezes conseguem). Ou você acha que eles precisam investir o mesmo tanto em qualidade que você fazendo seu sistema de RPG em um DELL ou um caderno na sua casa para terem o "direito" de serem os melhores?

    • Shido disse:

      Não creio ser algo assim tão discrepante — se trata, afinal, da aquisição de bens em uma situação em que a marca faz diferença na hora da escolha.
      "Vestir uma roupa de marca é, na maioria das vezes, demonstração de status, enquanto jogar um RPG ou um video-game é uma forma de diversão, entretenimento."
      Eu compro (ou deixo de comprar) roupas da mesma forma que o faço com qualquer outro bem — pelo critério da satisfação que ele proporciona. No caso de peças de roupa, é o design da peça em si, independente da etiqueta (e, é claro, se o acabamento das costuras é bom, se o tecido é de boa qualidade). Mesmo os "escravos de marca" escolhem pelo design da peça — mas, em geral, dentro do universo *daquela marca*. Com jogos e afins, às vezes a coisa é idêntica — escolha confinada ao conjunto de produtos de uma dada marca/editora/softhouse.

    • Ismael disse:

      Não seja ingênuo. Os testes cegos e o neuromarketing mostram que a preferência por uma marca não é um quesito de apenas “qualidade”, mas até mesmo uma filosofia de vida. Como mostrado mais abaixo:
      “a escolha do produto preferido tem uma correlação maior com a percepção que o consumidor tem da marca do que das qualidades intrínsecas do produto. ”
      Algumas pessoas, com os olhos vendados, provam diferentes marcas de cerveja. Aquela preferida pela maioria é a mais saborosa, e portanto a melhor escolha. Certo?
      Por muito tempo, os profissionais de marketing do setor de bebidas têm
      utilizado o experimento acima. Conhecido como teste cego, ele comunica para o público consumidor o fato da sua marca ser melhor que a do concorrente. Em muitas situações, porém, o que este experimento mostra é que a estratégia de marketing da empresa que o adota está em profunda desvantagem perante a concorrência.
      Os primeiros comerciais utilizando o experimento do teste cego foram
      veiculados na década de 70 pela Pepsi para desbancar a forte presença da
      Coca-Cola no mercado americano. Eles espelhavam a descoberta que os
      pesquisadores da Pepsi tinham chegado após o desenvolvimento de vários
      testes cegos com uma amostra da população: a preferência de sabor da sua
      marca sobre a concorrente não refletia a liderança de mercado da Coca.
      Então qual o motivo da Coca continuar como campeã de vendas no setor de colas? Intrigado com esta situação, 30 anos mais tarde, o neurocientista
      Read Montague resolveu realizar uma série de experimentos para responder
      essa questão. Ele aplicou uma variação do teste cego com um grupo de
      pessoas, observando a atividade neural dos indivíduos através de uma máquina MRI, que analisa o fluxo de sangue nas diferentes regiões do cérebro. Enquanto as pessoas não sabiam qual bebida estavam tomando, aproximadamente metade delas disse preferir a Pepsi. Quando Montague contou quais amostras eram de cada fabricante, 75% dos indivíduos disseram preferir a Coca. Na mesma hora a atividade neural desses indivíduos mudou, sinalizando um maior trabalho da área do córtex frontal do cérebro. Sua conclusão foi que, neste caso, as pessoas recuperavam imagens e idéias das comunicações que foram desenvolvidas pela empresa e que a marca estava se sobrepondo à qualidade efetiva do produto. Ou seja: a escolha do produto preferido tem uma correlação maior com a percepção que o consumidor tem da marca do que das qualidades intrínsecas do produto.
      Muitas empresas concentram suas estratégias de negócios focando em seus
      produtos para ampliarem suas vendas. Como o experimento do teste cego
      mostrou, produtos melhores não necessariamente geram vendas maiores. Para esse fim, as empresas deveriam focar suas estratégias de marketing nos próprios clientes.
      http://www.ricardopomeranz.com.br/default.aspx?data=0/12/2005 O Blog do Marketing de Relacionamento

      • Ismael disse:

        Ah sim, não quero com isto dizer que é apenas a marca quem faz o produto. Mas tem muita gente que leva a ferro e fogo uma opinião, e o autor do artigo deixou bastante claro uma EXPERIÊNCIA possível caso fosse lançado o mesmo D&D, mas com outro nome, de como ele se sairia comparado a como se sai hoje. Gente, o mundo não é apenas preto e branco não. Ele não falou em momento algum algo fundamentalista do tipo “D&D só vende pelo nome”. Quem não teve essa percepção está claramente cegado pela marca, tal qual os experimentos mostram.

  4. Shin disse:

    Desculpe mas minha visão foi: "Mimimi, meu rpg não entrou no ennie"
    Apesar de concordar em alguns pontos da postagem, acredito que a guerra já acabou, e tentar fazer "flame" não é o melhor caminho,
    Eu jogo e amo A+ Fantasy que é um sistema free com pouco mais de 20 paginas.
    Eu amo jogar Gurps e amo jogar D&D
    O sentido é o mesmo, DIVERTIR-SE, o resto é resto.

  5. Olha Shido, eu até concordo com algumas coisas que você falou sobre a força da marca. Acho que no mês passado saiu uma matéria na Super falando do neuromarketing, estudo que está sendo usado como estratégia de venda. Ok. Acaba aí, porque como o Leisses falou, vai depender muito do segmento de consumo.
    E mais, no caso de RPG, qualidade não se limita à mecânica, mas também impressão, ilustração, logística de distribuição e atendimento ao cliente. Temos muitos fatores envolvidos pra julgar que só o nome define o consumo. No fim, a marca representa mais que o jogo em si.

  6. Cassaro disse:

    Já pensou em um teste cego entre sistemas similares, como aqueles que usam d20? Todos os sistemas com texto em Times New Roman — pode ser Arial –, mesma formatação, sem identificação de nome. (…) seria uma forma interessante de testar o mérito do conteúdo dos jogos em si, sem parcialidade proveniente de marca. Isso tira o mérito das ilustrações, claro, mas essas são advindas do dinheiro."
    Claro que vou discordar aqui, né?
    Não é certo sugerir que o conteúdo ou o mérito de um RPG se deva total e exclusivamente ao texto. Para livros desta natureza, um visual evocativo é tão importante quanto. Se um arquivo .doc sozinho fizesse um jogo atraente, todos estariam jogando com a SRD da 3a Edição e ninguém nunca compraria os livros básicos.
    Não tenho vergonha nenhuma de admitir que às vezes compro livros de RPG apenas por seu visual. A Green Ronin teve um acessório D20 chamado "Bastards & Bloodlines" — ilustrações internas ótimas, estilo Boris Vallejo; mas tinha as mecânicas mais desgraçadas de ruins que já vi. Mesmo assim, quando achei o livro no leilão de usados da RPGCON, tratei de pegar.
    E também não tenho vergonha de dizer que já torci o nariz para livros feios, independente das mecânicas maravilhosas que pudessem trazer. Porque visual é parte do produto. Se estou pagando por ele, quero que seja atraente.
    "Ilustrações são advindas do dinheiro"? Quer dizer que um ilustrador de talento não pode produzir para uma editora pequena, como tantos artistas que começaram na Dragão e hoje trabalham para o mercado americano? E um bom game design, não advém do dinheiro? Uma empresa pode pagar caro por uma ilustração, mas NÃO por um texto competente? Desculpe, Shido, mas isso não faz sentido algum.
    Sugerir que "apenas o texto importa" é desmerecer o trabalho de ilustradores, diagramadores e designers gráficos, que são tão importantes quanto os escritores para construir jogos e mundos de fantasia.
    E veja bem, quem está dizendo isso é um ESCRITOR de RPG. Não um ilustrador.

    • Shido disse:

      Cassaro, não quis dizer que a parte visual não agrega valor ao produto. Agrega sim, e eu mesmo, volta e meia, compro livros porque são bonitos (a versão impressa do Pahtfinder está nos meus planos de compra por isso, mesmo não sendo minha variante d20 de escolha). O que propus foi uma tentativa de avaliar o texto — que julgo como sendo o componente principal de um livro — em si, enquanto texto e somente texto. Só a qualidade dele não vai nos dar a qualidade do produto completo, claro.
      No quesito monetário, um produto de uma casa menor pode fazer muito bonito — tem o Blue Rose, o Área de Tormenta, o Amethyst e até o Fantasy Craft, os três com ilustrações que julgo bem executadas e que passam bem o clima do jogo. Mas, para alguns (nada científico aqui, algumas pessoas com que falei, não serve de amostragem confiável, mas me passou uma impressão) "boa arte" é sinônimo de "ilustração colorida" — o que, para ser efetivo em termos de custo, acredito, precisa de uma tiragem maior. Da minha parte, arte bonita é arte bonita, e P&B é tão bom quanto colorido — mas há quem pense que, necessariamente, "colorido é melhor", e ótimos produtos (pacote completo, texto + diagramação + arte) em P&B acabam sofrendo uma avaliação injusta.
      O "teste cego" foi também uma proposição na hora de avaliar o sistema em si — no caso de sistemas suficientemente semelhantes, como são os OGLs. Tem muita gente cantando louvores ao sistema do Pathfinder, alguns pela primeira vez se aventurando fora do quintal da Wizards. É compreensível — o livrão é definitivamente impressionante. Mas isso não traduz necessariamente como "o sistema é melhor".
      "Uma empresa pode pagar caro por uma ilustração, mas NÃO por um texto competente?" — de modo algum. Não sei quanto às editoras aqui no Brasil mas, uma vez, vi que a Green Ronin pagava algo em torno de 3 cents/palavra para trabalho freelance. Dependendo da tabela de preços do ilustrador, o preço de uma peça de arte pode ser o mesmo de um volume considerável de texto. Não sei os meandros do funcionamento — tu com certeza sabe –, mas tenho a impressão de que, entre texto e arte, esta tem mais chances de consumir uma parte maior do orçamento inicial de um livro.
      Arte é importante, mas se uma editora pequena peca nesse quesito por falta de capital para investir, eu tento relevar isso. O Elements of Magic da EN Publishing é um dos livros mais feios que já vi nessa vida; a capa, logo de saída, é *medonha*. Mas as regras são ótimas, e me foi um livro muito útil. Bem mais útil do que teria sido o Tome of Magic do D&D, colorido, bonito e todo o resto. (Mas se é possível ter o melhor dos dois mundos, eu prefiro.)

  7. Pablo Urpia disse:

    "Na época em que morei em São Paulo, tive acesso à Devassa, uma cerveja deliciosa, cuja marca e produção me parecem ser pequenas (só a vi no menu de um dos bares a que fui, e também no refrigerador do Pão de Açúcar da Consolação)".
    Conhecimentos mercadológicos à parte, a Devassa era uma pequena cervejaria do Rio e foi comprada pelo grupo Schincariol.
    Você, cervejeiro, é “brahmeiro” convicto? Se sim, pode dizer com 100% de veracidade que sua decisão foi baseada nos méritos da cerveja em si? Conseguiria distinguir a Brahma da Skol sem auxílio do rótulo?
    A resposta seria sim! kkk Mas a Bohemia é melhor…
    "E o Dungeons & Dragons, vende mais porque tem as melhores regras e cenários? Na época da edição 3.5, havia uma infinidade de jogos d20 com regras melhoradas (alguns com decisões de design incorporadas à 4a. edição)"
    Bom, o D&D 3.0 ou 3.5 ainda é a base dos jogos que você mencionou. Natural a procura pela "fonte" das regras.
    "Não se engane com o Pathfinder também, que se beneficia do nome Dungeons & Dragons, ainda que indiretamente. Eles, afinal, editavam a revista oficial do antigo RPG da Hasbro, logo, seriam os “herdeiros legítimos” do legado 3.5. OGL por OGL, o Pathfinder é apenas um dentre muitos. Quer um que faça mudanças? Tem o True20 e, menos genérico, o Fantasy Craft — lançado recentemente e, mesmo sendo um produto similar, não causou tanta hype quanto o Pathfinder. Quer um OGL que mantenha as coisas praticamente iguais? Arcana Evolved do Monte Cook, talvez? Por que, então, tanto destaque pro Pathfinder? Nome."
    Rapaz, pra mim é um conjunto de fatores que contribuem para que um jogo se torne "O Jogo". Texto bem escrito, regras testadas e atraentes, diagramação agradável e ilustrações interessantes.
    Por fim, dou um exemplo que senti na pele. A revista Beholder Cego mesmo, da qual eu contribuo diagramando e selecionando imagens. A revista antes já tinha um bom texto do Maury "Shi Dark" Abreu, porém faltava o enfeite, o detalhe, a imagem. A partir da edição #3 eu comecei a colocar minhas influências de gosto e estilo (D&D, Dragão Brasil, Dragon Slayer e por ai vai…) e o que aconteceu? A revista foi mais vista. A qualidade do texto não havia sido modificada, mas um texto, digamos, sem vida, também não tem uma boa receptividade.
    Doideira louca o texto velho, de Lacoste à Brahma, o D&D será sempre lembrado!

    • Armageddon disse:

      A resposta seria sim! kkk Mas a Bohemia é melhor…
      H: e a Original é melhor ainda =)
      Cervejaria pequena geralmente trabalha mais o sabor. E a Schin comprou várias delas um tempo atrás. Aqui próximo, em Blumenau, a melhor cerva é a Eisenbach, que agora também é Schin.
      Quanto ao post em si, creio que a turma não pegou a idéia geral do Shido: a de que se o D&D chegasse hoje no mercado, sem a força da marca por trás (ui) dos seus produtos, talvez seria muito mais difícil ser um papa-prêmios apenas pelo sistema em si. Obviamente, marcas fortes tem todo um aparato que as marcas menores não dispõe, e é preciso compensar a falta de grana às vezes com uma dose cavalar de talento, certo jogo de cintura ou criatividade que nem todas as editoras/criadores de jogos possuem.
      D&D, apesar de tudo o que a turma do 3.x vem dizendo, conseguiu se reinventar para uma nova geração de jogadores, e aparentemente está indo muito bem, o que prova que a grana da Hasbro está sendo investida em gente de talento. Estilistas e cervejeiros dos bons, por assim dizer. Por que quando falta talento, nem toda a grana do mundo resolve. Vide Seres do Inferno =)

  8. Talude disse:

    Tinha certeza que era arigo do Shido só de ver a Lacoste 🙂
    Existe muito material OGL lá fora e você pode criar um novo fazendo o seu misturando muitas das ideias existentes.

  9. Rom_Machado disse:

    Sem levar pro lado pessoal, querer provocar flames, etc: Achei desnecessário esse post.
    Que você não gosta do D&D 4E está ótimo, respeito a sua opinião. Que você viu os resultados Ennie e não gostou eu também respeito, afinal, sempre queremos a vitória do que torcemos e gostamos.
    O que eu acho errado é a posição que você assume nesse post de que não adimite (ou não entende o motivo) que os outros gostem do que você não gosta. O mundo é assim, não é pq eu não gosto do Flamengo que eu deixo de pesquisar sobre ele (eu estudo esporte) e fico tentando convencer aqueles que gostam de que é ruim.
    Quanto às marcas. A massa consome o que tem nome. Isso não vai mudar (pelo menos não tão cedo). Isso acontece com D&D, com a Lacoste, e com o Flamengo.
    Além de que, existe gente "não-alienada" que gosta de alguns "produtos de massa". Posso citar o caso do Anand com o D&D, então nunca é bom generalizar.
    Falo isso como leitor do .20. Gosto do blog (já vi posts muito bons aqui) e quero ajudar a melhorar.

  10. Wallace disse:

    Não achei desnecessário não, apesar de discordar de cerca de metade dele.
    Mas concordo no cerne, de que a marca realmente vai fazer a diferença no D&D, no Pathfinder, na Lacoste ou na D&G.
    O RPG mais jogado não é nem de longe o melhor ou mais bem feito, mesmo no que diz ao produto como um todo.
    Mas mesmo assim, méritos pra marca, que foi construída em décadas e sobreviveu a muitos ataques de evangélicos e etc. (e o Gygax e o Anerson nunca apareceram na mídia pra colocar culpa na crise).
    O True20 e o Mouseguard (esse estou lendo com carinho atualmente) são ambas boas obras, e o segundo está mostrando que um bom produto cava o seu espaço, independente da concorrencia. Vale o bom número de ilustraçoes fodonas? vale. Vale o texto bem feitinho e a regra simples? vale. Vale a visão rasteira e ortodoxa do que é RPG dos autores? Não vale, mas deixo passar. 🙂
    De uma forma ou de outra, acho que o Shido não quis nem por isso no início, ele quis dizer que muitas vezes o determinante para o sucesso de um lançamento vai ser a marca atrelada a ela, e que não é apenas por isso que esse produto terá uma qualidade superior.

  11. valberto disse:

    Não concordo com tudo o que foi escrito, mas acredito que o autor foi feliz em tocar num ótimo tema: a marca supera, muitas vezes, o conteúdo. Pode ver a quantidade de gente que curte <<Coloque aqui a mídia bala que esta fazendo sucesso hoje>> apenas porque é esta fazendo sucesso hoje.

  12. Ivan Prado disse:

    Existe uma vertente do Marketing que se chama Branding, que é a valorização do produto baseada na força de sua marca. Sem dúvida o D&D tem muito mais força de marca que qualquer outro sistema (apesar de eu dar mais valor a marca White-Wolf, mas cai no mesmo conceito). Isso não quer dizer que seu produto não tenha valor, mas que já vem com um "Valor Agregado " devido a sua história e conceito já implicito na mente do consumidor.
    Quando nos deparamos com sistemas novos, temos que arriscar perder nosso tempo/dinheiro conhecendo algo novo, que pode ser melhor ou pior. Quando vamos nas grandes marcas, temos mais confiança que será algo bom e também a certeza que teremos suplementos e cenários e etc.
    Quando a Paizo divulgol essa recente nota sobre "jogue D&D4 ou Pathfinder, tanto faz" ela simplesmente está tentando dar força a sua própria marca, igualando-se ao D&D e se colocando como a alternativa "a altura". Tudo isso com um simples "viral rpgistico". Mais ou menos como se a Hering dissesse: "Se não gostar de Lacoste, use Hering" e assim vendesse suas camisetas a um preço compatível ao da Lacoste. Valorização da marca, pura e simplesmente.
    Ou seja, concordo com vc! D&D é marca, e se o sistema é bom ou não, isso está em segundo plano (mas não deixa de ser importante, apenas não é o mais importante).
    Abraços!

  13. Kueid disse:

    eh.. q marca influencia muita gente na hora da escolha dissu naum há duvida… mas a mim influencia somente na distribuição… acesso.. essas coisas… gosto muito de gurps.. gostaria muito de jogar.. mas infelizmente naum rola devido ao trabalho porco da devir em cima dele… dae.. fico entre Mutantes e Malfeitores e D&D4… mas esperando por TormentaRPG q provavelmente é o que irei jogar….

  14. Tsu disse:

    Lacoste é marca de véio…
    eu lembro que meu pai adorava

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